Erva-lombrigueira

Nome científico: 
Spigelia anthelmia L.
Família: 
Loganiaceae
Sinonímia científica: 
Spigelia anthelmia var. nervosa (Steud.) Progel
Partes usadas: 
Folhas, raízes.
Constituintes (princípios ativos, nutrientes, etc.): 
Isoquinolina e um iridoide do tipo actnidina, considerados princípios cardiotônicos ativos.
Propriedade terapêutica: 
Anti-helmíntica, sedativa.
Indicação terapêutica: 
Eliminação de vermes intestinais.

Nome em outros idiomas

  • Inglês: wormbush
  • Alemão: wurmkraut

Origem, distribuição
Nativa da América tropical, frequentemente encontrada no Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil. É considerada planta daninha.

Descrição
Erva anual com porte ereto, caule oco e glabro, com altura média de 45 cm, possui folhas simples, opostas, membranáceas, com nervuras impressas na face superior, de 5-9 cm de comprimento, estreito-lanceoladas, com flores pequenas de cor arroxeada dispostas em espigas terminais.

O fruto é uma cápsula contendo uma semente escura.

A floração acontece aos 33 dias após a semeadura e aos 42 dias ocorre a frutificação. O total desenvolvimento do fruto dá-se aos 57 dias e aos 66 dias tem início a senescência, que finda aos 79 dias após a semeadura.

Propaga-se por sementes. As mudas podem ser produzidas em bandejas de isopor, mantidas em casa de vegetação sob nebulização intermitente. Após 20 dias da semeadura, as mudas podem ser transplantadas ao local definitivo no espaçamento de 0,50 m x 0,25 m. 

Uso popular e medicinal
As primeiras informações sobre esta espécie são encontradas sob o nome indígena arapabaca, uma alusão ao seu uso como vermífugo. Farmacologicamente o curare provoca relaxamento da musculatura devido a inibição competitiva da acetilcolina provocada por um de seus alcaloides, D-tubocurarina (veja Nota).

Nota. Curare está relacionado ao conhecimento adquirido pelo uso de recursos naturais no desenvolvimento de medicamentos e outros produtos (alimentos, cosméticos, artesanato, utensílios etc.). Importantes áreas da Ciência dedicam-se ao estudo desses recursos naturais.

Curare é um bom exemplo: um veneno indígena empregado na caça que deu origem a medicamentos, o que demonstra a dualidade veneno-cura. Utilizado em flechas para caça e pesca, este veneno é feito a base de diversas plantas e chamado indiscriminadamente de curare  ("matar pássaro" em tupi). Seu uso é uma prática antiga dos índios das florestas tropicais da América do Sul.

Uma das plantas utilizadas na preparação do curare, o Chondrodendron tomentosum, teve grande importância na medicina ocidental. Foi utilizado como anestésico devido a sua ação relaxante muscular, servindo como modelo para o desenvolvimento de novos medicamentos menos tóxicos a partir de sua estrutura molecular.

Em seus tecidos ocorre a presença de isoquinolina e um iridoide do tipo actnidina, considerados princípios cardiotônicos ativos.

Suas raízes são consideradas mais ativas que suas folhas, tanto como purgativo energético quanto para expulsar vermes intestinais.

Suas folhas secas parecem possuir atividades inseticida e repelente.

Na Paraíba, o infuso e o decocto da planta inteira é referido como anti-helmíntico. Essa mesma indicação é também citada em outras regiões do Brasil e demais países da América. 

É muito utilizada pela população da Amazônia para eliminar vermes intestinais. 

O infuso da raiz como sedativo é empregado pelos índios da Amazônia.

Toxicologia
A toxicidade das sementes e de toda a planta é comprovada por vários pesquisadores. 
A toxicidade do extrato aquoso de suas folhas (LD50) é de 222 mg/kg de peso vivo.

 Referências

  1. MATTOS, S. H. et. al. Plantas Medicinais e Aromáticas Cultivadas no Ceará: Tecnologia de Produção e Óleos Essenciais. Serie BNB Ciência e Tecnologia n. 2, Fortaleza, 2007.
  2. Revista Nordestina de Biologia (2003): Caracterização morfo-anatômica de Spigelia anthelmia, espécie da medicina popular da Paraíba (Brasil) - Acesso em 17 de janeiro de 2016
  3. Coletivo Curare - Ciência das Plantas Medicinais - Acesso em 17 de janeiro de 2016
  4. The Virtual Botanic Garden: Spigelia anthelmia - Acesso em 17 de janeiro de 2016
  5. Imagem: Wikimedia Commons (Autor: João de Deus Medeiros); Medicinal Plants in Nigeria - Acesso em 17 de janeiro de 2016
  6. The Plant List: Espigelia anthelmia - Acesso em 17 de janeiro de 2016

GOOGLE IMAGES de Spigelia anthelmia - Acesso em 17 de janeiro de 2016