Sassafrás, canela-sassafrás

Nome científico: 
Ocotea odorifera (Vell.) Rower
Família: 
Lauraceae
Sinonímia científica: 
Aydendron suaveolens Nees
Partes usadas: 
Toda a planta.
Constituintes (princípios ativos, nutrientes, etc.): 
Safrol, metil-eugenol, propenil e alilbenzenos.
Propriedade terapêutica: 
Antisséptica, fungicida, analgésica, antitrombótica, anti-inflamatória, antimicrobiana, hipotensora, antiespasmódica, inibidora de agregação plaquetária.
Indicação terapêutica: 
Dermatose, doença da pele.

Origem
Nativa do Estado do Rio Grande do Sul (Brasil), onde ocorre no Litoral Norte e é eventual na floresta com araucária.

Esclarecimento. Ocotea odorifera não deve ser confundida com Sassafras albidum, nome popular sassafrás americano. Esta espécie é nativa do leste da América do Norte, tradicionalmente cultivada pelo seu perfume. "Canela-sassafrás" é o nome mais utilizado para a espécie brasileira. Ambas têm algumas propriedades químicas em comum.

Descrição [1,4]

Árvore perenifólia, 8 a 12 m de altura, aromática, copa globosa e densa, tronco tortuoso.

Folhas coriáceas de 7 a 14 cm de comprimento, simples, oblonga, inserção alterna, pilosa. Quando esmagadas exalam um cheiro característico.

Os frutos são drupas elípticas com cerca de 2,5 cm de comprimento envolvidos por receptáculo carnoso, com uma única semente.

A casca tem espessura de até 12 mm, sendo a parte externa castanha com cicatrizes típicas provenientes da descamação e lenticelas e a parte interna apresenta um forte odor característico. 

Flor em forma urceolada, cor amarela, tipo inflorescência, perfumadas.

Sementes em forma de arilo, cor marrom, estrias claras e muito aromáticas.

Uso popular e medicinal 

Um estudo científico realizado em 2010 investigou as propriedades antifúngicas de O. odorifera e constatou que a planta exerce potente atividade inibidora contra Candida parapsilosisfungo encontrado geralmente na pele, mãos e membranas mucosas de pessoas saudáveis [3]. Desde 2000 esse microrganismo tornou-se causa de infecções hospitalares sérias e resistentes às drogas. É a 4a causa mais importante das infecções sanguíneas adquiridas em hospitais, com um índice de fatalidade de cerca de 40% [6].

É reconhecida fitoquimicamente pela síntese de flavonoides como o canferol e a quercetina, polipropanoides, esteroides, sesquiterpenos e óleos essenciais. Dentre os componentes desse óleo essencial está o safrol (acima de 80%) que se encontra nas raízes, cascas, folhas e caule. É considerado forte antisséptico, fungicida e repelente de insetos. Essa substância é comercializada no mundo inteiro e utilizada em vários ramos industriais [5].

O safrol é usado  na  síntese  de heliotropina, um  fixador  de  fragrâncias e agente  flavorizante, de  etilvanilina, um flavorizante, de butóxido  de  piperonila, um ingrediente de inseticidas piretroides, de estrigol, um estimulante germinativo, além de ser precursor de inúmeros compostos com ação biológica: analgésica, antitrombótica, anti-inflamatória, antimicrobiana, hipotensora, antiespasmódica, inibidora  de agregação plaquetária, inibidora de desenvolvimento de ancilostomídeo, agonistas dopaminérgicos como metil-dopa usada na doença de Parkinson e agonistas adrenérgicos como isoproterenol, usado como broncodilatador e estimulante cardíaco, cardioativo. Em 1983 a FDA reporta o safrol como constituinte de 113 formulações de medicamentos [2].

Outros usos

A árvore é utilizada na recuperação de matas ciliares e como madeira de qualidade, densidade 0,76, utilizada na fabricação de móveis, construção civil, embarcações, marcenaria, portas trabalhadas, caixotaria, molduras. O tronco serve para a confecção de peças artesanais e armazenamento de aguardente. O óleo de sassafrás é usado pela sua fragrância em numerosas tarefas domésticas como enceramento de piso, polimento, detergente, sabão, agentes limpantes etc [2].

Interações com medicamentos [1]

Depressores do sistema nervoso central. O fitoterápico possui propriedades sedativas que podem ser potencializadas com a associação aos fármacos.

 Colaboração

  • Rosane Maria Salvi, Médica (Porto Alegre, RS), 2009.
  • Eliane Diefenthaeler Heuser, Bióloga (Porto Alegre, RS), 2009. 

 Referências

  1. SALVI, R. M.; HEUSER, E. D. Interações: medicamentos x fitoterápicos. Em busca de uma prescrição racional. EDIPUCRS, Porto Alegre (RS), 2008.
  2. UFRGS: Estudos sobre a biologia de canela-sassafras [Ocotea odorifera (Vell.) Rower] na Mata Atlântica do RS - Acesso em 1/1/2015
  3. Springer Link: Antifungal effects of Ellagitannin isolated from leaves of Ocotea odorifera (Lauraceae) - Acesso em 1/1/2015
  4. Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais (IPEF)Identificação de espécies florestais - Ocotea odorifera - Acesso em 1/1/2015
  5. Acta Botanica Brasilica: Alelopatia de extratos aquosos de canela-sassafrás [Ocotea odorifera (Vell.) Rohwer] - Acesso em 1/1/2015
  6. Ehow: O que é Candida parapsilosis - Acesso em 1/1/2015
  7. Imagens: FloraRS (Fotógrafos: Márcio Verdi, Sérgio Bordignon, Adriano Rosina) - Acesso em 1/1/2015
  8. The Plant List: Ocotea odorifera - Acesso em 1/1/2015

GOOGLE IMAGES de Ocotea odorifera - Acesso em 1/1/2015