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Jaborandi [1]

Enviado por Sergio Sigrist em ter, 22/01/2013 - 9:14am
Nome científico: 
Pilocarpus microphyllus Stapf ex Wardleworth
Família: 
Rutaceae
Sinonímia popular: 
Jaborandi-legítimo, jaborandi-do-maranhão.
Sinonímia científica: 
Não há sinônimo segundo o sistema de classificação Angiosperm Phylogeny Group (APG III).
Partes usadas: 
Folhas ou folíolos.
Constituintes (princípios ativos, nutrientes, etc.): 
Alcaloides: pilocarpina (majoritário), pilocarpidina, isopilocarpidina, fisostigmina, pilosina, isopilosina, epiisopilosina. Óleos essenciais: limoneno, beta-cariofileno.
Propriedade terapêutica: 
Sudorífero, diurético, promovedor de saliva, revitalizante capilar.
Indicação terapêutica: 
Afecções bronqueais, reumatismo, glaucoma, esquistossomose.
tags: 
Afecção pulmonar [2]
Reumatismo - artrite - artrose - dor articular [3]
Problema ocular [4]
Esquistossomose [5]
Espasmo [6]

Nome em outros idiomas

  • Inglês: maranham jaborandi

Origem, distribuição
Nativo de vários Estados do norte do Brasil. É característico da América Central e América do Sul de onde se estendeu até a Índia. 

Descrição
Trata-se de um pequeno arbusto caracterizado por apresentar folhas emparedadas de 3-5 folíolos ovais lanceolados e sésseis, com sabor e cheiro de laranja. Flores pentâmeras dispostas em racimos delgados e alargados e fruto capsular composto por três folículos.

Os nativos sulamericanos mastigavam as folhas deste arbusto para aumentar a salivação, chamando a atenção dos primeiros colonizadores. Em 1874 o médico brasileiro Sinfrônio Olímpio César Coutinho inicia as investigações, logrando isolar no ano seguinte seu principal alcaloide: a pilocarpina. Pouco tempo depois, as ações sobre a pupila e as glândulas sudoríparas e salivares foram descritas por J. Weber.

Outras espécies bem conhecidas são P. jaborandi, P. officinalis e P. pinnatifolius. P. jaborandi abunda no Estado de Pernambuco, enquanto que P. microphyllus cresce no Estado do Maranhão e P. pinnatifolius no Paraguai.

Nota
A espécie quase foi extinta nos anos 1960 e 1970, por causa do extrativismo desvairado encabeçado por uma multinacional para obter a pilocarpina, o principal princípio ativo do jaborandi, a única fonte natural da droga pilocarpina, um alcaloide usado na oftalmologia para contração da pupila, importante em certos procedimentos cirúrgicos ópticos. Usada também no tratamento de certos tipos de glaucoma. É um poderoso estimulante da salivação e da transpiração

Uso popular e medicinal
As partes utilizadas são as folhas ou folíolos. Uma vez dessecadas devem ser utilizadas rapidamente pois perdem sua atividade com o prolongado armazenamento. 

Na composição química são encontrados alcaloides (0,50 - 1%) derivados do imidazol: pilocarpina (majoritariamente), pilocarpidina, isopilocarpidina, fisostigmina, pilosina, isopilosina, epiisopilosina e epiisopiloturina. A pilocarpina é solúvel em água.

Óleo essencial (0,50%): limoneno, beta-cariofileno, 2-tridecanona, sabineno, a–pineno e outros terpenos.

O efeito da pilocarpina é bem conhecido do ponto de vista farmacológico. A partir de sua administração local, difunde rapidamente desde a córnea até o líquido aquoso, exercendo uma contração do músculo ciliar, de maneira antagônica a atropina, empurrando o esporão escleral e expandindo a malha trabecular até separar. Desta maneira se abrem as vias que conduzem o fluido, aumentando o efluxo do líquido aquoso, permitindo uma diminuição da pressão intraocular (glaucoma). Também permite aumentar a irrigação sanguínea local.

A pilocarpìna é um agonista colinérgico, de ação predominante muscarínica mas não nicotínica. Aplicada localmente ao olho provoca constrição pupilar, espasmo da acomodação do cristalino e um aumento transitório da pressão intraocular, seguido de uma imediata queda da mesma em forma mais prolongada. A miose tem uma duração variável: entre várias horas até um dia. A fixação da acomodação do cristalino para a visão de perto desaparece ao cabo de 2h.

Por outro lado, a aplicação de 10-15 mg subcutânea de pilocarpina provoca vasodilatação e sudoração local aumentada, das quais são bloqueadas por atropina. Também pode promover a secreção de glândulas salivais, lagrimais, bronqueais, suco gástrico (ácido clorídrico e pepsina), pancreáticas e intestinais, aumentando a eliminação de água, uréia e cloruro sódico (sal comum, sal de cozinha). Aumenta o tônus muscular e as contrações estomacais.

A presença de um átomo de carbono terciário em sua estrutura química (derivada do imidazol) lhe confere maior liposolubilidade à droga, permitindo fácil penetração através da córnea quando se aplica localmente, ou ingressar no cérebro quando se administra por via sistêmica.

Em 2015 foi investigada a ação da epiisopiloturina encontrada em resíduos da pilocarpina extraídas de folhas de jaborandi. Segundos os autores, essa substância tem potencial ação contra vermes da esquistossomose.

