Uva-espin

Nome científico: 
Berberis vulgaris L.
Família: 
Berberidaceae
Sinonímia científica: 
Berberis aethnensis Bourg. ex Willk. & Lange
Partes usadas: 
Fruto (a parte mais utilizada), casca, raiz, caule.
Constituintes (princípios ativos, nutrientes, etc.): 
Dextrose, frutose, ácidos, pectina, resina, vitaminas, minerais, umidade, gordura, proteína, alcaloides, taninos, carotenoides, antocianinas, compostos fenólicos.
Propriedade terapêutica: 
Anticancerígeno, anti-inflamatório, antioxidante, antidiabético, antibacteriano, analgésico, antinociceptivo, hepatoprotetor.
Indicação terapêutica: 
Febre, tosse, doença hepática, depressão, hiperlipidemia, hiperglicemia, sangramento.

Nome em outros idiomas

  • Inglês: Barberry, common barberry, European barberry

Origem, distribuição

O gênero Berberis é nativo de regiões temperadas e semitropicais da Ásia, Europa, África, América do Norte e América do Sul.

Descrição [3,4]

Arbusto de folha caduca, cresce até 4m. Ramos ramificados até 3 m, casca amarelo-cinza, folhas alternadas, oboval a oblongo-oval, 2-5 cm de comprimento, margens serrilhada, verde. 

Flores amarelas, pequenas, bracteadas, dispostas em racemos. Fruto baga elipsoide escarlate, comestível, com suco ácido.

Uso popular e medicinal

Um excelente estudo sobre essa planta foi apresentado no Oxidative Medicine and Cellular Longevity open access journal [1]. O texto a seguir foi elaborado com base nesse artigo.

Várias partes desta planta - raiz, caule, folha e fruto - são usadas na medicina tradicional do Irã e de outros países para cálculo renal, doenças do trato urinário, gastrointestinais, hepáticas, vesícula biliar, estímulos do sistema circulatório etc.

Em resumo temos o seguinte:

  • Sistema cadiovascular: anti-hipertensivo (folhas secas), antiedema (casca do caule), varizes (raiz, decocção).
  • Sistema gastrointestinal: colerético (planta inteira seca), colagogo (extrato aquoso da raiz), diarreia (raiz)
  • Movimentos do intestino (casca da raiz seca fervida), doenças do fígado e da vesícula biliar (casca seca da raiz), úlceras intestinais (raiz), hepatite (casca seca fervida da raiz).
  • Sistema endrócrino: dismenorreia (fruto, extrato aquoso da raiz seca), menorragia (sangramento excessivo, extrato aquoso da raiz), contraceptivo (extrato aquoso da raiz)
  • Sistema imune: anti-inflamatório (raiz seca), artrite reumatoide (casca seca da raiz, casca do caule fervida), gota (flor fervida)
  • Sistema nervoso central: redução de febre (extrato aquoso do fruto seco), sedativo (raiz seca), inflamação do rim (raiz seca), nefrite (casca seca fervida da raiz).

Dentre os componentes são destacados alcaloides (acantina, berbamina, berberina, berlambina, bervulcina, columbamina, palmatina), tanino, carboidrato de pectina, flavonoides (delfinidina-3-o-beta-d-glucosídeo, quercetina, petunidina-3-o-beta-d-glucosídeo), vitaminas (ácido ascórbico C, alfa-tocoferol E, K), alcano (ácido málico).

Os autores concluem que o componente mais importante, berberina, desempenha seu efeito anti-inflamatório e imunomodulador por meio da mudança da resposta imune celular para Th2, indução de T reg, inibição de citocinas inflamatórias (IL-1, TNF e IFN-?) e estimulação de IL-4 e IL-10. A indução de apoptose em APCs e outras células efetoras foi outro mecanismo importante.

A berberina demonstrou ter várias propriedades farmacológicas tais como atividades antimicrobiana, anticâncer e imunomoduladora, sendo que as atividades hipocolesterolêmica e hipoglicêmica vieram à tona recentemente. Além disso, a berberina parece ter efeitos úteis no sistema cardiovascular devido às suas atividades vaso-relaxante e hipotensiva, e potencial preventivo da insuficiência cardíaca congestiva, hipertrofia cardíaca e arritmia. 

A evidência experimental e clínica disponível até o momento na literatura mostra interessantes perspectivas de emprego da berberina no tratamento da hipercolesterolemia e diabetes. Isso poderia abrir caminho não apenas para uma nova possibilidade terapêutica eficaz no controle da hipercolesterolemia em pacientes que não toleram estatinas, mas também para novas formas de terapia do diabetes e todas aquelas situações caracterizadas por sinais evidentes de síndrome metabólica, com possível redução de risco cardiovascular. 

Por fim os autores recomendam testar e aplicar os compostos ativos de B. vulgaris na indústria farmacêutica para controlar doenças inflamatórias, autoimunes e metabólicas.

 Dedicado a Antônio dos Santos (Manaus, AM)

 Referências

  1. Hindawi (Oxidative Medicine and Cellular Longevity, 2019): Anti-inflammatory and immunomodulatory effects of barberry and its main compounds
  2. US National Library of Medicine (National Institutes of Health, 2017). Berberis vulgaris: specifications and traditional uses
  3. Associação Brasileira de Medicina Biomolecular e Nutrigenômica: Berberis vulgaris
  4. Universidade da Madeira (Projecto Biopolis): Berberis vulgaris
  5. Image: Creative Commons Attribution-Share Alike 4.0 International license (Author: Stefan.lefnaer)
  6. The Plant List: Berberis vulgaris

GOOGLE IMAGES de Berberis vulgaris