Origem, distribuição
Espécie nativa da América do Sul. Dispersa-se pelo Estado do Rio Grande do Sul (Brasil), Uruguai e Argentina.
Descrição
Pequena árvore ou arbusto de até 6 m de altura, com espinhos. Folhas opostas a alternas, inteiras ou com poucos dentes, lustrosas. Inflorescências em fascículos axilares. Flores pequenas, verdes.
Propaga-se por sementes. Mudas são feitas nos viveiros para depois ir a campo. Plantar de preferência no outono-inverno. As mudas devem ser tutoradas. O florescimento ocorre de outubro a janeiro dependendo da região do estado.
Uso popular e medicinal
A tintura das cascas é usada como tônico cardíaco. As cascas e as folhas são usadas como diuréticas e hipotensoras.
Na tradição popular, coronilha é planta que ajuda no emagrecimento. No Rio Grande do Sul os gaúchos tem o costume de colocá-la no chimarrão, bebida típica do Estado. É uma das mais vendidas por ambulantes para a preparação de chás emagrecedores. Sabe-se que a coronilha tem propriedades diuréticas. Outra indicação popular em relação ao uso do chá da planta é sua ação benéfica no coração. A coronilha apresenta propriedade anti-hipertensiva cientificamente comprovada.
Um estudo analisou a toxicidade da planta e concluiu que a mesma não é tóxica e pode ser utilizada como matéria-prima por empresas farmacêuticas para a fabricação de medicamentos diuréticos e que combatam a hipertensão [8].
Um trabalho investigou as atividades antimicrobiana e antiviral da casca do caule e folhas de coronilha. Os melhores resultados antimicrobianos ocorreram com o acetato de etila e frações n-butanólica das folhas contra Micrococcus sp. (agentes da população microbiana normal da pele, mucosa e orofaringe), frações n-butanólica da casca do caule e folhas contra Klebsiella pneumoniae (bactéria encontrada em ambiente hospitalar) e Enterococcus faecalis (bactéria do sistema digestivo humano e de mamíferos, pode causar infecção urinária e meningite).
As frações mais ativas foram selecionadas e fracionadas em coluna de sílica para realizar o ensaio antibiofilme in vitro, evidenciando que subfracções do acetato de etila são as mais ativas contra Cândida albicans (fungo responsável pela candidíase, infecção que se desenvolve principalmente nos órgãos genitais e na boca) e Staphylococcus aureus (causadora de infecções de pele como impetigo, foliculite, terçol, furúnculo etc.) respectivamente.
Frações da casca do caule e fração das folhas exibiram potencial atividade antiviral contra vírus de herpes simples tipo 1 (HSV-1). Ácidos fenólicos e flavonoides (ácido gálico, ácido clorogênico, ácido cafeico, rutina, isoquercitrina, quercitrina e quercetina) foram identificados e podem ser parcialmente responsáveis pelas atividades antimicrobianas e anti-herpes observados. Os resultados obtidos neste estudo mostraram que coronilha tem atividade antibiofilme e anti-herpética e que essas propriedades são relatadas pela primeira vez para a espécie [9].
Outros usos
A madeira dura e pesada é muito apreciada pelo alto poder calórico.
Colaboração
- Rosa Lúcia Dutra Ramos, Bióloga, FEPAGRO, Porto Alegre (RS). Agosto, 2005
Referências
- CASTRO, L. O.; CHEMALE, V. M. 1995. Plantas medicinais condimentares e aromáticas: descrição e cultivo. Guaíba: Agropecuária.196p.
- CORREA, C. J. et al. 1991. Cultivo de plantas medicinais, condimentares e aromáticas. Curitiba, EMATER. 162p.
- FURLAN, Marcos Roberto1999. Cultivo de plantas medicinais. Coleção Agroindústria, v. 13, 2ed., ver. aum. Cuiabá: SEBRAE/MT,146p.
- KLEBER, J. et. al. 1991. Guia Rural: Ervas e temperos. Janeiro, p. 56-61.
- MARTINS, E. R. et al. 1994. Plantas medicinais. Viçosa, Impr. Univ.,220p.
- SIMÕES, C. O. S. et al. 1998. Plantas da medicina popular no Rio Grande do Sul. Porto Alegre, Ed. Universidade, 173p.
- SMITH, L. B. et. al. 1982. Flora Ilustrada Catarinense: Gramíneas. Itajaí - Santa Catarina.
- Noticiência (2012): Estudo analisa a toxicidade da coronilha - Acesso em 8 de novembro de 2015
- Acta Physiologiae Plantarum (2013): Antimicrobial and antiviral activity-guided fractionation from S. buxifolia extracts - Acesso em 8 de novembro de 2015
- The Plant List: Scutia buxifolia - Acesso em 8 de novembro de 2015
GOOGLE IMAGES de Scutia buxifolia - Acesso em 8 de novembro de 2015