Nomes em outros idiomas
- Inglês: bearberry, bear's grape
- Espanhol: gayuba, uva de oso, uva de zorro, manzanilla de pastor, madrono rastrero
- Francês: raisin d'ours, busserole
- Italiano: uva-ursina
- Alemão: bärentraube, echte bärentraube, gewöhnliche bärentraube, immergrüne bärentraube
Origem, distribuição
Embora seja oriunda do Norte da Europa e da Ásia, acha-se atualmente expandida por toda a Europa e América do Norte.
Curiosidade |
Descrição
Arbusto lenhoso procumbente, de 5 a 30 cm de altura, folhas perenes que permanecem verdes por 1 a 3 anos. Folhas pequenas e suculentas, altemas. A face abaxial das folhas é mais clara que a adaxial. O fruto é uma baga vermelha.
Uso popular e medicinal
As excelentes propriedades desta planta são conhecidas desde o século XVIII em toda a Europa e América, no tratamento de doenças das vias urinárias. Atualmente as suas propriedades foram confirmadas pela investigação científica. Trata-se de um remédio muito valioso para os doentes das vias urinárias, por isso são elaborados diversos preparados farmacêuticos à base de extrato de uva-ursi.
Folhas da uva-ursi contêm taninos abundantes, que lhes conferem uma ação adstringente, glicosídeos flavonoides, que determinam a sua ação levemente diurética, matérias gordas e resinosas. O princípio ativo mais importante é a arbutina, glicosídeo fenólico cuja genina (veja quadro ao lado) é a hidroquinona. |
Genina (ou aglicona) é a porção não-açúcar de substâncias vegetais que apresentam em sua molécula uma porção açúcar e uma porção não-açúcar.
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A hidroquinona proporciona uma potente ação antisséptica e anti-inflamatória sobre os órgãos urinários e é eliminada pela urina.
Para que a hidroquinona exerça a sua ação, é necessário que a urina tenha reação alcalina, pois fica inativada quando o pH é ácido. Isto não constitui nenhum problema para as pessoas que tenham uma alimentação vegetariana, pois eliminam urinas alcalinas. No entanto, aqueles que seguem um regime rico em carnes e mariscos produzem urinas ácidas e nesses a uva-ursi não atua. Convém, portanto, que durante o tratamento com uva-ursi se siga uma dieta vegetariana, rica em frutas e verduras que, além de alcalinizar a urina e permitir que a uva-ursi atue, tem um efeito positivo sobre as afecções urinárias.
A urina também se pode alcalinizar temporariamente tomando-se bicarbonato de sódio, embora a sua ação dure pouco tempo e o bicarbonato não seja isento de efeitos secundários. Dado que os germes produtores de infecções urinárias frequentemente se tornam resistentes aos antibióticos e antissépticos habituais, a uva-ursi oferece uma alternativa válida para tratar estas afecções. Se bem que, em caso de infecção urinária, seja sempre necessário consultar o médico.
A uva-ursi, só ou complementada por outros tratamentos, é indicada ainda nos seguintes casos:
- Pielonefrite. É a infecção da pelverenal (cavidade que existe dentro do rim), em que se recolhe a urina produzida. Esta infecção manifesta-se com febre alta intermitente, urina turva e dores nos rins. A uva-ursi, eliminando pela urina os seus produtos ativos, atua como um antisséptico e anti-inflamatório.
- Cistite (infecção e inflamação da bexiga). Uva-ursi acalma a sensação de ardor e a irritação que se produz ao urinar. É particularmente eficaz nas cistites crônicas rebeldes a outros tratamentos.
- Uretrite (infecção da uretra). Em alguns casos pode ser de origem venérea.
- Prostatite, produzida quase sempre como consequência de uma infecção urinária.
- Cálculos renais e areias. Tem uma ação benéfica sobre estas afecções, impedindo a infecção da urina que costuma acompanhá-las. Uva-ursi dá uma cor esverdeada à urina, o que indica que o tratamento está produzindo efeito.
