Nome em outros idiomas
- Inglês: mora, cuban fustic mulberry
- Espanhol: mora amarilla
- Francês: mûrier des teinturiers
- Alemão: färbermaulbeerbaum
Origem, distribuição
Originária da América Central e América do sul.
Estudos indicam que no Brasil existem 28 gêneros de Moraceae e cerca de 340 espécies representadas por árvores, arbustos, gramíneas, trepadeiras e até mesmo epífitas (plantas que vivem sobre outras plantas, algo comum nas florestas tropicais, onde a competição por luz e espaço não permite que plantas herbáceas prosperem sobre o solo).
O gênero Maclura consiste em 11 espécies com distribuição exclusivamente tropical. Três espécies ocorrem no continente americano, dos EUA até a Argentina. No Brasil só ocorrem a Maclura tinctoria e Maclura brasiliensis.
Descrição
Espécie pioneira (veja destaque), pode atingir de 15 a 30 m de altura, com tronco de 50 a 100 cm, cheia de espinhos. Todas as partes da planta exsudam látex amarelo. Madeira moderadamente pesada, dura, flexível, com alta resistência ao ataque de fungos, cupins e outros organismos xilófagos (insetos que se alimentam de madeira), mesmo em condições favoráveis ao apodrecimento. | Plantas pioneiras têm crescimento rápido, se desenvolvem bem a céu aberto, são árvores de porte alto, têm tempo de vida curto na floresta (entre 6 a 15 anos) e formam sombras que servem de proteção ao crescimento das plantas secundárias. |
Sua madeira é excelente para postes, mourões, esteios, estacas, cruzetas, dormentes, caibros, vigas, tacos e tábuas para assoalhos, cabos de ferramentas, revestimentos decorativos, peças torneadas, etc.
Folhas simples, com a parte inferior verde mais clara, medindo de 8 a 15 cm de comprimento. A floração ocorre de setembro a outubro e a colheita das sementes no mês de janeiro.
Apresenta inflorescência feminina capitada, axilar, geralmente solitária, subglobosa, de coloração esverdeada, com cerca de 10 mm de diâmetro. A inflorescência masculina é espiciforme, axilar, em geral solitária, de coloração amarelo-pálida a creme, com 3 a 11 cm de comprimento.
Os frutos desta espécie são doces e consumidos ao natural, mas não difundidos entre a população. São apreciados especialmente pelas aves, que contribuem com a dispersão de suas sementes. Têm forma oblonga, formados de núculas comprimidas, pericarpos carnosos e doces, indeiscentes, de coloração amarelo-esverdeada quando maduros.
A semente madura é achatada lateralmente, ligeiramente ovalada, com coloração creme e superfície lisa, formando plântulas classificadas como epígea-foliácea, apresentando elevada taxa de germinação.
Uso popular e medicinal
Os extratos desta espécie elaborados a base da madeira e casca possuem atividades antibacteriana e antioxidante. Na saúde bucal, estudos preliminares da atividade antimicrobiana evidenciaram que esta espécie possui efeito antibacteriano a Streptococcus sanguinis (bactéria gram-positiva formadora da placa dental, causa destruição do osso alvéolo e pode levar a perda do dente), Streptococcus mutans (um dos principais causadores da cárie dentária) e outras bactérias periodontopatogênicas.
Teste em ratos avaliou a atividade anti-inflamatória e analgésica, concluiu que os extratos etanólicos e a scandenone (ou warangalone), uma isoflavona isolada, demonstraram atividade anti-inflamatória e antinociceptiva (que anula ou reduz a percepção e transmissão de estímulos que causam a dor).
Estudos comprovaram a presença de compostos fenólicos particularmente flavonoides, com ação antimicrobiana, antimalária e anti-HIV.
As folhas e cascas do caule são adstringente e cicatrizante, aliviam dores reumáticas. O látex possui ação anti-inflamatória e analgésica, particularmente para dores de dente.
O exsudado da haste e o chá da casca são utilizados pela população nativa devido as suas propriedades anti-inflamatórias. A resina é utilizada contra dores de dentes. Seus frutos são comestíveis e têm um sabor doce, podem ser consumidos crus ou em sucos.
Estudos encontrados na literatura da análise química de espécies de Maclura tinctoria reportam o isolamento e identificação de flavonoides, xantonas, flavonas e glicosídeos calcona de extratos da casca nas regiões florestais da Bolívia, Peru e Venezuela.
Alguns dos compostos identificados apresentam atividade anti-HIV, antifúngica e antioxidante equivalente a trolox (um potente antioxidante derivado da vitamina E) e betacaroteno.
Outros usos
A resina é utilizada como corante. O corante amarelo é denominado maclurina, solúvel em água. Seus extratos servem para a obtenção de cores que vão do amarelo ao pardo, podendo ser utilizados na tinturaria de tecidos.
Referências
- Universidade Federal de Goiás (2009): Plantas medicinais utilizadas em saúde bucal pela comunidade de Firminópolis (GO) - Acesso em 8 de outubro de 2017
- Evidence-based Complementary and Alternative Medicine (2012): Chemical analysis and study of phenolics, antioxidant activity and antibacterial effect of the wood and bark of Maclura tinctoria - Acesso em 8 de outubro de 2017
- RODRIGUES, S.; CAETANO, D. G.; CAETANO, C. M. Espécies frutíferas do centro-sul do Estado de Rondônia, Amazônia brasileira. Faculdade de Ciências Biomédicas de Cacoal (FACIMED), Cacoal (RN). 2005.
- Cayman Chemical: Trolox - Acesso em 8 de outubro de 2017
- HOEHNEA (2013): Germinação de sementes de Maclura tinctoria sob diferentes regimes térmicos influenciados pela luz - Acesso em 8 de outubro de 2017
- Florestas Nativas: Taiúva - Acesso em 8 de outubro de 2017
- Imagem: Flora Digital (Autores: Eduardo L. H. Giehl, Marcio Verdi, Rafael M. Callegaro) - Acesso em 8 de outubro de 2017
- The Plant List: Maclura tinctoria - Acesso em 8 de outubro de 2017
GOOGLE IMAGES de Maclura tinctoria - Acesso em 8 de outubro de 2017