Caapeba

Nome científico: 
Piper peltatum L.
Família: 
Piperaceae
Sinonímia científica: 
Pothomorphe peltata (L.) Miq.
Partes usadas: 
Raiz, folha, caule, sementes
Constituintes (princípios ativos, nutrientes, etc.): 
Óleo essencial, substâncias fenólicas, esteroides, mucilagens, pigmentos, apiol.
Propriedade terapêutica: 
Diurética, desobstruente, emoliente, resolutiva, tônica, estomáquica, sudorífera, febrífuga, antipirética, antipiléptica.
Indicação terapêutica: 
Moléstias das vias urinárias, afecções das vias respiratórias, escorbuto, escrofulose, resfriado, leucorreia, úlcera, sífilis, doenças gástricas, pleurisias, tumores.

Origem, distribuição
Brasil. Ocorre nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e sul da Bahia.

Descrição
Arbusto atinge até  3 m de altura. Entrenós pretos, glandulares pontilhados. Folhas alternadas, peltadas; pecíolo fixado em até 1/3 da lâmina.

Inflorescência ereta, umbólica. Brácteas florais marginalmente franjas. Fruto trígono (triangular em seção transversal), glabro.

Curiosidade
O nome indígena significa caa (folha) peba (larga).

Uso popular e medicinal
Com suas propriedades emolientes e desobstruentes, as folhas da caapeba promovem a cura de moléstias das vias urinárias, do escorbuto, escrofulose, resfriados, leucorreias, úlceras, sífilis e doenças gástricas.

As cascas em decocção atuam contra as afecções das vias respiratórias.

Em uso externo, as sementes agem beneficamente nas pleurisias, servindo como maturativas nos tumores e furúnculos. As raízes funcionam como febrífugas, sudoríferas, diuréticas e estomáquica, combatendo as doenças do fígado, vesícula e do baço.

Tanto na homeopatia como na alopatia ela é recomendada no tratamento da sífilis, leucorreias, amenorreias, úlceras e dispepsias.

Um estudo farmacológico com ratos confirmou sua atividade antimalárica sobre Plasmodium berghei, tanto via oral como subcutânea. Num outro ensaio provou-se a ausência de atividade mutagênica desta planta.

No seu extrato encontrou-se alta atividade antioxidante. Num estudo fitoquímico isolou-se e identificou-se o composto nerolidycatechol.

Das folhas foram isolados os apióis Dill e Parsley, substâncias usadas para combater a febre e regular a menstruação.

 Dosagem indicada
Estimulante das funções (estomacais, hepáticas, pancreáticas e do baço), diurética 
Em 1 xícara (chá), coloque 1 colher (chá) de raízes picadas, 1 colher (chá) de folhas picadas e adicione água fervente. Abafe por 10 minutos e coe. Tome 1 xícara (chá) de manhã em jejum e outra antes do almoço.

Debilidade orgânica, estimulante das funções (estomacais, hepáticas, pancreáticas e do baço) 
Coloque 2 colheres (sopa) de raízes e folhas picadas em 1 garrafa de vinho branco e coe. Deixe em maceração por 8 dias e coe. Tome 1 cálice antes das principais refeições.

Afecções das vias respiratórias (tosses e bronquites), febres 
Coloque 1 colher (sopa) de folhas e caules picados em 1 xícara (café) de água em fervura. Desligue o fogo, espere amornar e coe. Adicione 2 xícaras (café) de açúcar cristal. Leve novamente ao fogo brando até dissolver completamente o açúcar. Tome 1 colher (sopa) de 2 a 3 vezes ao dia. Para crianças dar somente metade da dose.

Maturação de furúnculo, queimaduras superficiais, dores de cabeça, reumatismo
Lave muito bem, enxágüe e fatie 1 folha fresca. Coloque em um pilão e amasse bem. Espalhe em um pano e exponha ao vapor da água em fervura. Espere amornar e aplique, ainda morno, sobre o local afetado, na forma de cataplasma, 2 vezes ao dia.

