Esta espécie é considerada planta alimentícia não convencional.
Nome em outros idiomas
- Espanhol: Malangay, tannia
Origem
Nativa do Sudeste do Brasil (MG, SP, RJ).
Descrição [4,5]
Mangarito é uma hortaliça herbácea, tuberosa, perene, pequeno porte (menos de 80 cm de altura), pecíolos eretos e folhas membranosas, delicadas, flexíveis, secam no inverno ou em períodos de estiagem.
Não apresenta caule e floresce esporadicamente. Cormos hipogêneos (subterrâneo). Folhas 2-4 por planta, pecíolos 20 a 60, verdes. Inflorescências geralmente solitárias, pecíolos de 10 a 15 cm de comprimento. Espata (tipo de bráctea típica da família Araceae) de 12 a 15 cm de comprimento, tubo 3 a 4 cm, exterior esverdeado, interior branco, lâmina 9 a 11 cm, verde claro em ambas as superfícies.
Seus rizomas ocorrem às dezenas, com tamanho até 8 cm, com coloração interna variando tonalidades de amarelo.
As folhas são também comestíveis enquanto tenras e seu preparo é semelhante ao da taioba, sempre bem refogada ou cozida.
Erva geofítica (propaga-se por brotos subterrâneos).
Uso popular e medicinal
Altamente energéticos, os rizomas são constituídos de 20% de fécula no produto fresco ou 90% de fécula na matéria seca e considerável teor de carotenoides totais (provitamina A), sobretudo nas cultivares de rizoma amarelo intenso [5].
Um trabalho avaliou a composição de carboidratos e carotenoides em rizomas mãe e filhos das variedades pequeno e gigante de mangarito. Análises químicas dos teores de açúcares solúveis totais, açúcares redutores, açúcares não redutores, amido e carotenoides totais. Em relação ao teor de carotenoides, os rizomas-filhos da variedade pequeno e o rizoma-mãe da gigante podem ser classificados como ricos nesses constituintes [2].
Outro trabalho com a espécie Xanthosoma mafaffa (um sinônimo de Xanthosoma sagittifolium) avaliou a composição centesimal, fibras solúveis e insolúveis, minerais, a-tocoferol e o perfil de carotenoides no mangarito cru (CR) e cozido (CZ) em 5 colheitas do vegetal provenientes de um único cultivar no interior do Estado de São Paulo, entre os anos de 2005 e 2007.
Sua composição centesimal foi de aproximadamente 71,93% de umidade, 1,23% de cinzas, 1,43% de lipídeos e 2,11% de proteínas, ocorrendo perda significativa após o cozimento. O valor calórico total do mangarito foi de aproximadamente 103,11 kca 1/100 g. Os valores de fibras alimentares foram de 3,5% (CR) e 3,62% (CZ), não havendo diferença significativa entre eles.
O resultado da análise de minerais revelou valores elevados de cálcio (CR=290,60 e CZ=330,0 mg/100g), ferro (CR=3,90 e CZ=1,8mg/100g), potássio (CR=1408,70 e CZ=1300,4mg/100g) e zinco (CR=4,2 e CZ=5,20mg/100g).
Foram encontrados 72,041.1g/g de a-tocoferol e a perda pelo cozimento foi de 14,28%.
Os carotenoides encontrados nas amostras foram a-caroteno (1,2611g/g), (-caroteno (3,414/g) e traços de mutatocromo e micronona e o cozimento ocasionou perda de 20 a 66% para a-caroteno e de 6 a 60% para (- caroteno.
Foi identificado carotenoide com atividade pró-vitamínica A (a-caroteno).
Culinária [1]
O rizoma ("batata") tem sabor parecido à batata, mandioca, mandioquinha, cará e inhame. Após cozido ganha consistência tenra que lembra a castanha-européia (portuguesa).
Mangarito frito. Cozinhe os rizomas com casca, escorra sob água fria e descasque. Frite em óleo quente inteiro, fatiado ou em rodelas. Acrescente sal, ervas finas desidratadas e sirva quente. Ao invés de fritar, faça um salteado na manteiga ou caramelize no açúcar cristal. Ou frite crus mesmo (chips).
Purê. Cozinhe os rizomas com casca, escorra sob água fria, descasque e amasse. Adicione creme de leite, manteiga, sal e tempero a gosto. Mexa e reduza um pouco em fogo baixo.
Sopa. Cozinhe os rizomas com casca, escorra sob água fria, descasque e amasse até formar um purê. Refogue com cebola e alho ficado. Cozinhe com sobrecoxas de frango sem pele. Dissolva o purê em água fervente e adicione ao frango, deixando cozinhar por mais algum tempo, agregando neste período sal a gosto, salsa e cebolinha picada. Mexer ocasionalmente para mistura bem os ingredientes.
Referências
- KINUPP, V. F; LORENZI, H. Plantas alimentícias não convencionais no Brasil. Instituto Plantarum de Estudos da Flora, Nova Odessa (SP), 2014.
- Pesquisa Agropecuária Brasileira (2014): Carboidratos e carotenoides totais em duas variedades de mangarito - Acesso em 13 de outubro de 2019
- Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG, Instituto de Ciências Agrárias, 2012): Composição mineral de cinco acessos de magarito - Acesso em 13 de outubro de 2019
- Kew Science - Plants of the World: Xanthosoma riedelianum - Acesso em 13 de outubro de 2019
- Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA Hortaliças): mangarito - Acesso em 13 de outubro de 2019
- Imagem: EMBRAPA Hortaliças
- The Plant List: Xanthosoma riedelianum - Acesso em 13 de outubro de 2019
GOOGLE IMAGES de Xanthosoma riedelianum - Acesso em 13 de outubro de 2019