Origem
Nativa da Amazônia. A árvore, conhecida como amapazeiro, é encontrada nos estados do Pará, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Goiás (Brasil) e Guiana Francesa.
Descrição [4]
Várias espécies vegetais são vulgarmente conhecidas como "amapá". Chama a atenção o fato de pertencerem inclusive a diferentes famílias botânicas. São árvores altas (atingem de 35 a 40 m de altura) e semelhantes em seu aspecto, têm frutos grandes de casca grossa.
Delas são coletados o látex, dependendo da espécie tem sabor doce ou amargo, conhecido como "leite-do-amapá". A tabela abaixo mostra alguns detalhes.
Família | Espécie | Nome comum | Folhas | Sabor do látex |
Apocynaceae | Parahancornia amapa * | amapá-amargo | Pequenas, opostas | Forte, bem amargo, ingerido com mel |
Apocynaceae | Couma guianensis | amapa-amargo | Redondas | Amargo |
Moraceae | Brosimum rubescens | muirapiranga | Formas variáveis, alternadas | Não é utilizado |
Moraceae | Brosimum potabile | amapaí | Pequenas, finas, alternadas | Desagradável |
Moraceae | Brosimum parinarioides | amapá-doce | Grandes, grossas, alternadas | Gosto agradável (ingerido com leite de vaca) |
* Parahancornia amapa é um sinônimo de Parahancornia fasciculata
A coleta do "leite-de-amapá" é simples, basta um corte em diagonal na casca do caule com um machado e deixar cair o líquido em uma vasilha. Esse produto é utilizado pelas comunidades da região Norte como fonte alimentar e medicinal. Nas feiras e lojas de plantas medicinais de Belém (PA) são encontradas garrafadas, óleos e resinas nas cores vermelha, laranja, amarela e branca.
Uso popular e medicinal
Amapá é considerado um remédio poderoso, o "fortificante da Amazônia", usado por muitos e muitos anos pela população rural e urbana para o tratamento de problemas pulmonares, gastrite, fraqueza e cicatrização. Também é usado como tônico por pessoas que sentem fraqueza, especialmente mulheres após o parto. Estudos comprovaram a ação analgésica e anti-inflamatória das espécies P. fasciculata e B. parinarioides.
Espécies de Apocynaceae (amapa-amargo) normalmente apresentam muitos alcaloides, são substâncias químicas fortes usadas contra doenças. Análises nutricionais de B. parinarioides (amapa-doce) indicaram a presença de cálcio, ferro e magnésio [4].
Excertos da casca do caule de espécies de Brosimum são utilizados como estimulante do sistema nervoso e têm também demonstrado atividades antissifilíticas, anti-inflamatório e antirreumático. Várias classes de compostos químicos foram isolados a partir dessas espécies: flavanas, esteroides, cumarinas, terpenos, benzofenona, xantonas, taninos, saponinas, alcaloides e polifenóis. Três cumarinas (5-metoxipsoraleno, xantiletina e (-)-marmesina) foram isoladas no extrato etanólico do cerne de B. potabile e 14 outros compostos foram identificados por análise das frações hexânicas [2].
Novos constituintes identificados no extrato etanólico do caule de B. potabile são β-sitosterol (110 mg), estigmasterol (76 mg) e (-) - centrolobina (180 mg) a partir de 430 g de caule [1].
O látex de B. parinarioides, B. potabile e B. utile é popularmente utilizado para problemas respiratórios, como anti-inflamatório e antileishmaniose. Estudos da composição nutricional demonstraram presença de maior quantidade de minerais e proteínas no leite-de-amapá do que nos leites de soja e de vaca, razão pelo qual este pode ser utilizado em substituição ao leite de vaca, como já ocorre na Amazônia [3].
Dosagem indicada [4]
Tratamento das consequências da malária, contra vermes, infecções no útero, gastrite, anemia, problemas respiratórios, tuberculose e ultimamente câncer (amapa-amargo). Tomar uma colher (chá) de leite-de-amapá em jejum todas as manhãs durante 8 dias, parar por uma semana. Se necessário repetir a dose. Para crianças, usar 1/2 colher. O leite-de-amapá nunca é tomado puro, mas sempre misturado com água, leite, mingau ou café.
Restaurar a energia em casos de desnutrição de crianças (amapá-doce). Costuma-se tomar 1 colher (sopa) de amapá-doce 2 vezes ao dia.
Dedicado a Itacildo Pacheco (João Pessoa, PB) e Antonio dos Santos (Manaus, AM).
Referências
- Ciência Rural (2013): Pasteurização do leite-do-amapá in natura para controle do escurecimento enzimático - Acesso em 16 de agosto de 2015
- Acta Amazonica (2010): Chemical constituents from the stem of Brosimum potabile - Acesso em 16 de agosto de 2015
- Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química (2009): Composição inorgânica de leite-de-amapá (B. parinarioides, B. potabile e B. utile ovatifolium) - Acesso em 16 de agosto de 2015
- SHANLEY, P.; MEDINA, G. Frutíferas e Plantas Úteis na Vida Amazônica. CIFOR/Imazon, Belém (PA). 2005.
- Science Direct (2000): Constituents of Brosimum potabile - Acesso em 16 de agosto de 2015
- Medicinal Plantas of the Guianas (Guyana, Surinam, French Guiana) - Acesso em 16 de agosto de 2015
- Imagem: The Field Museam (© Robin Foster) - Acesso em 16 de agosto de 2015
- The Plant List: Brosimum potabile - Acesso em 16 de agosto de 2015
GOOGLE IMAGES de Brosimum potabile - Acesso em 16 de agosto de 2015