Acariçoba

Nome científico: 
Hydrocotyle umbellata L.
Família: 
Araliaceae
Sinonímia científica: 
Hydrocotyle polystachya A. Rich.
Partes usadas: 
Toda a planta. Formas farmacêuticas: emplasto ou infuso.
Constituintes (princípios ativos, nutrientes, etc.): 
Triterpenos, saponinas, flavonoides, compostos poliacetilenos, leucoceramidas.
Propriedade terapêutica: 
Anticatártico, anti-hidrópico, antirreumático, antissifilítico, aperiente, desobstruente do fígado e intestino, diurético, emético, purgante, tônico.
Indicação terapêutica: 
Síndrome de Down, infecção dos olhos, hipertensão arterial, tônico para o cérebro, coceiras, alergias de pele.

Origem, distribuição
Nativa na Argentina, Cuba, Índia e Brasil (Estados de Goiás, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul).

Descrição
Planta perene, herbácea, prostrada, acaule, rizomatosa, aquática, de solo pantanoso, arenoso ou restinga litorânea. Os rizomas são extensos e enterrados na areia, de contorno irregular. 

Folhas simples, coriáceas, peltadas, longo-pedunculadas, glabras em ambas as faces, com presença de cera epicuticular. Apresenta flores discretas de cor verde amarelada, dispostas em panículas de umbelas no ápice, de longa haste floral que as dispõe acima da folhagem.

Os frutos são pequeninos, com duas sementes dentro e formato de cápsula achatada. 

Espécie considerada daninha (invasora).

Uso popular e medicinal
Estudos etnobotânicos relatam que essa planta é usada como verdadeira panaceia, sendo empregada como diurético, anti-hipertensivo, para tratar úlceras na pele, eczema, dermatite, psoríase, erisipela, reumatismo, tuberculose e distúrbios do baço, do fígado e intestino. 

Na medicina popular brasileira a decocção das folhas (fresca ou seca) é usada em banhos e oralmente para o tratamento de processos inflamatórios, conforme a Pharmacopeia dos Estados Unidos do Brasil (Farmacopeia Brasileira, 1926).

Hydrocotyle umbellata e uma outra bastante conhecida, a Centella asiatica (sinonimia Hydrocotyle asiatica), têm grande interesse na Ayurveda (Sistema Indiano de Saúde) por causa de seu potencial ansiolítico, efeitos estimulantes na memória e uso na indústria cosmética [2].

Apresenta potencial medicinal na folha, no pecíolo e no rizoma, sendo que as folhas são também consideradas tóxicas.

Já foram extraídos flavonoides das partes aéreas, dentre eles quercetina.

A planta toda é empregada na medicina caseira. O suco das folhas e do pecíolo é usado na remoção de sardas e manchas na pele. O suco do rizoma é de uso interno e é tido como anticatártico, anti-hidrópico, antirreumático, antissifilítico, aperiente, desubstruente do fígado e intestino, diurético, emético e tônico.

A análise do óleo essencial desta planta revelou a presença de isotiocianatos como um dos componentes principais. Suas folhas e raízes possuem metabólitos secundários que possibilitam aplicação na indústria química e farmacêutica. 

Constituintes químicos presentes nas folhas e raizes: triterpenos, saponinas, flavonoides, compostos poliacetilenos e leucoceramidas. Folhas e rizomas apresentam os mesmos constituintes, com diferenças apenas na intensidade entre os picos, o que denota diferença quantitativa entre as substâncias presentes. O rendimento do extrato dos rizomas é menor que o rendimento das folhas [4].

Indicada para infecção dos olhos, cujas folhas e hastes devem ser maceradas em água para banhar. Ligeiramente tóxica, seu uso não deve ser abusivo. Recomenda-se 5 folhas com as respectivas hastes para 1 chávena de chá. Médicos indianos recomendam-na principalmente como tônico para o cérebro, tendo-se conseguido melhoras até com crianças retardadas. É ainda diurético e calmante. É indicado para doenças da pele como coceiras e alergias, neste caso esfregando as folhas (sempre com as hastes), banhando com a planta em infusão ou macerada em água e tomando o chá. Resolve também problemas de hipertensão arterial.

Usam-se as folhas frescas, secas e feitas em pó. Para  a planta fresca, usam-se 1 chávena (xícara de chá) de leite ou água e 5 folhas com hastes batidas ou fervidas. Adicionar 1 pitada de açafrão e 1 colherinha de mel de abelhas. Se preferir pode extrair o suco. Para o pó, 1 colherinha (chá) em meio copo de água ou leite, adicionando 1 colherinha de açafrão ou mel [3].

Um trabalho científico avaliou as atividades antinociceptivas e anti-inflamatórias do extrato etanólico das partes subterrâneas de acariçoba (EEA). EEA reduziu a resposta nociceptiva em animais conforme avaliação em teste de contorção abdominal com ácido acético e em ambas as fases do teste da formalina (injeção de formalina). EEA apresentou uma atividade analgésica supraspinal aumentando a latência da dor no teste de "placa quente" (teste que avalia o tempo em que os animais permanecem sobre uma chapa metálica aquecida até reagirem ao estímulo térmico levantando ou lambendo as patas). E também reduziu a migração de leucócitos e extravasamento de plasma para a cavidade pleural na pleurística induzida por carragenina, além de reduzir o edema induzido por carragenina até a segunda hora e o edema induzido pelo dextrano. 

Os resultados mostraram que EEA apresenta atividade analgésica e anti-inflamatória em diferentes modelos experimentais, sugerindo uma migração e ação antiedematosa que pode ser devido ao bloqueio ou inibição na liberação de histamina ou serotonina [2].

Uma obra relata as características de Hydrocotyle bonariensis (sinonímia Hydrocotyle umbellata var. bonariensis). Os rizomas são usados como diurético, vomitivo e antirreumático. Na Ayurveda é recomendada para crianças portadoras de Síndrome de Down por aumentar a capacidade de aprendizado em 25%. Emplastos são usados como cicatrizante e na medicina popular como purgante e diurético. Análise do óleo essencial desta planta revelou a presença de isotiocianatos. Contém velariana, uma substância amarga, a qual é atribuída a sua atividade [1].

 Dedicado a Andrea Cozzolino (Ilha Comprida, SP), 2018.

 Referências

  1. GRANDI, T. S. M. Tratado das Plantas Medicinais - Mineiras, Nativas e Cultivadas. Adaequatio Estúdio, Belo Horizonte. 2014.
  2. Annals of the Brazilian Academy of Sciences (2012): Evaluation of analgesic and anti-inflammatory activities of Hydrocotyle umbellata in mice - Acesso em 7 de janeiro de 2018
  3. ORTENCIO, W. B. Medicina Popular do Centro-Oeste. Thesaurus Editora de Brasilia (DF), 2a ed. 2012.
  4. Revista Brasileira de Farmacognosia (2008): Caracterização anatômica e química da folha e do sistema radicular de Hydrocotyle umbellata
  5. Go Botany: Hydrocotyle umbellata - Acesso em 7 de janeiro de 2018
  6. Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF, Núcleo de Estudos e Pesquisas de Plantas Medicinais): Atividade antinociceptiva - Acesso em 7 de janeiro de 2018
  7. Imagem: Cortesia de © Eduardo Seabra/Instituto Verdessência
  8. The Plant List: Hydrocotyle umbellata - Acesso em 7 de janeiro de 2018

GOOGLE IMAGES de Hydrocotyle umbellata - Acesso em 7 de janeiro de 2018