Origem, distribuição
Árvore nativa da Somália, Arábia e Iêmen.
Descrição
Mirra é extraída da Commiphora myrrha, pequena árvore que pode crescer até 5 m de altura, tem casca e galhos nodosos, algumas folhas e pequenas flores brancas. Quando é feita uma incisão na casca, a resina de goma exsuda como um líquido amarelo pálido, que seca em pedaços castanho-avermelhados de tamanho de uma noz, a partir do qual o óleo é destilado.
Após o período de chuvas uma incisão é feita no tronco que exala uma resina amarela, amarga e aromática, que ao secar adquire tonalidade marrom-avermelhada e formas irregulares. Nesse caso a única maneira de aproveitá-la é misturar com um pouco de álcool etílico [7].
Vários conceitos são definidos para distinguir as substâncias extraídas de plantas aromáticas. Entende-se a mirra como uma mistura mais ou menos homogênea de resina, goma e óleo essencial, são os subprodutos extraídos do tronco, caule e ramos da espécie C. myrrha [6,8]. Leia mais na seção Derivados da mirra. |
A mirra comercial é extraída de pelo menos 10 espécies diferentes de Commiphora, dentre aproximadamente 190 espécies conhecidas.
Uso popular e medicinal
Mirra é um componente de perfumes e incenso altamente valorizada desde tempos remotos, quando foi muito usada como conservante de vinhos, em misturas de embalsamamento, funerais e repelente de insetos. É considerado óleo sagrado por alguns povos e religiões.
Há relatos na cultura grega de que soldados levavam a mirra aos campos de batalha como parte essencial de equipamento. Devido às suas propriedades antissépticas e anti-inflamatórias, era útil para limpar feridas, prevenir a infecção e propagação de gangrena em partes já infectadas do corpo.
Médicos gregos e romanos a usavam para tratar feridas e internamente como uma ajuda digestiva e promotora da menstruação. Também foi usada como remédio para muitas infecções, incluindo lepra e sífilis [1].
Mirra tem propriedades medicinais reconhecidas tanto popularmente quanto cientificamente. Um trabalho (2013) concluiu que o extrato metanólico de folhas da C. myrrha possui boa capacidade de sequestrar radicais livres atuando como um antioxidante natural [9].
Ensaios científicos demonstraram que o óleo de mirra possui propriedades antissépticas, anestésicas e antitumorais [5].
Diversos trabalhos relatam que a mirra tem extensa gama de aplicações.
Estimula a produção de sucos gástricos, tonifica o trato digestivo, é indicada para diarréia, flatulência, dispepsia, perda de apetite. Também é usada para tratar infecções genitais, leucorréia, aftas, hipomenorréia (fluxo menstrual escasso), gripe, asma, dor de garganta. Estimula a produção de glóbulos brancos, a regeneração das células da pele, auxilia na cicatrização de feridas na pele, trata eczema (ou dermatite) e rugas. Devido às suas propriedades antifúngica, mirra é indicada em lavagem vaginal contra cândida (fungo) ou pedilúvio para pé-de-atleta (infecção causada por fungo) [3].
Mirra é eficaz como antibiótico e desinfetante na medida em que aumenta os glóbulos brancos do sangue em até 4 vezes a quantidade habitual. É um excelente antisséptica da boca, ideal para dores de garganta, feridas, aftas, pequenas lesões que se desenvolvem na boca ou na base das gengivas (piorréia), dor de dente, gengiva irritada pela dentadura e abscessos. Devido às propriedades antissépticas, antivirais e antibacterianas, mirra é excelente para útero, infecções vaginais, corrimento vaginal, dores menstruais, tumores, amenorreia, dismenorreia, menopausa e problemas do útero (limpa o sangue estagnado fora deste órgâo). Tomada internamente, mirra limpa o cólon e regula o sistema digestivo [4].
É um tônico que promove o peristaltismo (ou movimentos peristálticos), relaxa a musculatura lisa, destrói a putrefação no intestino e impede a absorção de toxinas no sangue. Mirra é um "blood mover" (motor de sangue, em tradução literal); aumenta a circulação e a frequência cardíaca [4].
Óleo de mirra combina bem com zimbro, cipreste, lavanda, incenso, árvore-do-chá (melaleuca) e óleo de vetiver. Algumas das características de cura do óleo de mirra devem-se às propriedades antisséptica, desodorante, estimulante, fungicida e tônica. Mais propriedades atribuídas a mirra: refrescante do hálito, contra bronquite, catarro, resfriados, colite, tosse, difteria, enfisema, gangrena, halitose, herpes, hemorróidas, indigestão, infecções, doenças pulmonares, problemas nervosos, redução da fleuma, escarlatina (doença infecciosa que atinge crianças e adolescentes), sinusite, angina, limpeza do estômago, reguladora da tiroide, contra amigdalite e úlceras da perna [4].
Atualmente é usada contra cárie dentária e doenças periodontais.
Derivados da mirra e composição química [2]
A destilação em corrente de vapor da goma-resina produz o óleo de mirra clássico com rendimento de 1,5% a 15%. Devido a tecnologias modernas, obtém-se rendimento mais elevado. O óleo de mirra é um líquido amarelo, viscoso, com odor característico, balsâmico, resinoso e doce. Resinóide de mirra é obtida por extração de goma-resina com solventes voláteis, resulta um vermelho sólido castanho com um cheiro doce. A tintura de mirra é preparada pela maceração de mirra em pó com etanol a 80°, resulta um líquido avermelhado não muito intenso.
