Nome em outros idiomas
- Alemão: acajou, kajubaum
- Francês: acajou à pomme, anacardier
- Inglês: cashew-nut tree
- Espanhol: caoba
- Italiano: cagiù
Origem, distribuição
América do Sul.
Descrição
Árvore de porte baixo para elevado (10 a 15 m de altura), tronco tortuoso e copa rastejante. Folhas alternas, pecioladas, simples, glabras. Flores pequenas, pálidas, hermafroditas.
O cajueiro fornece dois produtos de valor industrial: a castanha (o fruto verdadeiro) e o pedúnculo intumescido.
Ao que conhecemos como fruto não é fruto e sim seu pseudofruto ou pedúnculo (ou fruto acessório), suculento, carnoso, perfumado e muito saboroso, com a cor variando entre o amarelo e o vermelho, contendo a castanha-de-caju, o verdadeiro fruto comestível e muito apreciado depois de torrado.
A casca da castanha é alveolada e possui óleo cáustico e viscoso. O cajueiro é utilizado como alimento in natura ou na preparação de doces caseiros, sucos e sorvetes.
Uso popular e medicinal
O suco do pseudofruto, puro e adoçado (a cajuada), é um tônico refrigerante saudável. Clarificado e cozido produz a popular cajuína, bebida de cor âmbar, destanificada, refrescante e de excelente sabor. O suco é diurético e excitante. Do sumo ainda se obtém vinho, vinagre, aguardente e licor.
Apenas uma pequena parte da sua grande safra, infelizmente, é utilizada pela indústria pelo processamento do caju. A goma purificada é usada pela indústria farmacêutica como agregante em comprimidos no lugar da goma-arábica produzida na África.
A castanha contém uma oleorresina cáustica conhecida como LCC (líquido da castanha-de-caju), cuja composição é principalmente de ácido anacárdico, cardol (11,31%) e seus derivados. Dentro da castanha encontra-se a amêndoa oleaginosa, comestível, conhecida e comercializada como castanha-de-caju.
O LCC causa forte irritação na pele, deixando cicatrizes quase indeléveis que jovens usam para fazer um tipo primitivo de tatuagem. É espesso, de cor escura, indicado para verrugas, calos, edemas, manchas na pele e tecidos de neoformação.
O uso em estado fresco da castanha pode provocar lesões na pele, pois é terrivelmente cáustico. Quando as sementes são torradas perdem esta propriedade, tornando-se comestíveis, sendo um alimento saboroso, excitante e usado nos regimes de emagrecimento. São valorizadas pela sabedoria popular como fortificante da memória.
Na medicina caseira são usadas preparações de uso oral feitas com a entrecasca, a goma e o LCC .
A casca do cajueiro ativa o metabolismo dos açúcares, principalmente das pessoas que têm o açúcar aumentado no sangue e na urina. Nas regiões de mata brasileira as cascas são usadas para hemorroidas. Fazem o chá com a casca, adicionando broto de goiaba, raspa de amor-crescido e cajá.
Para uso externo fazem o cozimento da entrecasca e usam em bochechos e gargarejos como antisséptico e anti-inflamatório nos casos de feridas, úlcera da boca, afecções da garganta e lavagem de feridas malignas.
O broto de caju é utilizado para combater dores no estômago e problemas digestivos e deve ser fervido com broto de goiaba, embora sua eficácia e segurança ainda não tenham sido comprovadas cientificamente.
O sumo das folhas novas é utilizado para combater aftas. Sua raiz é purgativa.
Os índios ticunas da Amazônia usam o suco do pseudofruto como preventivo contra gripes.
Princípios ativos
Folha e casca do caule: esteroides, flavonides, catequinas, fenóis, taninos, gomas, resinas, material corante, saponinas. Pseudofruto: taninos, vitamina C (210 mg para 100 g de fruto), açúcares, carotenoides, ácidos orgânicos, proteínas, fibras, água.
Casca do fruto: ácido anacárdico, anacardol, cardol, taninos, flavonoides, ácido gálico, ácido siríngico, galocatequina.
