Descrição [2]
Espécie herbácea anual de até 30 cm de altura. Desenvolve-se em todo o País, vegetando em ambientes antropizados. Ocorre com frequência em lavouras anuais ou perenes, áreas destinadas à olericultura e à fruticultura, margens de rodovias, caminhos e terrenos baldios. Encontrada em abundância na Floresta Amazônica.
Apresenta caule tetragonal amplamente ramificado desde a base, lenhoso nas partes velhas, esparsamente piloso nos ramos jovens. Folhas simples, pecioladas, dispostas de forma oposta cruzada. Limbo lanceolado de base cuneada, ápice agudo, glabrescente em ambas as faces, margens inteiras até a porção mediana e serreadas em direção ao ápice. Inflorescência axilar constituída por 1 a 4 flores.
Flores com pedúnculo curto, cálice com 4 sépalas soldadas e persistentes no fruto. Fruto seco do tipo capsular. Sementes numerosas, oval-triangulares, foscas. Propaga-se por meio de sementes.
Fornece néctar e pólen para abelhas-europa.
Uso popular e medicinal
A planta tem boa documentação de suas propriedades medicinais. Na Região Amazônica, o chá da planta toda é utilizado contra problemas hepáticos e as folhas para melhorar o estado geral do indivíduo.
Tribos indígenas de vários países da América utilizam esta planta. No Equador preparam o chá com todas as partes da planta com a finalidade de reduzir inchaço e dor. Entre os ticunas, a decocção é usada para lavar feridas e como forma de contraceptivo e/ou abortivo durante o período menstrual. Nas Guianas utilizam a decocção das folhas para enxaqueca, aliviar a febre e como aniemético infantil e antisséptico. No Brasil usam o suco das folhas para problemas nas vistas e lavagem de feridas. Na Nicarágua é utilizada a infusão a quente ou a decocção das folhas ou de todas as partes contra dor de barriga, picada de mosquito, desordens menstruais, hepáticas e estomacais, malária, doenças venéreas, problemas cardíacos, febre, limpeza do sangue e auxiliar no parto [4].
No Brasil a vassourinha-doce é considerada emoliente, hipoglicemiante, febrífuga, hipotensiva, expectorante, pectoral, indicada contra desordens respiratórias e menstruais, bronquite, tosse, diabetes, hipertensão. No Pará, o chá da planta é usado contra hemorroidas, brotoejas, coceiras, erisipela, afecções cutâneas e o chá da raiz como antidiabético. No Rio Grande do Sul serve para tratar problemas do fígado, estômago e estimular o apetite. Na Paraíba, é utilizada contra tosses e verminoses [4].
Em Minas Gerais é tida como béquica, emoliente e peitoral. As formas farmacêuticas mais comuns são tintura, decocto e infuso. Externamente é usada para tratamento de hemorroidas [1].
S. dulcis tem sido usada como remédio para diabetes mellitus (o pâncreas deixa de produzir insulina ou as células param de responder à insulina produzida) na Índia e para a hipertensão em Taiwan.
Os princípios ativos identificados como responsáveis pelos efeitos medicinais desta planta incluem ácido escopárico (A, B, D), ácido escopadúlcico (A, B), escopadulciol e escopadulim. O ácido escopadúlcico B e o escopadulciol são referidos como as únicas biomoléculas com efeitos inibitórios sobre a replicação de vírus herpes simplex tipo 1 (HSV-1), atividade da bomba de próton gástrica e reabsorção óssea estimulada pelo hormônio paratiróide. Além disso, o ácido escopadúlcico B mostrou atividade antitumoral. Devido ao esqueleto carbônico (a estrutura interna das moléculas) único e múltiplas atividades biológicas, esta substância tem sido alvo de atenção de profissionais da química sintética [3].
Um estudo do efeito antidiabético de S. dulcis realizado em 1943 encontrou o glicosídeo amelina, de vegetais frescos. Segundo os autores, trouxe alívio em complicações que acompanham a diabetes tais como piorréia (ou periodontite, inflamação da boca), retinopatia (lesão da retina ocular), dores nas articulações e susceptibilidade ao frio [3].
Outros componentes detectados em S. dulcis são glicosídeos, flavonas (acacetina, apigenina), flavonoide escutelareína, triterpeno alfa-amirina, alcaloide benzoxazolinona, β-sitosterol (um esterol de planta com estrutura química semelhante ao colesterol), componente flavônico cinarosídeo D, manitol, dulcinol e ácidos dulcióico, cumárico, gentísico, betulínico e iflainóico [4].
Dosagem indicada [1]
- Hemorroidas. Infuso e decocto a 5%, de 2 a 3 xícaras ao dia. Extrato fluido, de 2 a 10 mL ao dia.
Colaboração
- Antônio dos Santos, Gestor do Centro de Estudos Amazônicos (Manaus, AM), 2015.
Referências
- GRANDI, T. S. M. Tratado das Plantas Medicinais - Mineiras, Nativas e Cultivadas. Adaequatio Estúdio, Belo Horizonte. 2014.
- MOREIRA, H. J. C; BRAGANÇA, H. B. N. Manual de Identificação de Plantas Infestantes. FMC Agricultural Products, São Paulo (SP). 2011.
- BMC Complementary and Alternative Medicine (2004): Protective role of Scoparia dulcis plant extract on brain antioxidant status and lipidperoxidation in STZ diabetic male Wistar rats - Acesso em 2 de agosto de 2015
- STASI, L. C.; HIRUMA-LIMA, C. A. Plantas Medicinais na Amazônia e na Mata Atlântica. Editora UNESP, São Paulo, 2a ed. revista e ampliada. 2002.
- Imagem: FMC Agricultural Products
- The Plant List: Scoparia dulcis - Acesso em 2 de agosto de 2015
GOOGLE IMAGES de Scoparia dulcis - Acesso em 2 de agosto de 2015