O exsudado de espécies de Commiphora contém polissacarideos, sendo portanto classificada como goma-resina. Após o endurecimento, fica escura e amarga. A goma-resina é divisível em três partes, duas solúveis em gordura e uma solúvel em água:
- Fração volátil solúvel em gordura (óleo essencial 1,5-17%): contém monoterpenos e sesquiterpenos. Entre os monoterpenos tem-se a-, ß- e γ-bisaboleno, a-pineno, dipenteno e limoneno, enquanto os sesquiterpenos são heraboleno, cadineno, curzereno (11,9%), curzerenone (11,7%), diidripirocurzerenone (1,1%), elemol, beta-elemeno, t-cadinol, vários furanosesquiterpenóides. Apresenta compostos fenólicos (cinamaldeído, eugenol, cuminaldeido, álcool cumínico, m-cresol) e germacrone (5,8%).
- Fração não volátil solúvel em gordura (resina 20-40%): ácido a-, ß- e γ-comifórico, ácido comiforínico, heeraboresena, a- e ß- heerabomirrol e comiforínico, campesterol, beta-sitosterol, alfa-amirina, 3-epi-alfa-amirina.
- Fração não volátil solúvel em água (goma 30-60%): compostos que, uma vez hidrolisados, resultam em D-galactose, 4-O-metilglucoronato, a L-arabinose na proporção de 8:7:2. Presente também o xilose.
Aromaterapia
Óleo de mirra é considerado útil na meditação e comunicação com as esferas espirituais, altamente valorizadas hoje em dia. Aromaterapeutas recomendam o óleo essencial como antisséptico natural para problemas de pele e boca. É considerado bom calmante e relaxante na forma de difusão (ou spray).
Mirra tem características edificantes, transmite sensação de calma, auxilia na luta contra a apatia, favorece a clareza mental e a concentração, retarda a respiração, infunde uma sensação de tranquilidade e paz interior.
Dosagem indicada [7]
- Aliviar a mente, atenuar a ira e raiva. Tomar um banho com 2 gotas de mirra e 4 gotas de gerânio bourbon (Pelargonium graveolens).
- Aliviar o estresse. Aplicar em spray 2 gotas de mirra e 4 gotas de cravo.
- Tosse brônquica grave. Respirar 2 gotas de mirra e 4 de madeira de cedro-do-himalaia (Cedrus deodara)
- Eliminar infecção. Aplicar um pano quente com 2 gotas de mirra e 2 gotas de bergamota (Citrus bergamia ou laranja bergamota, uma subespécie da laranjeira-azeda)
- Aliviar infecções nos brônquios. Massagear a área com uma mistura de mirra, Picea mariana (abeto, uma espécie de pinheiro nativo das florestas boreais da América do Norte) e folha de louro em um óleo base (um óleo que serve como veículo para diluir o óleo essencial). Veja a primeira mistura recomendada.
- Curar ferida que demora a cicatrizar. Aplicar 2 vezes ao dia uma mistura de mirra, incenso e camomila alemã em um óleo base. Veja a segunda mistura recomendada.
Misturas recomendadas. Adicionar os seguintes óleos essenciais a 20 ml de óleo base:
- Bronquite e infecções nos brônquios: 4 gotas de mirra + 2 gotas de abeto + 4 gotas de folha de louro
- Curar feridas: 4 gotas de mirra + 2 de camomila alemã + 4 de incenso
Veterinária
Mirra é administrada como tintura para curar feridas em cavalos [3].
Cuidado
A erva é contraindicada durante a gravidez por causa de sua atividade emenagoga (estimula a produção de sangue menstrual). Aconselha-se a diluir mirra antes de usar e administrar doses moderadas.
Reações alérgicas têm sido observadas.
Referências
- Cactus Art: Commiphora myrrha - Acesso em 7 de janeiro de 2015
- Gummi Myrrha - Acesso em 7 de janeiro de 2015
- Plant Resources of Tropical Africa (PROTA): Commiphora myrrha (Nees) Engl. - Acesso em 7 de janeiro de 2015
- The Natural Path: Myrrh- Acesso em 7 de janeiro de 2015
- Casa das Essências- Acesso em 7 de janeiro de 2015
- Kew Royal Botanics Garden: Gums and resins- Acesso em 7 de janeiro de 2015
- Aromaterapia y aceites esenciales: Mirra (Commiphora myrrha) - Acesso em 7/1/2015
- Óleos Essenciais - Acesso em 7 de janeiro de 2015
- Avaliação da atividade antioxidante e teor de compostos fenólicos em extrato metanólico obtido de folhas da Commiphora myrrha - Acesso em 7 de janeiro de 2015
- Salud.es: Commiphora myrrha - Acesso em 7 de janeiro de 2015
- Portal Educação: Curso de Aromaterapia - Acesso em 7 de janeiro de 2015
- Imagem: Formula Botanica - Acesso em 7 de janeiro de 2015
- The Plant List: Commiphora myrrha - Acesso em 7 de janeiro de 2015
GOOGLE IMAGES de Commiphora myrrha - Acesso em 7 de janeiro de 2015