Tratamento alternativo da dermatite atópica crônica

 

Esse artigo aborda o tratamento alternativo da dermatite atópica crônica. O texto-base de referência é da University of Maryland Medical Center [1], que recomenda duas perspectivas: nutrição (optar por uma dieta saudável) e uso de ervas. 

Em resumo vamos saber o que é a doença, quais são os sintomas, as causas, a ênfase nutricional sugerida e indicar as ervas que podem auxiliar na terapia.

O que é?

A dermatite atópica (ou eczema atópico) é um tipo de alergia de pele que apresenta eczema (ressecamento) e coceira intensa, ocorrendo principalmente nas dobras de braços, pernas, face, pescoço e às vezes em todo o corpo. Tem início na infância, mas pode aparecer em qualquer época da vida e tem grande relação com alergia respiratórias. Às vezes precede o quadro respiratório e às vezes são simultâneos. Evolui de forma lenta com período de melhora intercalada com período de crises [3]. 

Nos adultos caracteriza-se por ser muito seca, escamosa e com intensa comichão no rosto e no corpo [4].

Sintomas

Os principais sintomas do eczema são pruridos (coceiras), formação de bolhas, placas de comichão na pele que aparecem e desaparecem, cicatrizes, textura da pele semelhante ao pelo de animal e maior escurecimento ou branqueamento de certas áreas da pele

Causa

A causa deste mal é desconhecida, mas pode ser devido a uma combinação de pele seca e reação autoimune. Pessoas que têm eczema muitas vezes têm outras alergias.

Existem várias estratégias complementares e alternativas que podem ajudar a tratar a doença. Pessoas com eczema têm alergia alimentar, portanto optar por uma dieta saudável pode ajudar a reduzir a inflamação e reações alérgicas. A dermatite associada com o estresse e ansiedade pode melhorar com técnicas mente-corpo como a meditação, tai chi e yoga.

Nutrição

Recomenda-se evitar a exposição a alérgenos ambientais ou alimentares. Os alimentos mais comuns que causam reações alérgicas são leite, soja, citros (laranja, limão, tangerina, etc.), amendoim, trigo, produtos que contêm glúten, peixe, ovos, milho e tomate.

Sugere-se ingerir menos gorduras saturadas (carnes, especialmente de aves e produtos lácteos), alimentos refinados e açúcar. Estes alimentos contribuem na inflamação do corpo. Por outro lado, ingerir mais vegetais frescos, grãos integrais e ácidos graxos essenciais encontrados em peixes de água fria [6] (como salmão, truta, bacalhau e arenque), nozes e sementes.

Óleo de peixe. Como observado em um estudo, pessoas que tomam óleo de peixe equivalente a 1,8 g de EPA (ácido eicosapentaenóico, um dos ácidos graxos ômega-3 encontrados no óleo de peixe) tiveram redução significativa nos sintomas de eczema após 12 semanas. Sabe-se que óleo de peixe ajuda a reduzir o leucotrieno B4, uma substância envolvida no processo inflamatório. Ao tomar óleo de peixe em altas doses, certifique-se de usar um produto que remova a maior parte da vitamina A. O excesso de vitamina A ao longo do tempo pode ser tóxico. Somente o médico pode encontrar a dose certa.

EPA é importante por sua ação anti-inflamatória, pois atua na produção de substâncias anti-inflamatórias denominadas prostaglandinas E3 [7].

Probióticos [8] (bifidobactérias e lactobacilos, bactérias benéficas da flora intestinal) podem impulsionar o sistema imunológico e controlar as alergias, especialmente em crianças. Estudos mostram que tomar probióticos durante a gravidez ou na primeira infância, pode proteger contra o desenvolvimento da dermatite. Pessoas com sistema imunológico severamente enfraquecido devem falar com seus médicos antes de tomar probióticos.

Em algumas análises constatou-se que o óleo de prímula [9] (Oenothera biennis) ajuda a reduzir a coceira associada ao eczema. Esse óleo produz substâncias que intermedeiam a resposta inflamatória nos casos de dermatites.

Assim como óleo de prímula, o óleo de borragem (Borago officinalis) contém o ácido graxo essencial GLA (500 a 900 mg por dia, em várias doses) que atua como anti-inflamatório. Deve-se apontar aqui uma divergência entre estudos científicos. Alguns mostram que GLA ajuda a reduzir os sintomas do eczema, já outros concluem que não existe qualquer efeito.

A bromelaína [10] (100 a 250 mg, 2 a 4 vezes por dia), enzima derivada de plantas da família Bromeliaceae (abacaxi, por exemplo), é outra substância que ajuda a reduzir a inflamação, devido ao efeito de afinar o sangue. Bromelaína é usada como suplemento terapêutico desde meados do século XX.

Atenção
Pessoas que tomam anticoagulante (medicamento para afinar o sangue) devem ter cuidado com óleos (de peixe, prímula, de borragem) e bromelaína, devem consultar o médico.

