Gengibre-amargo

Nome científico: 
Zingiber zerumbet (L.) Roscoe ex Sm.
Família: 
Zingiberaceae
Sinonímia científica: 
Amomum spurium (J.Koenig) J.F.Gmel.
Partes usadas: 
Raiz (rizoma).
Constituintes (princípios ativos, nutrientes, etc.): 
Óleo essencial (zerumbona, humuleno, epóxi-zerumbona), rizoma (humuleno, zerumbona, epóxi-zerumbona, diferuoilmetano, kaempferol, di-p-coumaroilmetano)
Propriedade terapêutica: 
Anti-inflamatória, quimiopreventiva, quimioterápica, anti-HIV, antitumorífero, citotóxico, antibacteriano, antiviral, antioxidante, antimicrobiana.
Indicação terapêutica: 
Câncer, enjoo, náusea, indigestão, resfriado, tosse, gripe, problema circulatório, diarreia, dor e inchaço abdominal, bronquite, asma, cólica, verme, lepra etc.

Origem, distribuição

Planta asiática amplamente cultivada em regiões tropicais e subtropicais. No Brasil é encontrada em Taruamã-Mirim e Puraquequara, áreas rurais de Manaus (AM).

Nome em outros idiomas

  • Inglês: Asian ginger, bitter ginger

Descrição [1]

Z. zerumbet é planta tuberosa perene. Reproduz-se assexuadamente, multiplicando fragmentos de rizoma. Caracteriza-se pela presença de hastes de aproximadamente 1 a 2 m de altura, eretas, oblíquas, redondas e cobertas por bainhas de folhas planas.

Folhas e inflorescências crescem a partir de um rizoma espesso ou caule subterrâneo. As folhas são finas, com uma nervura central elevada que se eleva fortemente na superfície inferior. As folhas são dispostas alternadamente ao longo do caule.

Verde quando jovem, a inflorescência torna-se vermelha ao envelhecer e atinge 6 a 12 cm de altura. Apoia-se em um pseudocaule separado das folhas por uma estreita sobreposição que forma uma bolsa aberta, da qual as flores surgem.

O fruto é branco, glabro, de paredes finas e tem aproximadamente 1,5 cm de comprimento. As sementes são elipsoides e negras. O rizoma é perene, grosso, aromático e amarelo.

Uso popular e medicinal [1,2,3,4]

Gengibre-amargo é amplamente cultivado no sudeste da Ásia como planta medicinal e especiaria. As raízes são vendidas em mercados locais em Java. A decocção do rizoma serve no tratamento da asma e como carminativo para cólica. É empregado como um remédio "quente" para tosse, asma, verme, lepra e outras doenças de pele. O rizoma é aplicado externamente às articulações reumáticas.

O óleo essencial do rizoma contém zerumbona, que possui propriedades espasmolíticas e bacteriostáticas.

Outros usos tradicionais do rizoma incluem o tratamento de inflamação, febre, dor de dente, indigestão, constipação, diarreia, entorses graves, alivio da dor e agente diurético.

Malaios usam os rizomas frescos para curar edema, dor de estômago, feridas, perda de apetite, enquanto o suco dos rizomas fervidos servem para tratar a infestação de vermes em crianças.

Na Tailândia, os rizomas frescos também são usados como agente antiflatulento. Chineses maceravam os rizomas em álcool e usavam-no como tônico, depurativo ou estimulante, enquanto os taiwaneses usavam a planta como um adjuvante anti-inflamatório para dor de estômago, entorse e febre.

Na Índia o pó do rizoma é misturado com Morinda citrifolia ("noni") maduro para o tratamento da dor severa, o rizoma cozido e amaciado é usado para tratar dor de dente, tosse, asma, vermes, lepra e outras doenças de pele. O rizoma moído e coado é misturado com água e ingerido para tratar dor de estômago.

Os havaianos aplicam o rizoma comprimido a pontos doloridos, hematomas, cortes e também para tratar dores de cabeça, dente, estômago, micose, doenças de pele, dores nas articulações e entorses. Usam ainda cinzas de folhas queimadas de Z. zerumbet combinadas com uma mistura de cinzas de Schizostachyum glaucifolium (uma espécie de bambu), seiva de Aleurites moluccanus ("noz-da-índia") e seiva tuberosa de Z. zerumbet como remédio para cortes e pele machucada enquanto o rizoma, amassado com sal e esfregado na cabeça, serve no tratamento de dores de cabeça. Pinhas da planta são usadas na jardinagem e o suco lácteo obtido das pinhas é o famoso xampu no Havaí.

Extratos dos rizomas de gengibre-amargo têm aplicações farmacológicas com propriedades anti-inflamatórias, quimiopreventivas, quimioterápicas, atuam como agentes anti-HIV, antitumoríferos, citotóxico e antibacteriano. Compostos isolados do óleo essencial tais como zerumbona, humuleno e epóxi-zerumbona, possuem propriedades anti-inflamatória, antiviral, antitumoral, antioxidante e atividade antimicrobiana.

Estudo químico-farmacológico do extrato pentânico dos rizomas de Z. zerumbet cultivados na Índia revelou a presença dos compostos humuleno, zerumbona, epóxi-zerumbona, diferuoilmetano, kaempferol e di-p-coumaroilmetano, todos apresentando atividades citotóxicas in vitro em cepas de células neoplásicas de fígado de rato.

Zerumbona é usado na China para o tratamento do câncer. Na medicina chinesa, os rizomas são utilizados para tratamento de tosse, resfriado, diarreia, vômito e dor abdominal associada ao resfriado (rizoma fresco), hemorragia uterina e sangue na urina (rizoma fresco carbonizado); inchaço do abdômen e edema (casca do rizoma), perturbações digestivas e bronquite crônica (rizoma seco). Os rizomas novos e frescos (gengibre verde) são usados na culinária e consumidos crus, preservados em xarope, doces, molho picante, pepino em conserva, pratos de carne, peixe e sopa.  

 Dedicado a Domingos Amaral (Novo Hamburgo, RS)

 Referências

  1. Revista Brasileira de Farmacognosia (2016). Several aspects of Zingiber zerumbet: a review - Acesso em 12 de maio de 2019
  2. Zingiber zerumbet (L.) Smith: A review of its ethnomedicinal, chemical, and pharmacological uses - Acesso em 12 de maio de 2019
  3. Useful Tropical Plants: Zingiber zerumbet
  4. Universidade Federal do Amazonas (2015): Estudo do potencial biotecnológico do rizoma de Zingiber zerumbet L. Smith como adjunto na produção de cerveja artesanal - Acesso em 12 de maio de 2019
  5. Image: Wikimedia Commons (Author: Vinayaraj)
  6. The Plant List: Zingiber zerumbet - Acesso em 12 de maio de 2019

GOOGLE IMAGES de Zingiber zerumbet - Acesso em 12 de maio de 2019