Dente-de-leão

Nome científico: 
Taraxacum campylodes G.E.Haglund
Família: 
Compositae
Sinonímia científica: 
Taraxacum officinale (L.) Weber ex F.H.Wigg.
Partes usadas: 
Rizoma, folhas, inflorescência, sementes, raiz.
Constituintes (princípios ativos, nutrientes, etc.): 
Látex, óleorresina, taraxina (na raiz), tanino, minerais, carotenoides, fitosterol, colina; ácidos cafeico, cítrico, dioxinâmico, tartárico; ácidos graxos, alcaloides, amerina.
Propriedade terapêutica: 
Alcalinizante, anódina, antidiarreica, antiescorbútica, antiflogística, anti-hemorrágica, anti-hemorroidal, anti-hipertensiva, anti-inflamatória, antilítica biliar, antioxidante.
Indicação terapêutica: 
Ácido úrico, acidose, acne, afecções biliares, hepáticas, ósseas, renais, vesicais; aliviar escamação, irritação, vermelhidão da pele, anemia, arteriosclerose, astenia.

Planta da Farmacopeia Brasileira
Dente-de-leão tem uso científico comprovado como antidispéptico, aperiente e diurético.

 Esta espécie é considerada Planta Alimentícia Não Convencional

Nome em outros idiomas

  • Inglês: dandelion
  • Francês: dent de lion 
  • Espanhol: diente de leon
  • Italiano: tarassco comune, dente di leone

Origem, distribuição
Planta originária das regiões temperadas dos dois hemisférios. Sua utilização é relatada nos achados arqueológicos da era do imperador Amarelo na China de 2704 - 2100 a.C, pelos escritos preservados em cascos de tartaruga, juntamente com descrições sobre a acupuntura e outras bases que fazem parte até hoje da Medicina Tradicional Chinesa.

Descrição
Erva vivaz de até 50 cm de altura. Raiz pivotada, folhas radicais dispostas em roseta, lanceoladas. Algumas são inteiras, outras onduladas, a maioria apresenta recorte mais ou menos profundos e irregulares, formando lobos desiguais, triangulares, terminados por uma ponta aguda.

O limbo das folhas é sustentado por um pecíolo curto, abarcante, frequentemente avermelhado. Do ápice do caule subterrâneo partem hastes florais eretas, curvas, mais compridas que as folhas, fistulosas, terminadas por inflorescência amarela.

Cada capítulo floral compõe-se unicamente de flores liguladas, de maneira que parecem dobradas, como acontece com os cravos. Os frutos são aquênios. Terminam em apêndices compridos e coroados de topetes de cerdas finíssimas, estendidas por todos os lados, dando ao conjunto um aspecto de paraquedas. Os frutos se deslocam com leve toque da brisa ou assopro, voando para longe. Folhas, hastes e flores, sofrendo a mínima lesão, emitem um látex.

Uso popular e medicinal [2]

A infusão ou decocção das raízes secas, folhas ou a planta toda são amplamente utilizadas como um tônico geral, anti-inflamatório, depurativo, colagogo, diurético, laxante suave e para distúrbios renais e hepáticos. 

As infusões são também recomendadas para o tratamento de problemas de pele tais como acne, eczema, além de queixas artríticas e reumáticas.

Externamente o látex é aplicado a furúnculos e outras infecções de pele ou como uma cataplasma em feridas inflamadas.

Na Indochina é usada como diurética e colagoga. Na Índia, as raízes são aplicadas como um tônico, diurético, laxante suave e principalmente em distúrbios renais e hepáticos. Na China as folhas são prescritas internamente como um depurativo amargo no tratamento de tumores da mama e do pulmão, mastite, abcessos, icterícia e infecções do trato urinário. E externamente para tratar picadas de cobra.

Na Europa e na América do Norte as folhas e raízes, frescas ou secas, servem como um laxante suave e como diurético para o tratamento de pressão arterial elevada, reduzindo o volume de fluido no corpo. As raízes aceleram a eliminação de toxinas, trabalhando principalmente no fígado e vesícula biliar, ajudando a remover os resíduos e simultaneamente estimulando os rins a remover as toxinas na urina. 

As folhas ou raízes também podem ajudar a prevenir ou mesmo dissolver cálculos biliares. Uma decocção das raízes é utilizada como antidiabético. As folhas também são consumidas como um vegetal. Quando cultivadas sem luz (artificial ou quando coberto com terra) as folhas pálidas são mais frágeis e têm melhor sabor. Quando jovens e fechadas as cabeças da flor podem ser usadas como alcaparras.

