Origem, distribuição
Índia, onde é utilizada há centenas de anos sendo as folhas, frutos e a casca da árvore as principais fontes medicinais. Nim foi descrita no livro Sharaka-samhita, creditado ao médico da antiguidade Sharaka, praticante da Ayurveda; e sistema Unani, também conhecido por medicina árabe ou islâmica, tradicional sistema de saúde do Sul da Ásia cujas origens são as doutrinas dos médicos gregos Hipócrates e Galeno [5,6].
A planta foi introduzida no Brasil pelo Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR) em 1986 com o objetivo de pesquisar a sua ação inseticida. Ocorre no Centro-Oeste, Nordeste, Norte e Sudeste.
Descrição [2,4]
Árvore de grande porte, perene ou decídua, resistente, de rápido crescimento. Em situação favorável pode atingir até 30 m de altura e 2,5 m de diâmetro. Tronco com casca parda-acinzentada saliente, estreitamente fissurada transversa e longitudinalmente. Ramagem longa formando copa arredondada.
As folhas são compostas e imparipinadas aglomeradas nos extremos dos ramos, simples e sem estípulas. Inflorescências em panículas axilares mais curtas que as folhas, com flores branco-creme, pequenas e com odor de mel. Os frutos são drupas elipsoides lisas, amareladas, com polpa carnosa não comestível, produzidos normalmente uma vez ao ano.
A semente consiste em um pericarpo carnudo que armazena em seu interior o conhecido óleo de nim.
Uso popular e medicinal
O óleo de nim é popularmente utilizado na agricultura no combate a lagartas e pragas como nematoides, fungos e bactérias. As propriedades medicinais e terapêuticas são encontradas nas sementes, folhas e casca da árvore.
O principal produto é o óleo retirado das sementes, que contém inúmeros compostos ativos sendo a azadiractina o mais importante. Esta substância causa diversos efeitos nos insetos:
- Ação deterrente (defesa contra predadores)
- Regulador da alimentação: se a folha da planta é tratada com produto a base de nim, o inseto "regurgita" e passa a não mais se alimentar da folha;
- Antiovopositora (inibe as fêmeas de depositar ovos)
- Regulador de crescimento: produtos a base de nim interferem no desenvolvimento larval e no processo de transformação de larvas em pupas
- Regulador de fecundidade: nim reduz a fecundidade dos ovos
- Redutor da aptidão física do inseto [4].
A Embrapa Amazônia Oriental [3] lançou uma metodologia para controle alternativo da fusariose da pimenteira-do-reino (Piper nigrum), com folhas de nim-indiano incorporadas ao solo onde as mudas crescem, permitindo que sejam transplantadas para o campo totalmente livres da fusariose (veja quadro).
“O uso de folhas de nim indiano é 100% eficaz no controle da fusariose quando aplicadas na formação das mudas”, afirma a responsável pela pesquisa fitopatologista Celia Regina Tremacoldi, baseada nos resultados dos experimentos. Ela revela que a vida útil de um pimental pode ser superior a 12 anos, mas em áreas de fusariose não tem passado de cinco ou seis anos. “Se as mudas forem transplantadas doentes, esse tempo diminui mais ainda: já no primeiro ou no máximo segundo ano o produtor perde metade do plantio”, alerta. |
Fusariose, ou podridão de raízes, é uma doença que dizima pimentais, causando enormes prejuízos aos pipericultores. A doença é causada por um fungo presente no solo, o Fusarium solani f. sp. piperis. Não há cultivares comerciais resistentes nem tratamento químico eficaz contra o fusarium. Nesse caso o nim trás benefícios para os agricultores familiares e pequenos produtores, pois é de fácil aplicação e baixo custo. |
Na Ayurveda, nim tem diversas aplicações [4]:
- Folha: hanseníase, problemas de visão, sangramento nasal, vermes intestinais, anorexia, problemas na bílis, úlceras de pele.
- Casca: analgésico alternativo, febre.
- Flor: supressão da bílis, eliminação de vermes intestinais e secreções.
- Fruto: hemorroidas, vermes intestinais, infecção urinária, sangramento nasal, secreções, problemas de visão, diabetes e hanseníase.
- Ramo: alivio da asma, tosse, hemorroidas, vermes intestinais, espermatorreia, incontinência urinária, diabetes.
- Resina: doenças de pele como escabiose e feridas.
- Polpa e óleo da semente: hanseníase, vermes intestinais.
Outros usos [2]
Folhas, frutos, sementes, casca e madeira têm diversas aplicações tanto como fonte de materiais usados pela medicina, veterinária, cosmética (fabricação de xampu, óleo para cabelo, tônico capilar, óleo para a unha), como na produção de adubos e no controle biológico de pragas e doenças que atacam plantas e animais no campo.
Outros usos incluem caixotaria, construção civil, marcenaria e ornamental. São plantadas em calçadas para dar sombra.
Para mais informações sobre produtos, princípios ativos, propriedades medicinais, preparação caseira de defensivos, etc, consultar a referência [7].
Colaboração
- Márcio Landes Claussen, Engenheiro Químico aposentado, Brasília (DF), 2014.
Referências
- Plant Resources of Tropical Africa: Azadirachta indica - Acesso em 20/12/2014
- Imagem: Instituto Brasileiro de Florestas - Acesso em 20/12/2014
- OrganicsNet (2011): Nim mostra-se eficaz contra fusariose da pimenta-do-reino - Acesso em 20/12/2014
- Universidade Federal do Paraná (UFPR, 2006): O cultivo do nim-indiano (Azadirachta indica), uma visão econômica - Acesso em 20/12/2014
- Enciclopaedia Britannica: Charaka-samhita - Acesso em 20/12/2014
- Enciclopaedia Britannica: Unani medicine - Acesso em 20/12/2014
- Nim: Árvore da Vida (compilação de textos encontrados na web) - Acesso em 20/12/2014
- The Plant List: Azadirachta indica - Acesso em 20/12/2014
GOOGLE IMAGES de Azadirachta indica - Acesso em 20/12/2014