Origem, distribuição
Árvore nativa do Cerrado brasileiro, mas é considerada tipicamente goiana (GO).
Descrição [3,6,7]
Árvore geralmente com 10 m de altura, tronco de casca áspera e rugosa. Folhas pilosas, compostas, formadas por três folíolos, com as bordas recortadas. Flores vistosas, grandes, de coloração amarela.
Fruto de tipo drupa, arredondado, casca de coloração verde. Polpa de coloração amarela intensa, carnosa, com alto teor de óleo, envolve uma semente dura formada por grande quantidade de pequenos espinhos. Frutifica de novembro a fevereiro. Propaga-se por semente.
A árvore é denominada pequizeiro e o fruto pequi (do tupi py "casca "; qui "espinho"): casca com espinho, casca espinhenta.
No Estado de Goiás o fruto compõe receitas tradicionais como o arroz com pequi, galinhada, doces, licores e sorvetes.
Do fruto é extraído o azeite de pequi. O fruto é consumido cozido, puro ou com arroz e frango. Como o caroço é dotado de espinhos, deve-se ter cuidado ao roer o fruto, evitando cravar nele os dentes, o que pode causar sérios ferimentos nas gengivas.
Uso popular e medicinal
Popularmente o uso fitoterápico do óleo, flores e folhas é indicado em diversos tratamentos.
O óleo é indicado como expectorante ao ser misturado com banha de capivara e aplicado no peito. Este óleo serve também para tratar asma, bronquite, resfriados e coqueluche. Para os mesmos fins, é comum usar o óleo do pequi, que é preparado fervendo-se os caroços do fruto em água durante certo tempo, deixando-os secar e colocando-os em um pote de vidro com óleo vegetal previamente esquentado. Costuma-se deixar os caroços de molho em aguardente durante alguns dias e depois usar como tônico e afrodisíaco. Às folhas do pequi é atribuída a propriedade de regular o fluxo menstrual [5].
O óleo da polpa do fruto é rico em ácidos graxos monoinsaturados que estão associados com a modulação dos níveis de lipídios no sangue, como colesterol e triglicérides. Sabendo que este óleo reduziu a pressão arterial em atletas voluntários, um estudo investigou os efeitos do óleo de pequi em parâmetros bioquímicos no sangue de ratos que receberam dieta-padrão e dieta de cafeteria (hipercalórica). Os autores concluiram que o óleo de pequi pode modular a proporção de triglicérides, colesterol e glicose. Eles sugerem que novas investigações são necessárias para determinar a segurança e eficácia do uso de pequi em condições de doenças cardiovasculares e diabetes [1].
A ação anti-inflamatória do óleo essencial de pequi também foi objeto de estudo. Na Sìndrome do Desconforto Respiratório Agudo, designada como insuficiência respiratória decorrente da resposta inflamatória, admite-se que ocorra lesão do epitélio alveolar e do endotélio capilar. Os autores sugerem que C. brasiliense reduz a resposta inflamatória pulmonar advinda da ação sistêmica por isquemia e reperfusão intestinal [2].
O óleo tem interesse na área de cosmética devido a presença de vitamina A e ácidos graxos dentre os quais palmítico, oleico, mirístico, palmitoleico, esteárico, linoleico e linolênico. Essas substâncias são fundamentais para manutenção da hidratação cutânea, da barreira cutânea e do manto hidrolipídico. Carotenóides também foram idenfificados no pequi, são metabólitos que protegem a pele impedindo a lipoperoxidação, evitando a formação de radicais livres e o envelhecimento cutâneo. Também foram demonstradas as atividades leishmanicida e antimicrobiana do extrato das folhas de pequi [4].
Valor nutricional por 100 g da polpa de pequi [3]
Água 50,61 %; proteinas 4,97 %; gordura 21,76 %; fibra 12,61 %; carboidratos 8,95 %; calorias 251,47 Kcal; sódio 9,17 mg; vitamina C 103,15 mg.
Referências
- XXXII Simpósio de Plantas Medicinais do Brasil (Universidade Federal de Goiás, 2014): Antihyperlipidemic and antihyperglycemic effects of Caryocar brasiliense fruit pulp oil
- XXXII Simpósio de Plantas Medicinais do Brasil (Universidade Federal de Goiás, 2014): Efeito anti-inflamatório do óleo essencial de Caryocar brasiliense na Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo em Rattus norvegicus
- ISPN - Instituto Sociedade, População e Natureza (2010): Aproveitamento integral do fruto do pequi - Acesso em 6 de setembro de 2015
- Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas (2008): Uso do óleo de pequi em emulsões cosméticas - Acesso em 6 de setembro de 2015
- MARONI, B.C.; STASI, L. C.; MACHADO, S. R. Plantas medicinais do Cerrado de Botucatu. Fundação Editora da UNESP, São Paulo (SP). 2006.
- SILVA, S.; TASSARA, H. Frutas Brasil. Empresa das Artes, São Paulo (SP), 2005.
- Instituto Brasileiro de Florestas (IBF): Pequi - Acesso em 6 de setembro de 2015
- Imagem: IBF, ISPN
- The Plant List: Caryocar brasiliense - Acesso em 6 de setembro de 2015
GOOGLE IMAGES de Caryocar brasiliense - Acesso em 6 de setembro de 2015