No Norte de África as folhas são usadas como tempero. As folhas amargas também são aplicadas em vinhos, cervejas e bebidas não-alcoólicas. As raízes do solo são usados ​​como um substituto para o café. 

Na primavera as flores contêm muito néctar e são localmente importante para a produção de mel.

Na Farmacopeia Brasileira dente-de-leão é registrada como antidispéptico, aperiente e diurético [1].

Princípios ativos e composição química
Além dos já citados são encontrados aminoácidos, apigenina, carboidratos, carotenoides, cobalto, cobre, colina, compostos nitrogenados, estigmasterol, ferro, flavonoides, fósforo, frutose, glicosídeo (taraxacosídeo), inulina, lactucopicrina, látex, levulina, luteolina, magnésio, matéria graxa, mucilagem, níquel, óleo essencial, pectina, potássio, pro-vitamina A, resina, sais de cálcio, saponinas, silicatos, sitosterol, soda, sódio, estigmasterol, taninos, taraxina, taraxacosideos, taraxasterol, taraxerol, vitaminas (A, B1, C, PP, D), xantofilas.

Valor nutricional por 100 gramas 

  • Calorias: 45,00
  • Água: 85,50 % 
  • Hidratos de carbono: 7,00% 
  • Proteínas: 2,70% 
  • Sais: 2,10% 
  • Vitamina A: 1.250 UI. 
  • Vitamina C: 30 mg

Outras propriedades terapêuticas 
São citadas também as seguintes propriedades: antirreumática, antiúrica, antivirótica, aperiente, bactericida, carminativa, colagoga, colerética, depurativa, desobstruente das vísceras abdominais, diurética, digestiva, estimulante, expectorante, febrífuga, fortificante dos nervos, galactagoga, hepática, hipocolesterolêmica, hipoglicêmica, laxante suave, nutritiva, sudorífera, tônica.

Outras indicações terapêuticas
Baixa produção de leite por lactantes, cálculos biliares, cárie dentária, celulite, cirrose, cistite, colecistite (inflamação da vesícula biliar), constipações, depurativo para todo o organismo, dermatoses, desordens hepatobiliares, desordens reumáticas, diabetes, diluir gorduras do organismo, distúrbios menstruais; dermatoses, doenças ósseas, eczemas, edemas; escarros hemópticos, espasmos das vias biliares, esplenite (inflamação do baço); excesso de colesterol, falta de apetite, fígado, fraqueza; gota, hemorroidas, hepatite; hidropisia; hiperacidez do organismo, hipoacidez gástrica, icterícia, impurezas no sangue, insuficiência hepática; litíase biliar, nevralgia, nefrite, obesidade, obstipação, oligúria, palidez; paludismo, piorreia (derramamento de pus), prevenção de derrames, prisão de ventre, problema hepáticos, problemas digestivos, radicais livres, renovar e fortalecer o sangue, reumatismo; rugas, sardas, tonificar o sistema sexual, varizes, verrugas, vesícula.

Utilizada também na prevenção da gota, artritismo, cálculos renais, cárie dentária, doenças das gengivas e reumatismo.

Medicina Tradicional Chinesa

  • Pynyin: Pu Gong Ying
  • Ação: penetra no canal do estômago, remove o calor e desintoxica o fogo nocivo.

 Dosagem indicada

Antidispéptico, aperiente e diurético. Componentes: a planta inteira seca (3 a 4 g); água q.s.p. (150 mL). Preparar por infusão considerando a proporção indicada. Uso interno: acima de 12 anos, tomar 150 mL do infuso, logo após o preparo, 3 vezes ao dia. Advertência: contraindicado para pessoas com gastrite, úlcera gastroduodenal, cálculos biliares, obstrução dos ductos biliares e do trato intestinal. O uso pode provocar hipotensão arterial [1].

Para estimular a digestão. Servir raízes e folhas novas em forma de salada.

Depurativa/anemia. O suco leitoso, que se espreme das folhas e das raízes, é empregado nas curas depurativas. Anemias, enfermidades do fígado e bexiga: tomar de 2 a 3 colheres (café) diárias, durante 3-4 semanas de acordo com o grau de comprometimento do órgão. Suco: bater no liquidificador 4 folhas, 1 copo d´água e gotas de limão.