Vitamina C (1,0 mg, 2 a 4 vezes por dia) pode atuar como anti-histamínico (antialérgico). Um estudo relata que esta vitamina ajudou a reduzir os sintomas de eczema, porém mais estudos são necessários para respaldar essa indicação. Outros hipoalergênicos indicados são rosa-mosqueta e palmitato. Hipoalergêncios ajudam a diminuir o risco de provocar um sintoma alérgico em um produto adquirido.

Flavonoides, antioxidantes encontrados em frutos de bagas escuras como framboesa, amora-negra e cereja também têm propriedades anti-inflamatórias, reforçam o tecido conjuntivo e podem ajudar a reduzir as reações alérgicas. Os seguintes flavonoides podem ser tomados na forma de extrato seco: catequina (25 a 150 mg, 2 a 3 vezes por dia), quercetina (50 a 250 mg, 2 a 3 vezes por dia), hesperidina (50 a 250 mg, 2 a 3 vezes por dia) e rutina (50 a 250 mg, 2 a 3 vezes por dia).

Ervas
O uso de ervas é uma prática consagrada desde tempos remotos para fortalecer o corpo e tratar doenças. Podem no entanto podem provocar efeitos secundários e interagir com outras ervas, suplementos ou medicamentos. Ao aplicar ervas sobre a pele é importante certificar-se de que não tenha feridas abertas, pois pode resultar em infecção grave. Lembre-se de que toda orientação deve partir de um profissional de saúde. 

Cremes e unguentos contendo camomila (Matricaria recutita), morrião-dos-passarinhos (Stellaria media), calêndula (Calendula officinalisou alcaçuz (Glycyrrhiza glabrapodem ajudar a aliviar o ardor, o prurido e promover a cicatrização. A melhor evidência é a camomila. Há um relato de que um creme de alcaçuz foi mais eficaz do que o efeito placebo.

Morrião-dos-passarinhos tem uma longa história de uso, sendo particularmente benéfica no tratamento externo de qualquer tipo de condição de pele. É valorizada por aliviar a coceira grave, mesmo quando falham outros remédios. A planta inteira é adstringente, carminativa, emoliente, diurética, expectorante, laxante, refrigerante e vulnerária. Em uso interno é útil em queixas do peito e em pequenas quantidades também auxilia a digestão [5]

A planta pode ser aplicada como uma cataplasma para aliviar qualquer tipo de roséola (doença infantil que causa febre e erupções cutâneas), sendo eficaz onde haja veias superficiais frágeis. Uma infusão da erva fresca ou seca pode ser adicionada à água de banho, assim a sua propriedade emoliente vai ajudar a reduzir a inflamação (nas articulações reumáticas, por exemplo) e incentivar a reparação dos tecidos. 

Creme de hamamélis (Hamamelis virginiana) pode aliviar a coceira. Hamamélis líquido pode ajudar a escorrer a dermatite. Erva-de-são-joão (Hypericum perforatum), na forma de creme tópico, demonstrou ser promissor em um estudo duplo-cego. Pessoas com eczema que usaram erva-de-são-joão em um braço e um creme placebo em outro perceberam melhorias no braço tratado com erva-de-são-joão.

Outras ervas que têm sido tradicionalmente aplicadas na pele para tratar a dermatite são salsaparrilha (Smilax sp.) e alteia (Althaea officinalis).

 Referências

  1. University of Maryland Medical Center: Dermatitis - Acesso em 13 de fevereiro de 2016
  2. Botanical Online: Natural treatment of eczema - Acesso em 13 de fevereiro de 2016
  3. Alergo Dermatologia Integrada: Considerações sobre doenças alérgicas - Acesso em 13 de fevereiro de 2016
  4. O cuidado clínico da pele: O que é dermatite atópica - Acesso em 13 de fevereiro de 2016
  5. Plants for a Future: Stellaria media - Acesso em 13 de fevereiro de 2016
  6. Hospital Alberto Einstein: Peixe um rico alimento - Acesso em 13 de fevereiro de 2016
  7. NatueLife: DHA e EPA ácidos graxos da família ômega-3 - Acesso em 13 de fevereiro de 2016
  8. EHow: Papel da bifidobacterium em humanos - Acesso em 13 de fevereiro de 2016
  9. Dicas para perder peso: Óleo de prímula - Acesso em 13 de fevereiro de 2016
  10. BIOVIP: Bromelaína - Acesso em 13 de fevereiro de 2016

 

Comentários

imagem de Martha B. de Lima

Legal a matéria não conhecia as propriedades do morião, grata.
imagem de Ana Lucia

Boa matéria. Mostra também a importância de uma dieta equilibrada e que, alguns alimentos podem desencadear as alergias e agravar quadros de doenças crônicas. Na minha opinião, todo o tratamento precisa ser feito internamente e externamente. Uma alternativa é introduzir dietas desintoxicantes ao menos 1 vez por semana. existem vários profissionais indicando essa prática. Também não conhecia a morrião-dos-passarinhos e o alcaçuz para esse fim.