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Planta da Farmacopeia Brasileira |
Nomes em outros idiomas
- Inglês: ginger, common ginger
- Alemão: ingwer
- Italiano: gengero, gengioro, zenzavero, zenvero, zinzero
- Francês: gingembre, herbe au gingebre
- Espanhol: agengibre
- China: sheng jian/gan jiang
- Índia: singabera ou ardhrakam (onde é bastante usado e estudado)
- Japonês: kankyo, shokyo.
Uso popular e medicinal
É conhecido na China desde o século XIV. Gregos e romanos já o usavam como especiaria.
Hoje é popularmente usado como estomáquico (digestivo), carminativo e para náuseas, vômitos (antiemético), artrite, sintomas do aparelho respiratório como rinite, faringite, laringite, tosses, irritações das cordas vocais e alergias respiratórias, na redução do colesterol, para aumentar a imunidade celular e externamente para estimular a circulação, reduzir dores e rigidez muscular.
Também é usado como antisséptico e anti-inflamatório.
Há um outro gengibre, Asarum canadense L (Aristolochiaceae), tido como gengibre selvagem usado pelos indígenas do norte dos EUA e Canadá.
É produto de exportação do Brasil, Estados do Paraná (Morretes, principalmente) e Santa Catarina, para EUA, Canadá e Japão.
Na fitoterapia é padronizado internacionalmente como antiemético, carminativo e aromático, portanto tem comprovação científica para estes usos e há ainda trabalhos mostrando utilidade na diabete, na redução de plaquetas e de prostaglandinas, como cardiotônico e em patologias respiratórias.
Tem poucos efeitos colaterais e a toxicidade de seu óleo é bastante baixa. Como alimento tem 61 calorias em cada 100 g.
É o melhor medicamento para náuseas e vômitos, principalmente pós-operatório e os causados por viagens (as marítimas, por exemplo), como provado por estudiosos em 1987 e 1990 no Hospital São Bartolomeu de Londres.
O Dr. Daniel Mowrer (em Utah, EUA) revelou que esta droga é melhor que o “dramamine”, conceituada mundialmente como antiemética de primeira.
Em 2000 o British Journal of Anaesthesia, em seu volume 84 (3), das páginas 367 a 371, publicou trabalho comprovando nos EUA este efeito por E. Ernst e M. H. Pitler.
Há muitos trabalhos internacionais publicados de 1998 para cá comprovando as ações desta planta.
Em 1990 W. Rasmussen Fischer estudou seu efeito em grávidas e fez com que o European American Phytomedicines Coalition pleiteasse perante o FDA a sua inclusão como droga antinauseante.
Tem efeito antiplaquetário - vide abaixo - portanto pode facilitar sangramentos, o que faz com que cuidemos mais quando a indicamos para gestante, apesar do trabalho do pesquisador.
Em 1992 J. Sertie mostrou seu efeito antiácido e Yamahara, Kasahara, Sakai e Yoshikawa mostraram ser o gengibre um bom cicatrizante de úlceras pépticas.
Inibição da agregação das plaquetas e da formação de prostaglandinas foram comprovadas por Srivastava, Mustafá, Verma, Lumb, todos na década passada.
Foi comprovado por Srivastava (em 1992) como anti-inflamatório e antipirético em animais.
Está na Farmacopeia da Áustria, EUA, Grã-Bretanha, China, Egito, Japão, Índia e Suíça, o que é sinal de comprovação científica de seus atributos.
Há mais de 200 trabalhos científicos registrados sobre gengibre.
Na Índia (terra do pesquisador acima citado) e no mundo todo é tido como planta quente, pois acumula o fogo que consegue com a fotossíntese e segundo eles é o princípio do metabolismo e da transformação. Assim ela gera energia em nosso corpo. É o que parece adquirirmos quando tomamos um quentão numa noite fria.
Efeitos adversos
Deve-se ter cautela com receitas ou fórmulas que incentivam a automedicação. Como medicamento, deve ser tomado com orientação médica. Embora seja uma planta segura, tem efeitos adversos. Calculosos biliares, gestantes e as pessoas com sangramentos, mulheres com menstruação excessiva, devem eximir-se dele, pois há trabalhos científicos comprovando sua ação antiplaquetária.
São encontrados em casas especializadas cristais de gengibre com própolis, com canela, com hortelã etc., para tentar disfarçar seu picantismo. Ou o caseiro decocto com álcool como no quentão.
Dosagem indicada
Antiemético, antidispéptico, expectorante e casos de cinetose (tintura). Componentes: rizomas secos (20 g); álcool 70 % p/p q.s.p. (100 mL). Orientações para o preparo: estabilizar o material vegetal submetendo à secagem em estufa a 40o C por 48 h e extrair por percolação conforme descrito na monografia. Uso interno: tomar 50 gotas da tintura diluídos em 75 mL, 1 a 3 vezes ao dia. Advertência: não usar em gestantes, lactantes, crianças menores de dois anos, alcoolistas e diabéticos. Não usar em caso de tratamento com anticoagulantes. É contraindicado para pessoas com cálculos biliares, gastrite e hipertensão arterial. Nota: ao invés da tintura, pode-se preparar um infuso para os mesmos fins, com 0,5 a 1 g de rizoma fresco e água q.s.p. 150 mL. Uso interno: acima de 12 anos tomar 150 mL do infuso, 5 min. após o preparo, 2 a 4 vezes ao dia [4].