Tônico/normalizador da alcalinidade. Prepara-se o suco, obtido tanto das folhas como das raízes e combinado com suco de cenoura e de folhas de nabo, ajudando ainda a combater doenças da coluna vertebral e ossos, tornando os dentes firmes e fortes, ajudando a prevenir a piorréia e a cárie dentária.

Desintoxicar o fígado/depurativo. Deixar macerando durante toda a noite 1 colher (chá) das raízes em 1 xícara (chá) de água. No dia seguinte, ferver rapidamente, coar. Tomar metade ½ h antes do café da manhã e outra metade após o café da manhã.

Tônico e depurativo. Infusão 10 g de folhas por litro de água, 3 xícaras (chá) por dia, sendo preparadas apenas imediatamente para consumo.

Vitiligo. Sumo das folhas, uso externo.

Desintoxicante hepático e depurativo. Deixar macerar por 1 dia 1 colher (chá) de raízes secas em 1 xícara (chá) de água. Tomar ½ xícara antes das refeições. Decocto: 2 a 3 colheres (chá) das raízes secas em 250 mL de água. Ferver 10 a 15 minutos. Tomar 3 vezes ao dia.

Aperiente. 1 colher (chá) de raízes secas em ½ copo de vinho tinto seco. Deixar macerar  por 10 dias. Tomar 1 cálice antes das refeições. Raiz pulverizada: 1 g por dose, 4 g por dia. Extrato fluido: 30 gotas, 3 a 4 vezes ao dia.

Diurética. 2 colheres (sopa) de raízes e folhas picadas, em 1 litro de água. Ferver por 3 minutos, tampar até esfriar. Coar, tomar durante o dia, dividido em várias doses

Tintura-mãe. 50 gotas, 3 vezes ao dia. Obs: tintura-mãe significa que a concentração do extrato da planta é de 300 g de erva fresca para 250 ml de álcool de cereal e 50 ml de água desmineralizada, segundo a metodologia aplicada na MTC (Medicina Tradicional Chinesa).

Tintura (1:5). 5 a 10 ml em 25% etanol, 3 vezes ao dia. Obs: tintura com diluição 1:5 significa que em uma solução existem apenas 20% de tintura-mãe. Essa diluição é o que geralmente se encontra em farmácia de manipulação e fitoterápicos.

 Culinária
As folhas tenras e as raízes muito suculentas dão uma salada excelente, de sabor amargo, que exerce sobre todo o organismo uma ação profundamente depurativa, melhorando e regenerando o sangue. Especialmente indicada nas anemias, é recomendada às pessoas de "sangue pobre".

As folhas, preparadas como se prepara o espinafre (ter o cuidado de cortar antes as pontas duras) constituem uma boa verdura, reputada por sua ação emoliente.

Flores: fritas ou em saladas, maioneses e geléias.

Sementes: torradas e moídas, podem ser usadas como "café de chicória".

Rizomas: comidas cruas ou cozidas, cortadas em fatias.

 Contraindicação
É contraindicado em casos de pessoas com sensibilidade gastrointestinal, acidez estomacal, com obstrução no duto biliar. No caso de cálculos renais, usar a planta apenas sob a supervisão de um médico.

O látex da planta fresca pode produzir dermatite de contato. 

Em uso interno pode causar moléstias gástricas como hiperacidez. Para evitar, associar o malvarisco ou outra planta mucilaginosa.

O uso de diuréticos em presença de hipertensão ou cardiopatia, só sob prescrição médica, dada a possibilidade de ocorrer descompensação tensional ou eliminação de potássio excessiva com potencialização dos efeitos dos cardiotônicos (no caso do dente-de-leão o risco é menor por ser rico em potássio).

 Colaboração

  • Bruna Wandekoken, Terapêuta MTC, Pesquisadora Medicina Complementar, Vitória (ES). Fevereiro, 2005.
  • Débora Gikovate, Bióloga, São Paulo (SP)

 Referências

  1. Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), 1ª ed. 2011. 
  2. Plant Resources of Tropical Africa (PROTA4U): Taraxacum officinale - Acesso em 14 de outubro de 2018
  3. KINUPP, V. F; LORENZI, H. Plantas alimentícias não convencionais (PANC) no Brasil. Instituto Plantarum de Estudos da Flora, Nova Odessa (SP), 2014.
  4. Imagem: Instituto Brasileiro de Plantas Medicinais
  5. The Plant List: Taraxacum campylodes - Acesso em 14 de outubro de 2018

GOOGLE IMAGES de Taraxacum campylodes - Acesso em 14 de outubro de 2018