Grão-de-bico

Nome científico: 
Cicer arietinum L.
Família: 
Leguminosae
Sinonímia científica: 
Ononis crotalarioides M.E.Jones
Partes usadas: 
Caule, folha, vagem, semente.
Constituintes (princípios ativos, nutrientes, etc.): 
Ácidos graxos saturados (mirístico, palmítico, esteárico, araquídico, behênico, lignocérico), insaturados (oleico, linoleico), minerais (P, Mg, Fe, K, Co, Mg), vitaminas do complexo B.
Propriedade terapêutica: 
afrodisíaco
Indicação terapêutica: 
Desnutrição de crianças, diarreia, bronquite, catarro, cólera, constipação, dispepsia, flatulência, picada de cobra, insolação, verrugas, colesterol.

Nome em outros idiomas

  • Inglês: chickpea, gram
  • Espanhol: garbanzo
  • Francês: pois chiche
  • Alemão: kicher, venus, kichererbse
  • Italiano: cece; cicerchia; pisello cornuto

Origem, distribuição
Acredita-se que seja proveniente da região compreendida entre sul do Cáucaso, norte da Pérsia e Grécia.

Descrição [3]

Raiz pivotante, caule ereto, ramificado, atinge de 0,50 a 0,6 m de altura. Folhas alternas imparipenadas de 5 a 10 cm de comprimento, composta de 5 a 19 folíolos sésseis. Flor azulada, avermelhada ou branca, isolada em pedúnculo axilar.

Fruto vagem contendo 2 sementes.

Espécie de grande aceitação devido ao elevado valor nutritivo e emprego na culinária.

Cultivada em diversos Estados do Brasil.

Uso popular e medicinal [1,2,4]
Grão-de-bico é consumido normalmente cozido, sendo misturado a outros alimentos como hortaliças, carnes, molhos e condimentos. Os grãos descascados e triturados servem  para fazer sopas, pastas ou sobremesas. A farinha de grão-de-bico pode ser usada como ingrediente na fabricação de pães e bolos e formulação de alimentos infantis destinados à recuperação de crianças desnutridas e afetadas por diarreia crônica.

Os teores de carboidratos totais variam em geral de 50 a 70%, sendo o amido o principal componente (40 - 50%). Apesar de conter uma proteína de alto valor nutritivo e boa digestibilidade (80 - 90%), não é rico em aminoácidos sulfurados como a metionina. A fração de lipídios contém alto teor de ácidos graxos insaturados (oleico e linoleico), o que é vantajoso nas dietas para reduzir o colesterol. É ótima fonte de minerais (fósforo, magnésio, ferro, potássio, cobalto, manganês) e vitaminas do complexo B.

Contém uma grande quantidade de celulose na casca. Usado em nosso organismo como fonte de energia. Contém fibras solúveis o que ajuda o organismo a eliminar açúcares, gorduras e colesterol de forma bastante eficaz. Se consumido diariamente faz ganhar massa muscular, aumenta o bom humor, reduz o nível de colesterol ruim e regula o intestino. 

Secreções glandulares das folhas, caules e vagens do grão-de-bico contém ácidos málico e oxálico. Estes exsudatos de sabor azedo podem ser aplicados medicinalmente ou usados como vinagre. Foram usados para tratar bronquite, catarro, cólera, constipação, diarreia, dispepsia, flatulência, picada de cobra, insolação e verrugas. Foram também usados como afrodisíaco e para baixar os níveis de colesterol no sangue.

Há relato de que o grão-de-bico germinado é eficaz no controle do nível de colesterol em ratos.

Há relato de que no Chile, uma mistura cozida de grão-de-bico com leite foi administrada a lactentes, resultando em efetivo controle da diarreia.

 Culinária [1]

As sementes verdes são consumidas frescas, cozidas ou assadas e salgadas. Sementes enlatadas são populares nos EUA e Europa. No subcontinente indiano é transformada em farinha sendo conhecida por Bengal gram ou besan flour, servindo para cozinhar bhajis (um bolinho apimentado) e pakoras (prato muito condimentado das culinárias da Índia e Paquistão). Essa farinha pode ser usada para fazer bolos sem glúten.

Outra iguaria da culinária indiana é o dhal, feito de grão-de-bico com as cascas das sementes removidas. As sementes são secas e cozidas para formar uma sopa grossa ou moída em farinha para lanches e doces.

Grão-de-bico é base da tradicional receita no Oriente Médio, Turquia e norte da África conhecida por hummus, um patê com sementes cozidas e amassadas misturadas com tahine (pasta de sementes de gergelim), azeite, suco de limão, alho e sal.

Sementes germinadas de grão-de-bico são consumidas como vegetais ou adicionadas às saladas. Plantas jovens e vagens verdes são ingeridas como espinafre.

Composição de alimentos por 100 g de parte comestível [5]

Grão-de-bico cru
Principais Minerais Vitaminas
Umidade % 12,3 Cálcio mg 114 Retinol µg NA
Energia 355 kcal; 1484 kJ Magnésio mg 146 RE µg  
Proteína g 21,2 Manganês mg 3,16 RAE µg  
Lipídeos g 5,4 Fósforo mg 342 Tiamina mg 0,52
Colesterol mg NA Ferro mg 5,4 Riboflavina mg Tr
Carboidrato g 57,9 Sódio mg 5 Piridoxina mg 0,75
Fibra alimentar g 12,4 Potássio mg 1116 Niacina mg Tr
Cinzas g 3,2 Cobre mg 0,67 Vitamina C mg Tr
    Zinco mg 3,2    

NA: Não Aplicável Tr: Traços

Ácidos graxos. saturados 0,9 g; monoinsaturados 1,4 g; poli-insaturados 2,8 g; mirístico 0,01 g; palmítico 0,57 g; esteárico 0,20 g; araquídico 0,05 g; behênico 0,02 g; lignocérico 0,01 g.

 Referências

  1. Kews Science - Plants of the World: Cicer arietinum - Acesso em 5 de janeiro de 2020
  2. Food Science and Technology (2006): Alterações químicas e nutricionais do grão-de-bico cru irradiado e submetido à cocção - Acesso em 5 de janeiro de 2020
  3. SOUZA, J. S. I; PEIXOTO A. M.; TOLEDO, F. F. Enciclopedia Agrícola Brasileira. Editora da USP (EDUSP), São Paulo. 1995.
  4. NASCIMENTO, W. M.; PESSOA, H. B. S. V.; GIORDANO, L. de B. Cultivo do grão-de-bicoEmpresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA Hortaliças), 1998.
  5. Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TACO). Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), 4a ed. 2011.
  6. Image: Wikimedia Commons (Location: Berlin Botanical Gardens Berlin-Dahle) - Acesso em 5 de janeiro de 2020
  7. The Plant List: Cicer arietinum - Acesso em 5 de janeiro de 2020

GOOGLE IMAGES de Cicer arietinum - Acesso em 5 de janeiro de 2020