Pitangueira

Nome científico: 
Eugenia uniflora L.
Família: 
Myrtaceae
Sinonímia científica: 
Eugenia uniflora var. atropurpurea Mattos
Partes usadas: 
Folhas, frutos
Constituintes (princípios ativos, nutrientes, etc.): 
Carotenoides (fruto), citronelol, geraniol, cineol, sesquiterpenos (folha). Fruto com maior teor documentado de pro-vitamina A na natureza.
Propriedade terapêutica: 
Anti-irritante, calmante, anti-inflamatória, diurética, antioxidante, antimicrobiana.
Indicação terapêutica: 
Rugas, envelhecimento da pele, diarreia, inflamações da garganta e gengiva, febre, doenças estomacais e cardiovasculares, hipertensão, obesidade, reumatismo, bronquite.

 Esta espécie é considerada Planta Alimentícia Não Convencional.

Nome em outros idiomas

  • Inglês: brazil-cherry, surinam-cherry
  • Francês: cerisier carré, cerisier de Cayenne
  • Alemão: cayennekirsche, surinam-kirschmyrte
  • Espanhol: cerezo de Cayena, nagapiry, pitanga 

Origem, distribuição
Regiões tropicais da América do Sul. E
ncontrada em vários Estados do Brasil (sobretudo Pernambuco, um dos maiores produtores), norte do Uruguai, nordeste da Argentina e oeste do Paraguai em bosques, beira de arroios e rios ou cercando banhados. 

Descrição
Planta perene, arbustiva, atinge 2 a 5 m no campo ou até 15 m na mata. Tronco tortuoso de casca lisa e esbranquiçada.

Folhas simples, opostas, com pecíolos curtos e limbo oval- lanceolado, glabro, verde-escuro e brilhante na face superior e verde mais claro na inferior. Bordos lisos, base arredondada e ápice acuminado, nervuras peninérveas bem visíveis na página dorsal. A folhagem se renova sendo as novas avermelhadas e tenras.

Flores pequenas, actinomorfas, diclamídeas, tetrâmeras. Corola dialipétala  com 4 pétalas branco pouco duráveis e reclinadas em direção ao pedúnculo. Cálice formado de 4 sépalas persistentes no fruto. Estames numerosos dispostos em várias séries. Gineceu ínfero, bilocular, com o estilete filiforme. Inflorescência em fascículos de 2-3 flores ou solitárias. Florescimento no fim do inverno e início da primavera.

Frutos constituídos de bagas carnosas, achatadas, sulcadas longitudinalmente, com o cálice persistente, amarelas passando a alaranjadas, vermelho-claras e por fim roxo-escuras, com 8 costelas ou gomos e pedúnculo longo.

Sementes constituídas de um ou dois caroços esbranquiçados, celulósicos mas relativamente macios.

Uso popular e medicinal

Na medicina popular é utilizada como anti-inflamatória, antibiótica, antidiarreica, antisséptica bucal, digestiva, antitérmica, excitante, febrífuga, aromática, antirreumática, antidisentérica, calmante, diurética, anti-hipertensiva, hipoglicêmica e antitriglicerídeos.

Também indicada no combate a bronquite, tosse, febre, gripe, ansiedade, cólica, colite, desarranjo, afecções do intestino, dores nas pernas, cicatrizante, enxaquecas, dores em geral, desidratação, caxumba, rubéola, gases, sarampo, catapora, hipertensão arterial e verminoses. 

A pitangueira é uma das 71 plantas medicinais selecionadas pelo Ministério da Saúde como de interesse ao SUS.

Atua contra o envelhecimento precoce da pele. Assim como a cenoura e o tomate, a pitanga é importante fonte de carotenoides, os precursores da vitamina A (convertidos em vitamina A dentro da pele). Carotenoides são menos irritantes para a pele do que os produtos comerciais existentes no mercado feitos a base de retinoides.

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos enquadra o fruto com o maior teor documentado de pro-vitamina A na natureza, contendo em média 1500 IU (Unidades Internacionais) /100 g de fruto.

O óleo essencial das folhas é rico em citronelol, geraniol, cineol e sesquiterpenos, os quais têm demonstrado possuir atividade antimicrobiana. Sesquiterpenos tem demonstrado potente efeito anti-irritante quando aplicado sobre a pele. Essa atividade benéfica contrabalanceia os efeitos do uso da pró-vitamina A sobre a pele e efeitos pro-inflamatório das reações da pele à exposição aos raios UV.

