Pimenta-do-reino

Nome científico: 
Piper nigrum L.
Família: 
Piperaceae
Sinonímia científica: 
Muldera multinervis Miq. (não resolvido)
Partes usadas: 
Fruto seco.
Constituintes (princípios ativos, nutrientes, etc.): 
Monoterpenos (sabineno, β-pineno, limoneno, terpineno, α-pineno, mirceno etc.), derivados monoterpenos (borneol, carvona, carvacrol etc.), sesquiterpenos (β-cariofileno etc.)
Propriedade terapêutica: 
Aperiente, digestiva.
Indicação terapêutica: 
Auxiliar a digestão, melhorar o apetite, tosse, constipação, problema respiratório e cardíaco, cólica, diabetes, anemia, hemorroidas, cólera, sífilis, dor (dente, garganta) etc.

Origem, distribuição
Espécie originária da Índia.

Descrição [1]
Pimenta-do-reino (Piper nigrum L.) é uma planta trepadeira, considerada a mais importante especiaria comercializada mundialmente. É usada em larga escala como condimento e também nas indústrias de carnes e conservas.

O Brasil é um dos maiores produtores de pimenta-do-reino. A produção é exportada principalmente para EUA e Europa.

Uso popular e medicinal [3]
A pimenta é considerada remédio nos tradicionais sistemas de saúde do Sul da Ásia (Ayurveda, Siddha e Unani). É frequentemente utilizada como aperitivo e para tratamento de problemas associados ao sistema digestivo, em particular para erradicar vermes. Usos comuns desta especiaria são suportados por evidências científicas.

Na medicina Ayurvédica (Índia), esta especiaria é usada para ajudar a digestão, melhorar o apetite, tratar a tosse, constipações, problemas respiratórios e cardíacos, cólica, diabetes, anemia e hemorroidas. 

Outras enfermidades estomacais como a dispepsia, flatulência, obstipação e diarreia são também tratados com pimenta, às vezes misturada com óleo de rícino, urina de vaca ou "ghee" (veja quadro).

Ghee é o óleo da manteiga da culinária indiana feito com leite de vaca ou de búfala. Da manteiga são removidos a água, elementos sólidos e toxinas da gordura, por isso é considerado mais saudável do que a manteiga comum [4].

Preparada na forma de comprimido, tem sido indicada para a cólera e sífilis, às vezes combinada com outras substâncias. Também tem sido usada na forma de pó para dor de dente. A infusão de pimenta já foi sugerida para dor de garganta e rouquidão. Costuma-se mastigá-la para reduzir a inflamação da garganta.

Externamente tem sido aplicada como pasta no tratamento de queda de cabelo e algumas doenças de pele. Óleo de pimenta tem a fama de aliviar a coceira. Uma mistura de pimenta e mel é relatado como remédio para a cegueira noturna. Acredita-se que a pimenta seja útil contra a hepatite, distúrbios urinários e reprodutivos.

No sistema medicinal Unani (Índia) esta pimenta é descrita como afrodisíaca e medicamento para aliviar a cólica. Um famoso preparado conhecido como "jawa rishai thurush" composto de pimenta, gengibre, sal, suco de limão, uma erva conhecida como "vidanga" (Ribes embelia, Primulaceae, da mesma família da prímula) e hortelã (uma espécie de Mentha) é prescrito para aliviar a indigestão e acidez do estômago.

Trabalhos recentes no Brasil dedicaram-se a piperina, um alcaloide amida tido como componente majoritário da pimenta-do-reino. Um artigo focalizou o potencial antiparasitário da piperina. Os autores avaliam que este é um produto natural abundante, acessível, de fácil isolamento, indicado no tratamento da leishmaniose, doença de Chagas e outras parasitoses devido ao grande número de atividades biológicas descritas para esta molécula [6].

Outro artigo propõe um método de extração da piperina mais simples que o procedimento clássico (pelo extrator de Soxhle, de rendimento 30% considerado insatisfatório). Os autores optaram pela extração utilizando um sistema em refluxo obtendo excelente rendimento (92,86%). A confirmação e caracterização da piperina foi feita através de ensaio de ponto de fusão, CCD e RMN, comprovando a possibilidade de obtenção da piperina através de um método alternativo, simples, eficaz e com boa recuperação dos solventes utilizados [5].

Principais componentes [2]
A pimenta contém cerca de 3% de óleo de essencial, cujo aroma é dominado (máximo 80 %) por hidrocarbonetos monoterpenos: sabineno, β-pineno, limoneno, terpineno, α-pineno, mirceno, delta 3 careno; e derivados monoterpenos (borneol, carvona, carvacrol, 1,8-cineol, linalol). 

Sesquiterpenos compõem cerca de 20% do óleo essencial. O principal componente é β-cariofileno enquanto α-humuleno, β-bisaboleno, óxido de cariofileno e cetona aparecem apenas em vestígios. Existe relato da presença de quantidades significativas de germacreno D. Foram encontrados traços de fenilpropanoides (eugenol, metil eugenol, miristicina, safrol).

 Referências

  1. Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC): Pimenta-do-reino - Acesso em 17 de maio de 2015
  2. Gernot Katzer's Spice Pages: Pepper - Acesso em 17 de maio de 2015 
  3. Royal Botanic Gardens (KEW); Image: Marianne North: Pipper nigrum - Acesso em 17 de maio de 2015
  4. Instituto Ahau: Ghee, manteiga clarificada - Acesso em 17 de maio de 2015
  5. 49o Congresso Brasileiro de Química: Extração da piperina de pimenta-do-reino - Acesso em 17 de maio de 2015
  6. Revista Virtual de Química: Piperina, potencial como antiparasitário - Acesso em 17 de maio de 2015
  7. The Plant List: Piper nigrum - Acesso em 17 de maio de 2015

GOOGLE IMAGES de Piper nigrum - Acesso em 17 de maio de 2015