Pleurisias, abscessos, furúnculos
Secam-se as sementes e reduzem-se a pó. Este pó , misturado com óleo de linhaça, dá bom resultado na pleurisia. Aplica-se em forma de cataplasma nas costas e região dos pulmões.

Queimaduras
Suco das folhas para aplicação tópica.

 Plantas conhecidas como caapeba

Várias espécies vegetais são conhecidas pelo nome vulgar "caapeba". Para esclarecer possível confusão, temos aqui dois exemplos.

Cissampelos glaberrima A.St.-Hil.
Família: Menispermaceae
Também conhecida por cipó-de-cobra, erva-de-nossa-senhora, vegeta principalmente na Bahia, Pernambuco e Alagoas. Planta trepadeira, folhas redondas, peltadas, glabras, quase sésseis. Flores em cachos, recortadas na margem. Usada para dispepsia, afecções das vias urinárias e asma. Há muito tempo vem sendo utilizada como diurético e diaforético tendo aplicação, inclusive, nas febres intermitentes. Em alguns lugares serve contra picada de cobra.

Parte usada: raiz, por decocção.

GOOGLE IMAGES de Cissampelos glaberrima - Acesso em 12 de julho de 2015


Piper umbellatum L.
Família: Piperaceae
Planta muito comum na zona rural, encontrada principalmente em locais úmidos e sombreados. Quando encontra condições edafoclimáticas adequadas, forma touceiras que podem cobrir áreas extensas. Caracteriza-se por inflorescência do tipo de espigas, com pequenas flores de cor amarelada produzindo uma infinidade de sementes que caem às centenas ao solo e aos poucos tomam conta de toda a vizinhança. As folhas são grandes, no formato de um coração, lembrando também um pouco o próprio fígado na sua aparência e consistência, medindo de 15 a 23 cm de diâmetro.

Trata-se de um arbusto de caule ereto, muito ramificado e com nós bem salientes. Vegeta em vários Estados brasileiros, desde a Bahia até São Paulo.

A medicina popular utiliza praticamente a planta toda, inclusive já existem produto industrializado (Elixir de Caapeba).

A planta possui uma boa ação diurética. Utilizam-se suas raízes picadas (1 colher de chá) para uma xícara de água fervente.

GOOGLE IMAGES de Piper umbellatum - Acesso em 12 de julho de 2015

 Colaboração

  • Luiz Carlos Leme Franco, Médico, Fitoterapeuta, Professor (Curitiba, PR). Memória.
  • Rosa Lúcia Dutra Ramos, Bióloga (Porto Alegre, RS).
  • Tarsila Sangiorgi Rosenfeld, Comunicóloga (São Paulo, SP).

 Referências

  1. SANTOS, C. A. M.; TORRES, K. R.; LEONART, R. Plantas Medicinais - Herbarium, Flora et Scientia. Editora Ícone, São Paulo, 2a ed., 1988. (Coleção Brasil Agrícola)
  2. BALBACH, A. As Plantas que Curam. Editora Missionária, São Paulo, 2a ed., 1992.
  3. Plantas que Curam. Editora Três.
  4. LORENZI, H.; MATOS, F. J. A. Plantas Medicinais no Brasil - Nativas e Exóticas. Instituto Plantarum, Nova Odessa, 2.ed. 2008.
  5. CARIBÉ, J.; CAMPOS, J. E. Plantas que Ajudam o Homem - Guia Prático para a época atual. Pensamento-Cultrix, São Paulo, 1991.
  6. Caapeba (pariparoba) em outros websites - Acesso em 12 de julho de 2015
  7. The Plant List: Piper peltatum - Acesso em 12 de julho de 2015

​GOOGLE IMAGES de Piper peltatum - Acesso em 12 de julho de 2015