(*) Sergio Roberto Sigrist
Transpiração na planta é o processo fisiológico que ocorre em suas folhas, sendo a maior parte da atividade realizada através dos ostíolos dos estômatos na forma de difusão de vapor d’água. Devido a transpiração ocorre o transporte da seiva nos vasos de xilema. A diferença de potencial leva a água até as áreas mais altas das plantas.
A força que orienta o movimento de água nesses vasos é determinada pela evaporação de água na superfície da folha, que gera uma pressão negativa (tensão, sucção) no xilema, formando uma coluna desde as pontas das raízes, passando pelo caule e atingindo as células das folhas. O processo ocorre em plantas de todos os tamanhos, seja de pequeno porte ou aquelas que ultrapassam os 100 m de altura como as espécies de sequóias da costa oeste dos EUA.
Nos vasos de xilema, as moléculas de H20 são fortemente ligadas entre si e aderem à superfície dos vasos. Há uma teoria proposta por dois cientistas irlandeses em 1984, Dixon e Joly, conhecida por teoria da tensão-coesão-adesão, segundo a qual a perda de água por transpiração nas folhas gera uma força de tensão sobre as moléculas de água no xilema. Como essas moléculas possuem coesão (uma força de atração), uma puxa a outra e a coluna de H20 contínua dentro de cada vaso comporta-se como uma esteira subindo verticalmente.
As moléculas de água são transportadas aos órgãos superiores pela tensão exercida pela evaporação na superfície da folha. O fenômeno ocorre de forma contínua. Inicia-se pela manhã, os estômatos se abrem e a transpiração aumenta, atinge o máximo por volta do meio-dia, na parte da tarde diminui e durante a noite atinge a taxa mais baixa.
Para ocorrer a transpiração, o potencial hídrico da planta deve ser maior que o atmosférico. Quando a umidade relativa está alta o processo diminui ou cessa, ocorrendo a gutação, significa a perda de água na forma de gotas (estômatos aquíferos).
A transpiração pode ser observada em experimento com um arbusto, barbante molhado, pipetas, tubo de borracha, recipientes, tesoura, suporte metálico, mercúrio e régua. Cortar o ramo do vegetal, mergulhar em um recipiente com líquido, unir a base cortada do ramo com uma pipeta usando um tubo de borracha, amarrar com barbante molhado, introduzir a extremidade livre em recipiente com água e mercúrio, finalmente prender o conjunto em um suporte. Embora desprovido da raiz, o vegetal continua exercendo seus processos.
Percebe-se que o vegetal transpira devido a ascensão na coluna de mercúrio. O experimento pode ser levado ao ar livre, onde ocorre aumento da velocidade da ascensão do mercúrio. Devido à exposição a maior quantidade de luz, os estômatos se abrem e intensifica-se a perda de água por evaporação.
Pode-se repetir o experimento envolvendo o sistema com um filme plástico (simulando um dia de chuva), situação em que a velocidade de ascensão do mercúrio fica menor.
Imagem: Cohesion adhesion tension theory - Acesso em 18 de dezembro de 2016
(*) Elaborado durante o Curso de Capacitação em Ecofisiologia Florestal (agosto/2014 a novembro/2014) na USP/ESALQ, Departamento de Ciências Florestais. Colaboração: Alexandre Vendemiatti, Técnico em Fisiologia Vegetal (Professor do Curso).