Murumuru

Nome científico: 
Astrocaryum murumuru Mart.
Família: 
Arecaceae
Sinonímia científica: 
Astrocaryum yauaperyense Barb.Rodr.
Partes usadas: 
Fruto, semente.
Constituintes (princípios ativos, nutrientes, etc.): 
Ácidos graxos: láurico, mirístico, oleico, palmítico, cáprico, linoleico, esteárico, caprílicos.
Propriedade terapêutica: 
Hidratante, emoliente.
Indicação terapêutica: 
Loção, creme, sabonete condicionador capilar, máscara facial, shampoo, óleo e emulsão, hidratante de pele, nutrição e restauração de cabelo danificado, cera depilatória.

Origem, distribuição
Espécie encontrada em toda a região amazônica.

Descrição [1,3]
O murumuruzeiro cresce em terrenos baixos e úmidos em touceiras com estipe de 10 a 15 m de altura, medindo de 17 a 27 cm de diâmetro, apresentando-se como monocaule com bainhas persistentes formando placas recobertas de longos espinhos pretos de até 12 cm de comprimento.

Folhas grandes, brancas na parte inferior, pinadas, variam de 12 a 20 e medem de 5 m a 6,2 m. 

O fruto é drupa de formato piramidal, 5 cm de altura, epicarpo e polpa amarela, oleaginosa, doce, com cheiro e sabor de melão maduro, comestível. Os frutos nos cachos são voltados para cima. A dispersão se dá pela água dos rios, fauna aquática e terrestre como paca, jabuti, quatipuru, macaco, queixada etc.. 

 Nota. Pelo menos uma outra palmeira recebe a designação popular de murumuru, a Bactris concinna.

Uso popular e medicinal [2]

Os compostos químicos presentes no óleo de murumuru têm utilidade comprovada em produtos cosméticos como loções, cremes, sabonetes condicionadores capilares, máscaras faciais, shampoos, óleos e emulsões, hidratante de pele, nutrição e restauração de cabelos danificados e ceras depilatórias.

O óleo de murumuru é obtido industrialmente pela prensagem das sementes ou das amêndoas em equipamentos conhecidos por cage press (ou expeler). A gordura do murumuru é branca, com muito pouco cheiro e nenhum gosto especial. Tem um ponto de fusão superior ao do óleo de palmiste (extraído do caroço do dendezeiro) e do óleo de côco, além da grande vantagem: a baixa acidez.

O óleo tem a seguinte composição: ácidos láurico (48,9%),  mirístico (21,6%), oléico (13,2%),  palmítico (6,4%), cáprico (4,4%), linoléico (2,5%), esteárico (1,7%) e caprílicos (1,3%).O murumuru contém proteínas (3,5%), lipídeos (16,6%), vitamina A 52 000 UI (15,6 mg), cálcio (47 mg), fósforo (59 mg), ferro (0,6mg), tiamina (0,08 mg), riboflavina (0,23 mg), niacina (0,20) mg e ácido ascórbico (4,2mg).

Sabe-se que a falta de ácidos graxos na pele causa a perda de água na camada trans-epidérmica e consequentemente maciez e brilho. Desta forma, este óleo melhora a emoliência e hidratação da pele e cabelo.

O ácido mirístico é insolúvel na água e solúvel em etanol. É utilizado em cosmetologia como possível substituto do ácido esteárico, mas principalmente esterificado com o álcool isopropílico dando origem a um óleo muito apreciado pelo seu grau de penetração e estabilidade (miristato de isopropila).

O ácido láurico comporta-se como carreador de princípios ativos, pois é capaz de aumentar sua permeabilidade através da pele. Sua atuação se dá pela reação com ativos catiônicos, aumentando sua lipofilicidade, ou pela desorganização temporária da camada córnea da pele. Após sofrer reação de neutralização na presença de uma base forte, como NaOH, o ácido láurico comporta-se como emulsionante, estabilizando emulsão do tipo óleo em água (O/A).

O ácido oleico pode ser utilizado como promotor químico de absorção. Esta propriedade é explicada por sua capacidade em modificar, de forma reversível, a resistência do mesmo ou pela reação entre este ácido e ativos catiônicos, gerando sais com um caráter lipofílico maior.

A vitamina A atua como antioxidante, é normalmente empregada em conjunto com outras vitaminas (como a vitamina C). Sabe-se que a absorção de vitamina A pela pele é maior quando o princípio é associado a uma base autoemulsificante na presença de álcoois graxos.

Outros usos [1]
A amêndoa do murumuru é bastante oleosa e comestível, sendo utilizada após processamento como matéria-prima na industrialização de margarinas. As fibras localizadas no pecíolo e ráquis apresentam características favoráveis à indústria de papel. O palmito é comestível.

Outros usos e serviços relacionados no Estado do Acre, onde a espécie encontrada é Astrocaryum ulei: adubo, artesanato, fibra, forragem, madeira comercial, palha de cobertura, como planta ornamental e de sombra.

O biodiesel produzido do óleo de murumuru apresenta boa qualidade de ignição e alta estabilidade oxidativa.

 Referências

  1. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA AMAPÁ, 2012). Considerações sobre a palmeira murumuruzeiro - Acesso em 3 de junho de 2018
  2. ARAUJO, V. F. et. alli. Plantas da Amazônia para produção cosmética. Universidade de Brasília (UNB-DF), Instituto de Química. 2005.
  3. SOUZA, J. S. I; PEIXOTO A. M.; TOLEDO, F. F. Enciclopedia Agrícola Brasileira. Editora da USP (EDUSP), São Paulo. 1995.
  4. Imagem: Wikimedia Commons (Autor: P. S. Sena); PalmTalk.org - Acesso em 3 de junho de 2018
  5. The Plant List: Astrocaryum murumuru - Acesso em 3 de junho de 2018

GOOGLE IMAGES de Astrocaryum murumuru - Acesso em 3 de junho de 2018