Erva-de-passarinho

Nome científico: 
Struthanthus flexicaulis (Mart. ex Schult. f.) Mart.
Família: 
Loranthaceae
Sinonímia científica: 
Loranthus flexicaulis Mart. ex Schult. f.
Partes usadas: 
Partes aéreas.
Constituintes (princípios ativos, nutrientes, etc.): 
Terpenos, alcaloides, lipídeos, esteroides, taninos, flavonoides.
Propriedade terapêutica: 
Energética, antibacteriana.
Indicação terapêutica: 
Leucorreia, blenorreia, bronquite, pneumonia, tumor, doença pulmonar e do útero, hemorragia, hemoptise, diarreia, inflamação etc.

Origem, distribuição

Struthanthus flexicaulis é considerada parasita brasileira das mais comuns, com ampla distribuição nas áreas de cerrado do Brasil Central.

Descrição [3,5,6,7]

Erva-de-passarinho é nome multígeno (etimologia: multi + geno, que abrange muitos gêneros ou espécies) da família Loranthaceae. A literatura relata que no Ceará ocorrem as seguintes ervas-de-passarinho: Phoradendron bathyorictum, P. coriaceum, P. latifolium, P. quadrangulare, P. tunaeforme, Phthirusa obdita, P. pyrifolia, Psittacanthus robustus, Struthanthus flexicaulis, S. polyrhizus, S. syringifolius.

São epiparasitas: crescem sobre o caule das hospedeiras. E hemiparasitas pois retiram água e sais minerais de suas hospedeiras. Possui ramos longos, flageliformes, folhas oblongo-obovaladas, com flores e frutos pequenos (3-4 mm e 6-7 mm respectivamente).

O mesocarpo dos frutos é composto por uma substância pegajosa (visco), sendo muito consumido por pequeno pássaro de 14 cm conhecido por guaracava-de-topete (Elaenia cristata, Tyrannidae), seu principal dispersor.

Uso popular e medicinal

Trabalhos científicos e conhecimento popular atestam as propriedades de S. flexicaulis. É energética, usada para o tratamento de leucorreia, blenorreia, bronquite, pneumonia e diversos tumores

Uma análise nos extratos de acetato de etila e diclorometano revelou a presença de compostos terpenos, alcaloides, lipídeos, esteroides, taninos e flavonoides além de 50 outros diferentes. Testes realizados em bactérias Staphylococcus aureus, Bacillus cereus, Shigella sonnei, Salmonella typhimurium, Escherichia coli e Klebisiella pneumoniae demonstraram atividade antibacteriana em algumas frações investigadas [1].

O chá das folhas é utilizado na medicina popular no tratamento de doenças pulmonares, do útero, hemorragia, hemoptise e, na forma de clister, no combate a diarreia e leucorreia [4]

O conhecimento empírico da população afirma que suas folhas servem para inflamações diversas, problemas uterinos, gonorreia, limpeza de pele, espinha, gastrite, úlcera, inflamação da garganta, problemas relacionados ao câncer e até tumores desconhecidos. Essa planta tem obtido resultados eficazes para todos esses problemas, segundo informantes de uma comunidade em Caxias (MA). Afirmam terem sido curados de manchas esbranquiçadas nos braços e peitos utilizando chá de erva-de-passarinho. Os entrevistados alegaram sua eficácia no tratamento de inflamações diversas [2].

 Modo de preparo do chá ou infusão [2]

  • Coletar a erva, retirar as folhas, lavar. Passar no liquidificador com água ou leite e colocar numa garrafa. Tomar as “copadas” no decorrer do dia no lugar da água.
  • Da mesma forma anterior, mas agora retirando a nervura principal das folhas, colocar as folhas de “molho” (decocção) em uma garrafa. A água adquire tonalidade azul escuro ou cor de vinho.
  • Colocar as folhas para ferver a 100°C, despejar numa garrafa e deixar no sereno durante 2 ou 3 dias, forma de preparo vulgarmente chamada de garrafada.

Recomenda-se o uso da planta inteira, exceto os haustórios (parte da raiz que penetra no hospedeiro, sugando seus nutrientes). O cozimento de caules e folhas de qualquer espécie é empregado para lavagens uterinas, com 20 ou 30 g do vegetal para 1 litro d’água, temperatura entre 60°C e 80°C durante 1 ou 2h, completando-se sempre a água evaporada.

 Cuidado

Não se recomenda a ingestão dos frutos, pois são venenosos e podem causar náuseas ou diarreia. Os frutos são ocasionalmente aplicados para cobrir feridas.

 Dedicado a Alfredo Cardeal Filho (Barão de Cocais, MG)

 Referências

  1. Universidade Federal de Juiz de Fora (2012): Purificação parcial e análise por CG/EM dos constituintes químicos presentes no extrato hexânico de Struthanthus flexicaulis - Acesso em 1 de março de 2020
  2. Scientia Plena (2010). Erva-de-Passarinho: substratos vegetais, uso e aplicações na Medicina Popular (Caxias, MA) - Acesso em 1 de março de 2020
  3. Mourão, Fabiana & Carmo, Flávio & Ratton, Pedro & Jacobi, Claudia Maria.  Hospedeiras de Struthanthus flexicaulis em campos rupestres ferruginosos no Quadrilátero Ferrífero MG. Lundiana. 7. 103-110. (2006) - Acesso em 1 de março de 2020
  4. Acta Amazonica (1988):  Contribuição ao estudo fitoquímico de Phoradendron latifolium - Acesso em 1 de março de 2020
  5. BRAGA, R. Plantas do Nordeste - Especialmente do Ceará. 9 ed. Fortaleza: Imprensa Oficial, 1960.
  6. PIO CORRÊA, M. & PENNA, L. A. Dicionário das Plantas Úteis do Brasil e das Exóticas Cultivadas. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, SIA, IBDF, 6 vols. 1926-1978
  7. PENNA, M. Notas sobre Plantas Brasileiras. 2 ed. Rio de Janeiro, 1930
  8. Imagem: Mourão et al. [3]
  9. The Plant List: Struthanthus flexicaulis - Acesso em 1 de março de 2020

GOOGLE IMAGES de Struthanthus flexicaulis - Acesso em 1 de março de 2020