Araruta

Nome científico: 
Maranta arundinacea L.
Família: 
Marantaceae
Sinonímia científica: 
Maranta sylvatica Roscoe ex Sm.
Partes usadas: 
Rizoma.
Propriedade terapêutica: 
Demulcente, laxante.
Indicação terapêutica: 
Constipação, cólica, febre, dispepsia, doença celíaca, indigestão, intestino irritável, diarreia, ferida, infecção urinária, picada de inseto, veneno em ponta de flecha,

 Esta espécie é considerada planta alimentícia não convencional.

Nome em outros idiomas

  • Inglês: arrowroot, maranta, West Indian arrowroot, obedience plant, Bermuda arrowroot

Origem, distribuição

Planta indígena originária das regiões tropicais da América do Sul. Ocorre desde o Sudeste do Brasil até as Guianas.

Descrição [3,4,5]

A araruta é uma planta herbácea perene rizomatosa. Os rizomas são caules prostrados que crescem horizontalmente sob o solo e emitem raízes, folhas e ramos a partir de seus nós. São fusiformes (espessos no centro e finos nas estremidade), fibrosos e acumulam amido que formam as reservas para o desenvolvimento de uma nova planta. 

Cresce formando touceiras que podem chegar a 1,2 m de altura. As folhas são alternadas e têm a forma de lança. Apresentam pequenos pêlos na face inferior. As flores são pequenas, brancas e podem ser solitárias ou em conjunto de 3 ou 4 dispostas em panículas terminais. O fruto é muito pequeno e as sementes são avermelhadas.

Multiplica-se através dos rizomas que emitem abundante brotação.

A araruta já foi um dos ingredientes mais comuns na preparação caseira de biscoito, brevidade, mingau, bolo, creme e sopa. Com a farinha se faz farofa e pirão. 

 O termo original vem dos índios Aruaks que habitavam do Amazonas ao Caribe e a chamavam "aruaque aruá-aru", significando "refeição das refeições". Os portugueses passaram a chamar a planta de "araruta". Introduzida na Europa, teve o nome adaptado para o inglês como arrowroot, em alusão à forma dos rizomas ou ao uso que os indígenas davam ao polvilho como curativo de feridas e neutralizador do veneno de flechas inimigas. Algumas tribos indígenas brasileiras usavam o sumo da araruta contra picada de insetos e o polvilho contra diarreia.

Cultivada também como cobertura do solo e ornamental em jardins tropicais e planta de vaso em climas mais frios.

Uso popular e medicinal

Considerada alimento demulcente (que suaviza, abranda, agente mucoprotetor) e nutritivo, araruta tem sido tradicionalmente utilizada de forma semelhante ao slippery elm (Ulmus rubra, olmo-vermelho), um suplemento auxiliar do sistema digestivo indicado na constipação, diarreia e intestino irritável.

Facilmente digerido, é benéfico para os convalescentes e para quem tem digestão fraca, pois ajuda a aliviar a acidez, a indigestão e cólica. É ligeiramente laxante. Utilizam a infusão da raiz para tratar infecções urinárias. A raiz foi utilizada como antídoto para o veneno. A raiz em pó tem sido utilizada como pomada ou cataplasma, combinada com ervas antissépticas como a mirra (Commiphora spp.). A raiz em pó é transformada em cataplasma para tratar feridas de varíola. [1] 

O rizoma fornece uma farinha de alto valor nutritivo. Pode ser usado contra febres intermitentes e dispepsia. O suco serve contra mordida de cobra e picada de inseto. Planta usada como forragem e muito indicada para engorda de suinos [4].

Recomendada como parte de dieta para pessoas com doença celíaca, que apresentam intolerância ao glúten. [3] 

Um estudo apresentou as seguintes caracteristicas do amido de fécula de araruta: umidade 10%, cinzas 0,14%, proteína 0,27%, lipídeos < 0,1%, acidez 0,027%, pH 6,8%, amido 89,4% (sendo que 35,9% corresponde a amilose e 53,4% a amilopectina). Ttata-se de componente de qualidade e dentro das normas legislativas.

A fécula da araruta tem destaque no preparo de bolos, biscoitos e mingaus em substituição às farinhas de trigo, mandioca e milho devido a leveza do seu amido. No Brasil temos a fécula, que são obtidas de raízes e tubérculos como mandioca, batata, cará, araruta etc., e o amido, obtido das partes áreas de cereais como arroz, milho, sorgo, trigo e outros. [2]

 Culinária - Tentação da vovó Cecília [3]

Receita preparada com polvilho de araruta

Ingredientes: 1 kg de polvilho de araruta, 400 g de açúcar, 1 ou 2 ovos inteiros até ficar em ponto de enrolar, 1 coco (preferência ralado na hora), 100 g de manteiga ou margarina

Modo de fazer

  • Misturar todos os ingredientes
  • Amassar com as mãos até que a massa fique bem umedecida
  • Quando a massa se soltar das mãos, fazer pequenos rolos e cortar na forma de biscoito
  • Colocar em tabuleiros untados com manteiga e assar em forno brando. 

 Referências

  1. Tropical Plants Database, Ken Fern: Maranta arundinacea - Acesso em 1 de agosto de 2020
  2. 54o Congresso Brasileiro de Química (Natal RN, 2014): Análise físico-quimica da farinha de araruta variedade ovo de pata - Acesso em 1 de agosto de 2020
  3. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA Agrobiologia, 2005): Como plantar e usar a araruta - Acesso em 1 de agosto de 2020
  4. SOUZA, J. S. I; PEIXOTO A. M.; TOLEDO, F. F. Enciclopedia Agrícola Brasileira. Editora da USP (EDUSP), São Paulo. 1995.
  5. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA Comunicado Técnico, 2005): Araruta - resgate de um cultivo tradicional - Acesso em 1 de agosto de 2020
  6. Image: Wikimedia Commons (Author: Mokkie) - Acesso em 1 de agosto de 2020
  7. The Plant List: Maranta arundinacea - Acesso em 1 de agosto de 2020

GOOGLE IMAGES de Maranta arundinacea - Acesso em 1 de agosto de 2020