Tegumento (a película que envolve a amêndoa): beta-sitosterol, epicatequina (substância com forte ação anti-inflamatória).
Amêndoa (semente): óleo fixo de alta qualidade (45%), proteínas, minerais, esteroides, triterpenoides, tocoferóis
Dosagem indicada
Diabetes
Coloque 1 colher (chá) do pó da casca do caule do caju vermelho em 1 xícara (chá) de água em fervura. Desligue o fogo, espere esfriar e coe em uma peneira. Tome 1 xícara (chá) 2 vezes ao dia.
Feridas, infecção da garganta
Coloque 1 colher (sopa) do pó da casca do caule em 1 copo de água em fervura. Desligue o fogo, deixe em repouso por 24 horas e coe em uma peneira. Use para fazer bochechos, gargarejos ou para lavar feridas infeccionadas.
Diarreia, disenteria
Coloque 3 colheres (sopa) de folhas novas e frescas, cortadas em pedaços bem pequenos em 1/2 litro de água em fervura. Deixe ferver por 10 minutos e coe. Tome 1 copo toda vez que evacuar. No caso de crianças deve ser dada metade da dose.
Baixar o colesterol e triglicerídeos do sangue
Consumir em pequenas doses (5 a 6 amêndoas) diárias.
Suplemento nutritivo (regime de emagrecimento)
A semente torrada pode ser consumida 1 hora antes das principais refeições em pequenas quantidades.
Alimento nutritivo
Ingerir o pseudofruto ao natural, como sobremesa ou entre as refeições e em sucos.
Frieira, cansaço dos pés
Coloque 1 colher (chá) de casca do caule em 1 litro de água em fervura. Deixe ferver por 15 minutos e coe em uma peneira. Despeje em uma bacia e acrescente mais 2 litros de água quente. Mergulhe o local afetado (pés ou mãos), por 10 a 15 minutos. Repetir a aplicação até a melhora.
Diabetes, eczema, reumatismo, avitaminose C
Comer os pseudofrutos ao natural, ou sob forma de suco, 1 copo de 3 a 5 vezes ao dia.
Feridas e úlceras
Chá por decocção das folhas, banhar os locais afetados 3 vezes ao dia.
Verrugas, calosidades
Uso externo sob a forma de óleo, aplicado diariamente.
Culinária
Refresco de Caju
Ingredientes
- 10 cajus
- 1 litro de água gelada
- açúcar a gosto
Retirar as castanhas, furar bastante com um garfo e espremê-los. Colocar numa vasilha o caldo, a água gelada e o açúcar. Mexer bem.
Vinho de caju Ingredientes
Preparo: colocar 4 litros de caldo de caju tirado da fruta e colocar em maceração durante 9 dias em vasilha louçada. Passado os 9 dias, misturar o litro de aguardente e o açúcar. Após 3 dias, coar, colocar em garrafão e guardar durante 4 meses. Servir gelado após 4 meses. |
Ingredientes do crocante
Ingredientes do creme
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Pavê crocante
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Crocante: misture numa panela pequena o açúcar e a manteiga e leve ao fogo baixo mexendo lentamente até que o açúcar caramelize. Junte a castanha-de-caju picada, mexa mais um pouco e retire do fogo. Despeje a mistura em mármore untado com manteiga e deixe esfriar. Quebre o crocante depois de frio com um martelo de cozinha e junte-o ao biscoito triturado.
Creme: bata as gemas juntamente com o açúcar até formar um creme esbranquiçado. Peneire sobre o creme 10 colheres (sopa) de chocolate em pó, junte o licor de cacau e misture bem. Bata o creme de leite fresco em ponto de chantilly e misture-o ao creme de chocolate. Por último, bata as claras em neve e incorpore-as delicadamente ao creme. Forre o fundo de uma forma refratária retangular média com a metade da mistura de crocante e biscoito. Despeje a metade do creme de chocolate, faça outra camada com o restante da mistura de crocante e biscoito e termine com nova camada de creme de chocolate. Leve à geladeira por 4 horas, ou até que o creme fique bem firme. No momento de servir, polvilhe com chocolate em pó.