Náusea de gestante. Receita-se o gengibre para náuseas de gestantes com sucesso quase total, na dosagem de um gramo de rizoma em pó por decocção, três vezes ao dia. Pode-se conseguir tintura - dois ou três mL em copo com água, duas ou três vezes ao dia. Se aparece indigestão ou azia, o seu uso deve ser diminuído. Misturá-lo com alcaçuz ou camomila pode ajudar.
Como estomáquico. Meia a uma colher de chá mais uma colher de chá de mel ou uma colher de chá de pó em uma xícara de leite, duas a três vezes ao dia.
Cefaleia. 500 mL de gengibre seco ao dia.
Nos EUA é costume para usos gerais: 300 a 500 mg de raiz fresca em decocção, 3 vezes ao dia (outros só 1 g/dia), ou decocto de raiz seca (500 mg) de 2 a 4 vezes ao dia.
Há tabletes de 500 mg. Usa-se um tablete, 2 ou 3 vezes /dia. Se líquido (extrato), 0,7 a dois mL por dia de uma padronização 1:2, ou 1,7 a 5 mL ao dia de tintura (fraca) a 1:5. No Brasil usa-se com 90% de etanol de 1,5 a 3 mL - tintura forte ou tintura fraca – 1:2, com os mesmos 90% de etanol mas em 0,25 a 0,5 mL.
Resfriados. Associar hortelã ou cravo-da-índia.
Laringite. É costume misturar gengibre ralado, mel e limão ao chá de camomila.
Estimular a circulação local, reduzir dores e rigidez muscular. Uso externo (banho de infusão, chá). Há um produto americano denominado Awapuhi (em spray) para hidratar cabelos e pele, anunciado como tendo gengibre havaiano.
Para crianças, o dr. Room após estudos realizados em 2000, sugere chá de raiz de gengibre: 1/4 a 1 xícara várias vezes ao dia ou 5 a 25 drops de tintura em água, sempre que preciso.
Como aperitivo e digestivo. 0,30 g de raiz em pó, adicionada a 0,30 g de bicarbonato de sódio. Toma-se 1/2 h antes do almoço, é excelente.
Reumatismo, artrite, entorses, dor muscular. Coloque em um pilão 2 colheres de sopa de rizoma picado, amasse bem e adicione uma xícara de chá de álcool de cereais a 90%. Deixe macerar por 5 dias, coe e guarde em frasco escuro. Tome 1 colher de café, diluído em um pouco de água, 2 vezes ao dia.
Asma, bronquite, amigdalite, rouquidão, tosse. Coloque em 1 xícara, 1 colher de sopa de rizoma fatiado e adicione água fervente. Abafe por 10 m, coe; acrescente 2 xícaras de café de açúcar mascavo e o suco de 1 limão. Misture bem até dissolver o açúcar. Tome 1 colher de sopa, 3 vezes ao dia. Crianças: 1 colher de sobremesa, também 3 vezes ao dia.
Uma receita bem caseira: derreta um pouco de açúcar mascavo juntamente com gengibre e canela. Coloque 2 xícaras (chá) de água e deixe ferver por 5 m em fogo médio. Coloque 3 folhas picadas de guaco, tape o vasilhame e ferva mais 3 m. Acrescente um punhado de poejo e manjericão picados e desligue o fogo, tampando o vaso em seguida. Após descanso de 5 m, coe e beba 1 colher de sobremesa 3 vezes ao dia.
Cólica, gases. Coloque 1 colher (sobremesa) de rizoma fatiado em 1 chávena (xícara de chá) e adicione água fervente. Abafar por 5 m e coar. Tomar 1 xícara de chá nas principais refeições.
Vômito. Pulverizar o rizoma e ingerir. Decocção: preparar com 1 colher (chá) de raiz triturada em 1 xícara (chá) de água. Tomar 4 xícaras (chá) ao dia.
Reumatismo, traumatismo na coluna vertebral e articulações. Cataplasma: preparar com gengibre bem moído ou ralado e amassado num pano, e deixar no local.
Rouquidão. Rizoma fresco: mascar um pedaço.
Reumatismo. Tintura: 100 g do rizoma moído em 0,5 l de álcool, fazer fricções.
Culinária
Cordeiro com gengibre, comida gostosa, embora um pouco picante, da cozinha libanesa.
- 3 kg de cordeiro sem ossos
- 2 colheres (chá) de sal
- 50 g de pimenta síria (ou pimenta-do-reino)
- 100 g de gengibre fresco ralado
- 300 mL de azeite
- 500 g de damasco seco
- 500 g de arroz branco. E bom apetite.
Frango com gengibre (frango agridoce para duas pessoas), comum na Índia, onde o gengibre integra a fórmula do "curry".
- 2 coxas
- 1 colher (chá) de gengibre seco ralado
- 1 dente de alho amassado
- 2 colheres (sopa) de mel com um pouco de casca de laranja
- 2 colheres de sopa de vinagre, salgados a gosto
Colaboração
- Sérgio Antonio Barraca, estudante de graduação da ESALQ/USP, Piracicaba (SP), 1999.
- Luis Carlos Leme Franco, médico e professor de Fitoterapia, Curitiba (PR), 2003. Memória.
Referências
- ESALQ/USP (1999): Manejo e Produção de Plantas Medicinais e Aromáticas - Acesso em 22 de novembro de 2015
- ESALQ/USP (1999): Cultivo de Horta Medicinal - Acesso em 22 de novembro de 2015
- FRANCO, L. C. L.; LEITE, R. C. Fitoterapia para a mulher. Corpomente, Curitiba (PR). 2004.
- Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), 1ª ed. 2011.
- The Plant List: Zinziber officinale - Acesso em 22 de novembro de 2015
GOOGLE IMAGES de Zingiber officinale - Acesso em 22 de novembro de 2015