Precauções
O tratamento com uva-ursi não deve durar mais de 10 dias seguidos, ou 15 no máximo. Se for necessário, pode-se repetir depois de passadas algumas semanas. Algumas pessoas de estômago delicado podem apresentar intolerância digestiva ao tanino contido nas folhas da planta. Nestes casos, recomenda-se reduzir a concentração da tisana (usar só 20-30 g de folhas) e tomar simultaneamente carvão vegetal, que absorve os taninos.
Mulheres grávidas devem evitar usar esta planta, pois pode reduzir o fornecimento de sangue para o feto. Grandes doses podem levar a náuseas e vômitos devido ao teor de tanino. Doses exageradas também podem resultar em zumbido, náuseas, vômitos, falta de ar, convulsões e colapso.
Preparação e emprego
Uso interno
Decocção: 50-60 g de folhas secas e trituradas, umedecidas previamente durante 3-4 horas, por cada litro de água. Ferver durante 15 minutos e tomar uma chávena a cada 3-4 horas. Não convém espaçar mais o consumo, pois os princípios ativos eliminam-se rapidamente pela urina.
Maceração: 50-60 folhas num litro de água. Deixar repousar durante 24 horas. Depois coa-se e toma-se 3 chávenas por dia, ligeiramente aquecida. É uma boa alternativa para tomar a uva-ursi sem sofrer os efeitos indesejáveis do tanino; ainda que, assim, os efeitos da planta sejam menos intensos do que os que se obtêm com a decocção.
Existem diversos preparados farmacêuticos à base de extrato de uva-ursi, que o médico pode receitar de acordo com a situação do paciente.
Monografias farmacopeicas
Pb. Bras. I, Ph. Eur. III
Interaçöes com medicamentos [1]
Anti-inflamatórios não-esteroides. Resultado: ocorre efeito aditivo de irritação ao trato gastrointestinal.
Furosemida (diurético). Resultado: pode reduzir o efeito do diurético por promover retenção do sódio.
Hidroclorotiazida (diurético). Resultado: pode reduzir o efeito do diurético por promover retenção do sódio.
Lítio (estabilizador do humor). Resultado: o fitoterápico potencializa efeito tóxico do lítio uma vez que possui efeito diurético.
Outros usos
Uma tintura marrom-amarelada é obtida das folhas e não requer mordente (fixador de cores). Uma tintura marrom-acinzentada é obtida do fruto. Seus frutos secos são usados em chocalhos e como miçangas em colares. As folhas são ótimas fontes de tanino. As bagas amassadas podem ser friccionadas nos interiores de cestas de raiz de cedro para impermeabilizá-las.
Constitui uma boa cobertura de solo nas margens arenosas e íngremes em locais de grande incidência solar ou de luminosidade leve.
Colaboração
- Rosane Maria Salvi, Médica (Porto Alegre, RS), 2009.
- Eliane, Diefenthaeler Heuser, Bióloga (Porto Alegre, RS), 2009.
- Carla Rafaela de Oliveira, estudante de Sistemas de Informação da UNIMEP (Piracicaba, SP), 2014.
Referências
- SALVI, R.M.; HEUSER E. D. Interações medicamentos x fitoterápicos: em busca de uma prescrição racional. EDIPUCRS, Porto Alegre (RS). 2008.
- ROGER, J. D. P. Plantas que curam - Enciclopédia das Plantas Medicinais. Publicadora Atlântico, V.1.
- Plants for a Future: Arctostaphylos uva-ursi - Acesso em 20 de dezembro de 2014
- Farmacognosia – Glicosídeos (Heterosídeos) - Acesso em 20 de dezembro de 2014
- Wikipedia: Bearberry - Acesso em 20 de dezembro de 2014
- Image: Wikimedia Commons (Author: Adrian) - Acesso em 20 de dezembro de 2014
- The Plant List: Arctostaphylos uva-ursi - Acesso em 20 de dezembro de 2014
GOOGLE IMAGES de Arctostaphylos uva-ursi - Acesso em 20 de dezembro de 2014