Uxi-amarelo

Nome científico: 
Endopleura uchi (Huber) Cuatrec.
Família: 
Humiriaceae
Partes usadas: 
Casca, fruto.
Constituintes (princípios ativos, nutrientes, etc.): 
Taninos, cumarinas, saponinas.
Propriedade terapêutica: 
Antioxidante, acetilcolinesterase, butirilcolinesterase, a-glucosidase, antibacteriana.
Indicação terapêutica: 
Artrite, colesterol, diabetes, diarreia, tumores, infecções uterinas.

Origem , distribuição

Amazônia brasileira, encontra-se disperso em todos os Estados dessa região.

Descrição [2]

O uxizeiro é uma árvore de tronco reto, podendo atingir de 25 a 30 m de altura e até 1 m de diâmetro. É uma espécie de uso medicinal, frutífera e madeireira).

Fresco ou processado na forma de creme, doce, suco e sorvete, o fruto é muito consumido pela população da Amazônia Brasileira, constituindo em alimento energético e de boa qualidade nutricional.

A parte comestível do fruto é rica em fibras dietéticas e sua fração lipídica apresenta elevados teores de fitoesteróis e de vitamina E. Da polpa pode ser obtido óleo comestível com características semelhantes aos dos óleos de abacate e oliva.

Uso popular e medicinal [1,3]

A polpa da fruta tem um elevado teor de gordura, predominantemente ácido oleico e carotenoides, principalmente trans-ß-caroteno.

A casca é amplamente comercializada em feiras, mercados e drogarias, sendo prescrita sob a forma de chá para artrite, colesterol, diabetes, diarreia e como anti-inflamatório contra tumores e infecções uterinas.

Uma triagem fitoquímica da casca revelou a predominância de taninos, cumarinas e saponinas como principal classes de metabólitos secundários.

Foi realizado um estudo visando melhorar o conhecimento sobre a composição metabólica da casca referente a compostos fenólicos e avaliar capacidades biológicas para uma possível exploração em indústrias alimentícias e farmacêuticas associadas às suas qualidades promotoras de saúde.

Dois diferentes extratos (infusão e hidroetanólico) foram analisados quanto à composição fenólica e potencial biológico. Cinco (5) compostos foram identificados sendo a bergenina o principal. A infusão apresentou maior riqueza desses metabólitos. Atividades antioxidante, acetilcolinesterase, butirilcolinesterase, a-glucosidase e antibacteriana foram verificados por ensaios in vitro.

Uma resposta dose-dependente foi notada contra DPPH, radicais superóxido e óxido nítrico, acetilcolinesterase, butirilcolinesterase e contra o ensaio inibidor da a-glucosidase.

A capacidade antibacteriana de ambos os extratos foram investigados contra bactérias Gram-positivas e Gram-negativas, sendo mais efetivo contra as primeiras. As concentrações de extrato de infusão testadas revelaram ser não-tóxico para linhas celulares intestinais (Caco-2).

Os autores destacam que os extratos de Endopleura uchi podem ser interessantes para serem incorporados nas preparações farmacêuticas de saúde humana, desde que possam suprimir hiperglicemia, inibir as colinesterases e/ou como aditivo alimentar devido às atividades antibacterianas e antirradicais.

Outro estudo nas cascas de E. uchi isolou a bergenina e realizou a sua identificação estrutural. A avaliação da atividade antimicrobiana da bergenina, dos extratos e frações de E. uchi foi realizada contra microorganismos ATCC (American Type Culture Collection, coleção norteamericana de microorganismo) e clinicamente isolados (E. coli, S. enteritidis, P. aeruginosa, E. faecalis, S. aureus, C. albicans, C. guilliermondii, A. flavus, A. nidulans). Além desses, foram testados os microorganismos isolados clinicamente (C. tropicalis, A. nidulans, A. niger, S. sonnei, S. marcenses, K. pneumoniae e E. faecalis). 

A inibição de crescimento dos microorganismos pela bergenina e extratos e frações de E. uchi contra os microorganismos ATCC foram similares à inibição obtida contra microorganimos isolados clinicamente.

Os resultados revelaram a bergenina como um inibidor seletivo de C. albicans, C. tropicalis e C. guilliermondii. Porém a bergenina apresentou uma atividade inferior contra fungos A. flavus, A. nidulans, A. niger e não inibiu o crescimento de bactérias Gram positivas e Gram negativas.

Os autores afirmaram que as atividades da fração de acetato de etila e da bergenina pura estão em concordância com a concentração da bergenina nas cascas. Concluiram que a atividade seletiva de bergenina contra três espécies de Candida auxilia na compreensão do seu uso tradicional contra infecções que afetam o aparelho reprodutor feminino.

 Dedicado a Josane P. Santos (Rio de Janeiro, RJ).

 Referências

  1. Asian Pacific Journal of Tropical Medicine (2015): Phenolic profile and biological potential of Endopleura uchi extracts - Acesso em 6 de janeiro de 2019
  2. EMBRAPA Amazônia Oriental (2012): Recomendações para o plantio do uxizeiro - Acesso em 6 de janeiro de 2019
  3. Acta Amazonica (2009): Antimicrobial activity of bergenin from Endopleura uchi - Acesso em 6 de janeiro de 2019
  4. Imagem: Antônio José Elias Amorim de Menezes
  5. The Plant List: Endopleura uchi - Acesso em 6 de janeiro de 2019

GOOGLE IMAGES de Endopleura uchi - Acesso em 6 de janeiro de 2019