Molho de castanha-de-caju ao curry
Ingredientes
- 1 colher (sopa) de azeite de oliva
- 1 cebola pequena picada
- 1 dente de alho picado
- 2 colheres (chá) de curry em pó
- 150 g de queijo cremoso de baixo teor de gordura
- 45 g de castanha-de-caju torradas
- sal e pimenta moída na hora
Preparo: em uma panela, aqueça o azeite em fogo moderado, acrescente a cebola e o alho, tampe e cozinhe por 5 minutos. Adicione o curry em pó, mexa e cozinhe por mais 2 a 3 minutos. Retire do fogo. Bata o queijo, a mistura de cebola e as castanhas-de-caju no multiprocessador ou no liquidificador. Passe para uma tigela de servir.
Salada de alface, abacate, castanha-de-caju torradas
Ingredientes
- 1 pé de alface
- 1 dente de alho descascado e cortado ao meio
- 1 colher (sopa) de vinagre de vinho tinto
- 3 colheres (sopa) de azeite de oliva
- sal e pimenta moída na hora
- 1 abacate maduro
- 2 colheres (sopa) de suco de limão
- 2 colheres(sopa) de cebolinha fresca picada na hora
- 124 g de castanha-de-caju torradas
Preparo: Lave e seque as folhas. Esfregue as metades de alho na saladeira e descarte-as. Se quiser um sabor acentuado, amasse-o e coloque na saladeira. Ponha o azeite e uma boa porção de sal e pimenta-do-reino na saladeira. Misture levemente com um garfo. Corte o abacate ao meio, remova a casca e o caroço e corte a polpa em pedaços. Coloque em uma tigela, regue com o suco de limão e tempere com um pouco de sal e pimenta-do-reino. Rasgue as folhas de alface e espalhe-as por cima do molho na saladeira. Acrescente a cebolinha, o abacate e as castanhas. Mexa a salada para as folhas absorverem o molho e sirva imediatamente.
O cajueiro foi usado pelos índios do nordeste do Brasil desde a época pré-colombiana. Na safra ocupavam as praias para beber o mocororó - o suco da fruta fermentado. Faziam e armazenavam a farinha de caju preparada com as amêndoas assadas ao fogo e moídas junto com a polpa da fruta depois de espremida e dessecada ao sol. |
Outros usos
O LCC é utilizado na indústria de polímeros para fabricação de móveis e lonas de freios para veículos automotivos. Presta-se ao fabrico de vernizes e impermebilização de madeiras e também para preservar redes e linhas de pesca.
As cascas da castanha, apesar de conterem flavonoides, ácidos (gálico, siríngico) e galocatequina, são usadas como combustível nas fábricas de processamento depois da extração do LCC.
A água de cozimento das cascas é utilizada pelos jangadeiros nordestinos para tingir suas roupas de trabalho no mar.
Referências
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- BALMÉ, F. Plantas Medicinais. Editora Hemus, São Paulo. 2004.
- CARIBÉ, J.; CAMPOS, J. E. Plantas que Ajudam o Homem - Guia Prático para a época atual. Pensamento-Cultrix, São Paulo. 1991.
- CORRÊA, M. P. Dicionário de Plantas Úteis do Brasil. Ministério da Agricultura, Rio de Janeiro. 1991.
- STASI, L. C.; HIRUMA-LIMA, C. A. Plantas Medicinais na Amazônia e na Mata Atlântica. Editora UNESP, São Paulo, 2a ed. 1989.
- LORENZI, H.; MATOS, F. J. A. Plantas Medicinais no Brasil - Nativas e Exóticas. Instituto Plantarum, Nova Odessa, 2.ed. 2008.
- MARTINS, J. E. C. Plantas medicinais de uso na Amazônia. CEJUP, Belém, 2a ed. 1989.
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- SILVA, S.; TASSARA, H. Frutas Brasil. Empresa das Artes, São Paulo. 2005.
- The Plant List: Anacardium occidentale - Acesso em 23 de agosto de 2015
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