 Culinária

De polpa agridoce e perfumada, a pitanga é uma fruta muito apreciada na culinária. De sua polpa obtém-se geléias, vinhos, doces, licores, sorvetes. Usada em infusões em cachaça e suplementos alimentares. As flores são comestíveis, podendo ser utilizadas em saladas ou adicionadas a doces e licores. Em pequenas quantidades, as folhas são muitol apreciadas no preparo de sucos verdes. 

Outros usos
A pitangueira possui valor como árvore ornamental, podendo ser utilizada como quebra-vento. A madeira é de boa qualidade, foi muito utilizada para a confecção de cabos de ferramentas e de agulhas de diferentes tamanhos para costurar redes de pesca. 

As folhas, esmagadas, servem como repelente a insetos.

Seus frutos constituem importante fonte de alimento para a avifauna, sendo recomendada para plantio em reflorestamentos mistos destinados à preservação ou recuperação de áreas degradadas, matas ciliares ou arborização de represas e lagos destinados a piscicultura, pois são apreciados por várias espécies de peixes. 

Cultivo

Variedades. Não foram encontradas informações sobre a existência de variedades melhoradas desta espécie.

Clima. Adapta-se às diversas condições climáticas do RS desde a mata Atlântica no clima quase tropical aos subtropicais e temperados do Planalto e do Nordeste do Estado. É resistente ao frio e vegeta tanto como pioneira em locais iluminados, mas muito melhor em condições de meia-sombra.

Solos. Solos de várzeas, úmidos e ricos em matéria orgânica são os mais produtivos embora possa também ser cultivada nos solos mais secos e dobrados.

Propagação. É feita por sementes. Estas são colhidas de plantas saudáveis, bem formadas e produtivas. Os frutos são despolpados e os caroços lavados e secados a sombra. Devem ser plantadas dentro de poucos dias antes que sequem. São semeados em embalagens individuais para não dobrar a raiz principal que é longa e pivotante. São cobertas com leve camada de bom solo e postos a meia-sombra ou viveiro de sombrite. O nascimento é irregular e demorado. As mudas devem ficar no viveiro até que tenham 1 palmo aproximadamente.

Plantio. O plantio das mudas formadas no viveiro é feito no outono ou inverno até o início da primavera. As covas são cobertas a uma distância de 4 x 4 m para dar um bom arejamento ao pomar. Regar e tutorar as mudas.

Tratos culturais. Resumem-se a roçagens do mato alto e capinas em coroa para apressar o crescimento das mudas. Irrigar até o “pegamento” e regar posteriormente só em caso de secas severas.

Pragas e doenças. Formigas cortadeiras apreciam as folhas e os frutos maduros. Marimbondos também furam os frutos maduros e o mesmo acontece no ataque de moscas das frutas. por vezes as folhas são alvo de galhas em que abrigam larvas de moscas, não sendo grande porém os danos por estes insetos. Foi observado o avermelhamento anormal de folhas na sua página inferior, ataque de itiologia ainda desconhecida.

Colheita. Como a parte usada como fitoterápico são as folhas, estas são colhidas do verão ao início do outono. A colheita dos frutos é realizada no fim da primavera, no pleno amadurecimento dos mesmos. Deve-se realizar uma desfolha parcial para não comprometer a vida das plantas. As folhas devem ser secas de imediato a temperatura moderada (35º a 38º C) para conservar os óleos essenciais.

 Referências

  1. Revista Eletrônica de Farmácia (2008): Caracterização farmacognóstica das folhas de E. uniflora - Acesso em 29 de maio de 2016
  2. CASTRO, L. O.; CHEMALE, V. M. Plantas Medicinais, Aromáticas e Condimentares – Descrição e Cultivo. Livraria e Editora Agropecuária, Guaíba (RS). 1995.
  3. Flora SBS: Pitanga-vermelha - Acesso em 29 de maio de 2016
  4. Garden City: Sobre envelhecimento da pele - Acesso em 29 de maio de 2016
  5. Imagem: Árvores do Brasil - Acesso em 29 de maio de 2016
  6. The Plant List: Eugenia uniflora - Acesso em 29 de maio de 2016

GOOGLE IMAGES de Eugenia uniflora - Acesso em 29 de maio de 2016