Usos etnomedicinais
Formas galênicas: a infusão das folhas de jaborandi (2-4%) é indicada popularmente em afecções bronqueais e reumatismo. É excelente diaforético. Logo após tomar a infusão, o paciente deve deitar-se totalmente coberto para assim promover uma transpiração abundante. Útil em caso de febre, gripe e afonia.

No Peru a decocção das folhas é utilizada como lactagoga e diurética.

No Brasil é indicado como sudorífero, diurético, promovedor de saliva (sialagogo) e contra o glaucoma. O sumo das folhas é um bom tônico capilar. Para este fim são preparadas 70 g de folhas a macerar em 500 cc. de álcool 60º durante um mês.

Efeitos adversos
A pilocarpina pode estimular a musculatura bronquial provocando broncoespasmo, o qual contraindicaria o emprego em pacientes asmáticos. Também se tem observado um aumento no tônus muscular e motilidade dos ureteres, bexiga, vesícula e condutos biliares, pelo que se deverá abster-se de utilizar em casos de suspeita de cálculos nesses níveis.

Durante o tratamento com esta droga pode aparecer alteração da acomodação ou dor no globo ocular, que cede em poucos dias. Doses altas podem provocar depressão do SNC e do centro respiratório.

 Efeitos tóxicos
Overdose com pilocarpina produz uma exacerbação de seus efeitos parassimpatomiméticos, similar ao produzido por intoxicação com fungos dos gêneros Inocybe e Citocybe, o qual é resistido pela administração parenteral de atropina (2 mg) seguida de medidas apropriadas para ajudar a respiração pulmonar e a circulação.

Os sintomas de intoxicação imputáveis à muscarina começam aos 30-60 minutos e consistem em salivação excessiva, lacrimejo, náuseas, vômitos, cefaleia, transtornos visuais, cólicas abdominais, diarreia, bradicardia, broncoespasmo, hipotensão, podendo ocorrer morte.

Desaconselha-se o uso de mióticos como a pilocarpina em casos em que a contração do íris não esteja recomendada tal como sucede na iritis aguda ou na iridociclitis.

 Dosagem indicada
A pilocarpina é empregada correntemente no tratamento de glaucoma, administrando-se em forma de solução aquosa entre 0,5% e 4% como gotas oftálmicas. Aplicada como colírio, é conveniente pressionar o saco conjuntival para evitar una excessiva absorção sistêmica. Nos tratamentos de glaucoma crônico pode alternar-se com eserina, cuidando de não se administrar juntos pela possibilidade de antagonismo.

Também se emprega junto a outros componentes na formulação de loções ou xampus antisseborrêicos e revitalizantes capilares. Mesmo assim, é muito útil como sialagogo em casos de xerostomía ou aptialismo, nefrite crônica, uremia elevada e para neutralizar o efeito parassimpaticolítico de outras medicações como a atropina.

 Referências

  1. Balick M.; Arvigo R. ; Shropshire G. and Mendelsohn R.: Ethnopharmacological Studies and Biological Conservation in Belize. Medicinal Resources of The Tropical Forest. 1996.
  2. Burgstaller Chiriani C.: La vuelta a los vegetales. Edit. Edicial S.A. Buenos Aires. 15ª Edición. 1995.
  3. Coussio J.; Rondina R.; Ferraro G.; Martino V. y Bandoni A.: Farmacognosia. Guía Teórica. CEFYB. 1996.
  4. Goodman Gilman A.; Goodman L. and Gilman A.: Las Bases Farmacológicas de la Terapéutica. 7ª Edición. Edit. Panamericana, Buenos Aires. 1986.
  5. Holmstedt B; Wassen S. and Schultes R.: Jaborandi: An interdisciplinary appraisal. J. of Ethnopharmacology Vol.1, Nº 3 (1979).
  6. Kairos. Revista Farmacéutica. Nº 218. Buenos Aires. Noviembre de 1996.
  7. Lapa A.: 270 Plantas Medicinales Iberoamericanas. CYTED. UNESCO. Colombia. 1996.
  8. Magalhâes P.; Figueira G.; Montanari J. and Lucio E.: Aspectos agronômicos e fitoquímicos do cultivo de P. microphyllus. XII Simpósio de Plantas Medicinais do Brasil. 15-17 de setembro. Curitiba, pp. 181 (1992).
  9. Neal M.: Farmacología Médica en Esquemas. CTM: Servicios Bibliográficos S.A. Buenos Aires. 1996.
  10. Ratera E. y Ratera M.: Plantas de la Flora Argentina Empleadas en Medicina Popular. Edit. Hemisferio Sur. S.A. 1ª Edición. Buenos Aires, 1980.
  11. Vieira M. & Vieira R.: Conservaçâo de sementes de jaborandi. XII Simpósio de Plantas Medicinais do Brasil. 15-17 de setembro. Curitiba, PR, pp.202 (1992).
  12. Princípio ativo do jaborandi pode tratar a esquistossomose [7] - Acesso em 31 de maio de 2015
  13. The Plant List: Pilocarpus microphyllus [8] - Acesso em 31 de maio de 2015

 Colaboração

  • Dilvo Bigliazzi Júnior, Médico (Canavieiras, BA). Texto original: Associacion Argentina de Fitomedicina. Tradução: Carla Queiroz Becerra, estagiária do Centro de Informática na Agricultura USP/ESALQ), 2005.

GOOGLE IMAGES de Pilocarpus microphyllus [9] - Acesso em 31 de maio de 2015

 

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