Canela-de-ema

Nome científico: 
Vellozia squamata Pohl
Família: 
Velloziaceae
Sinonímia científica: 
Vellozia flavicans Mart.
Partes usadas: 
Caule, folha
Constituintes (princípios ativos, nutrientes, etc.): 
Di e triterpenoides.
Propriedade terapêutica: 
Antioxidante, anti-inflamatório.
Indicação terapêutica: 
Traumatismo, machucado.

Origem, distribuição

No passado foi considerada endêmica do litoral fluminense, mas atualmente é nativa em vários Estados do Cerrado brasileiro. Ocorrência restrita a ambientes de campo de formação rupestre (solo raso, cresce nas fendas de rochas). Cresce também em localidades edaficamente secas da América do Sul e Central, África e Madagascar. 

Descrição [1,2,3,4]

Arbusto hermafrodito, pouco ramificado, glabroso. Raiz adventícia, ramos dicotômicos, cilindros, formados por nós concêntricos de bainhas fibrosas.

O formato do caule lembra as pernas de uma ema, daí ser conhecida por canela-de-ema.

A inflorescência ocorre de setembro a dezembro. Apresenta flor comestível, linda, misturando cor branca com violeta.

A fibra é muito resistente, podendo ser usada para fazer pequenas amarrações quando verde, além de ornamentação decorativa.

O fruto contém centenas de sementes, medem em média 2 mm de comprimento por 1 mm de largura, com formato indeterminado podendo apresentar arestas angulares.

Os frutos dispersam as sementes em outubro.

Planta de crescimento lento (apenas alguns centímetros por ano), tem alto poder de combustão. Já foi usada como tocha por escravos. Suas fibras secas são ótimas acendedoras de fogo e o caule queima por horas! Cresce normalmente longe de cursos d’água.

Tem grande poder de regeneração. Em poucos dias muda o seu aspecto cinza, consequência das queimadas, para um verde vivo, o que rendeu a ela o epíteto Fênix do Cerrado.

Espécies de Velloziaceae são típicas de topos de colinas tropicais e apresentam propriedades como dormência de sementes, folhas resistentes à seca (esclerofilia), raízes adventícias com velame de múltiplas camadas que lhes permitem absorver rapidamente qualquer água disponível da chuva ou neblina e adaptação a queimadas.

Uso popular e medicinal [1]

Planta usada na medicina tradicional como anti-inflamatório através da infusão de suas folhas. Sertanejos usam para traumatismo, machucado, ferida, lesão.

Estudos químicos e farmacológicos de V. squamata mostraram a presença de di e triterpenoides, componentes de interesse científico.

Em um trabalho, extratos hidroalcoólicos de folhas e caules de V. squamata foram submetidos à prospecção fitoquímica para identificação dos principais grupos constituintes. A atividade antioxidante foi determinada pelo método DPPH. 

Os extratos hidroetanólicos apresentaram maior atividade antioxidante. Formulações de nanoemulsões foram preparadas usando o método de inversão de fase. 

Testes de estabilidade acelerada como estresse térmico e centrifugação foram realizados e as propriedades físicas e químicas das nanoemulsões foram estabelecidas. Foram obtidas formulações estáveis de ambos os extratos de folhas e caules. Segundo os autores, foi possível estabelecer a potencial aplicação de extratos hidroalcoólicos deste vegetal no desenvolvimento de produtos com propriedades antioxidantes e demonstrar um promissor produto farmacêutico.

O desenvolvimento de nanoformulações envolvendo sistemas emulsionados é uma alternativa para o uso de drogas com melhores vias de administração. Nanoemulsões são constituídas por uma estrutura de pequeno tamanho (20 a 500 nm) e sua transparência depende do tamanho da partícula [translúcido <~ 200 nm> lácteo]. 

O uso de nanoemulsões é interessante por causa de suas propriedades, intimamente associadas ao tamanho das gotículas. Estas trazem vantagens quando as nanoemulsões são utilizadas como veículos de produtos farmacêuticos ou constituintes de cosméticos, principalmente os destinados a cuidados com a pele.

  Colaboração: Ana Lúcia Teixeira de Lima Mota, Bióloga (São Paulo, SP)

 Referências

  1. Revista Brasileira de Farmacognosia (2013). Hydroalcoholic extracts of Vellozia squamata: study of its nanoemulsions for pharmaceutical or cosmetic applications Acesso em 7 de julho de 2019
  2. Universidade Federal de Goiás (2013): Efeitos de diferentes tratamentos na germinação de Vellozia squamata - Acesso em 7 de julho de 2019
  3. Entre Trilhas e Aventuras: Canela-de-ema, um dos símbolos do Cerrado - Acesso em 7 de julho de 2019
  4. Globo.com: Flor típica do cerrado chama a atenção em propriedade rural de Pratinha - Acesso em 7 de julho de 2019 
  5. Imagem: Ana L. T. L. Mota
  6. The Plant List: Vellozia squamata - Acesso em 7 de julho de 2019

GOOGLE IMAGES de Vellozia squamata - Acesso em 7 de julho de 2019