
Origem, distribuição
Nativa do Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai. Introduzida na África Oriental Tropical (Quênia), África Meridional Tropical (Zimbábue) e Ásia Tropical Indochina (Mianmar).
Nomes em outros idiomas
- Inglês: earpod tree
- Espanhol: pacara
- Francês: arbre à oreilles
Descrição [4,2]
Árvore grossa, atinge de 8 a 18 m de altura, copa larga, perde as folhas na estação seca. Floresce de setembro a novembro, produz fruto de agosto a novembro. Sementes espalham-se pela fauna. Ocorre em matas e cerrados em solos arenosos ou argilosos, geralmente férteis.
A espécie é explorada na natureza por sua madeira e usos medicinais, também é frequentemente cultivada como planta ornamental, sendo especialmente valorizada por seus frutos escuros e contorcidos em formato semelhante a uma orelha.
Os frutos, que amadurecem e caem no período da seca e apresentam boa palatabilidade para o rebanho bovino, contém princípios tóxicos prováveis, saponina do tipo esteroidal, que podem causar sérios danos digestivos aos animais.
Uso popular e medicinal
Tamboril tem sido estudada por conter uma proteína extraída das sementes com potencial para tratar o câncer de mama triplo-negativo.
Pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo constataram que a proteína é capaz de inibir a migração e a metástase de câncer de mama triplo-negativo e de outros tipos de tumor, como o gástrico e o de pele (melanoma). Eles constataram que a proteína inibe a invasão, a proliferação e a metástase de tumor em testes in vitro (em células) e no caso do melanoma, tanto in vitro como in vivo (em animais).
Denominada Enterolobium contortisiloquum inibidor de tripsina (EcTI, na sigla em inglês), a proteína foi isolada no final da década de 1980. Desde então foram intensificados os estudos dessa leguminosa para determinar a estrutura dessas proteínas, modelá-las e obter peptídeos sintéticos.
As análises dessas moléculas em diferentes modelos fisiopatológicos, como de inflamação, trombose e tumor indicaram que, além de antitumoral, elas apresentam propriedades anti-inflamatória, antimicrobiana e antitrombótica. [3]
O estudo fitoquímico de E. contortisiliquum levou à identificação de α, β-amirina e 4-metil-2,6-di-terc-butilfenol, ácidos hexadecanóico e 9,12-octadecadienóico como principais componentes da matéria insaponificável e dos ácidos graxos, por análise de GC/MS. Glicose, xilose e ramnose foram encontradas como os principais monossacarídeos na hidrólise de polissacarídeos.
Dezesseis aminoácidos foram identificados na fração proteica. Um saponino triterpênico bisdesmosídico e dois monodesmosídicos do ácido acácico foram também identificados. Os ácidos gálico, protocatecuico, siríngico e p-cumárico, além de pirogalol, quercetina-7-O-rutinosídeo, catequina, isovitexina e quercetina, foram isolados da fração fenólica. As frações de polissacarídeos, saponinas, o extrato bruto e o éter de petróleo (PE) exibiram potente atividade citotóxica contracélulas HepG2.
Autores do estudo sinalizam que as frações isoladas dos pericarpos de E. contortisiliquum contêm moléculas promissoras com perfis potenciais de atividade citotóxica e antibacteriana, devendo ser consideradas de grande valor como fonte de compostos líderes para aplicações farmacêuticas. [1]
As raízes e a casca da semente são fontes de um anti-helmíntico de ação rápida. A árvore contém saponinas e algumas de suas partes são utilizadas como substituto do sabão. O fruto também contém saponinas. Um extrato aquoso das sementes demonstrou 100% de mortalidade em larvas de terceiro estágio do Aedes aegypti. [2]
Outros usos [2]
A madeira varia de leve a muito leve, macia e flexível, porém pouco durável, sendo resistente a brocas mas suscetível a fungos e cupins. Seca rapidamente, com baixo risco de rachaduras ou deformações e, uma vez seca, apresenta em uso estabilidade moderada a alta. Trabalha-se bem com ferramentas comuns, permitindo bons resultados em pregos e parafusos. A colagem é satisfatória, aceita tintas e vernizes, proporcionando um acabamento de qualidade.
A madeira possui diversas aplicações: painéis, marcenaria de interiores, carpintaria leve, componentes de móveis, caixas e engradados, barcos abertos, fósforos, compensados, laminados etc.
Referências
- Journal of Materials and Environmental Sciences (2018): Phytochemical and biological studies on Enterolobium contortisiliquum pericarps - Acesso em 24 de janeiro de 2025
- Tropical Plants Database, Ken Fern: Enterolobium contortisiliquum - Acesso em 24 de janeiro de 2025
- Agência FAPESP (2018). Proteína de planta brasileira inibe progressão do câncer da mama tripo negativo - Acesso em 24 de janeiro de 2025
- EMBRAPA Gado de Corte: Ximbuva - Acesso em 24 de janeiro de 2025
- World Flora Online: Enterolobium contortisiliquum - Acesso em 24 de janeiro de 2025
- Image attribution (no changes were made): Jorge EFO SIlva, CC BY-SA 4.0, via Wikimedia Commons
GOOGLE IMAGES de Enterolobium contortisiliquum