Quitoco

Nome científico: 
Pluchea sagittalis Less.
Família: 
Compositae
Sinonímia científica: 
Não há segundo o sistema de classificação APG III (Grupo de Filogenia das Angiospermas).
Partes usadas: 
Partes aéreas, inflorescência.
Constituintes (princípios ativos, nutrientes, etc.): 
1,8-cineol-eucalipitol, copaeno, β-cariofileno, β-sileno-nafitaleno, nafitalenol, fitol.
Propriedade terapêutica: 
Anti-inflamatória, analgésica, carminativa, estomática, antioxidante, antitumoral, calmante, antimicrobiano.
Indicação terapêutica: 
Dor estomacal, náusea, vômito, distúrbios digestivos e hepáticos, estimulante intestinal no controle de edema e cólica, flatulência, dispepsia nervosa, inflamação uterina.

Nome em outros idiomas

  • Espanhol: yerba del lucero, cuatrocantos

Origem, distribuição

América do Sul, especialmente no Sul do Brasil, Bolívia, Paraguai, Argentina e Uruguai.

Descrição [3,4]

Espécie herbácea, mede de 1 a 2 m de altura, caule ereto, apresentando quatro aletas ou asas (quadrialados).

Folhas lanceoladas, ligeiramente dentadas, alternas e decorrentes (pedúnculo preso ao longo da haste em quase todo o seu comprimento).

Capítulos florais hemisféricos (como cilindros achatados) de 1 cm de diâmetro, cor variando do lilás ao branco-rosado, suaves ao tato, se agrupam em inflorescências corimbosas e aparecem durante o verão.

A espécie apresenta potencial fitorremediador.

Uso popular e medicinal

Uma dissertação de mestrado analisou os efeitos do extrato aquoso de P. sagittalis no sistema nervoso central (SNC) e toxicidade aguda em camundongos. Segundo a autora, os testes de contorção abdominal, Tail-Flick e tempo de sono induzido por barbitúrico confirmaram o efeito depressor dessa planta sobre o SNC identificado inicialmente pela triagem farmacológica e a medicina tradicional [1].

Em seu trabalho esta autora apresenta ampla revisão de literatura, destacando o uso popular e comprovação científica dos benefícios deste vegetal. 

As folhas e caules são utilizadas na forma de chá para dores estomacais, náuseas, vômitos, distúrbios digestivos e hepáticos, como estimulante intestinal no controle de edemas e cólicas intestinais. A mistura das folhas dessa planta com as flores de Rosa banksiae (rosa-trepadeira) resulta em uma solução de efeito laxativo e antiulcerativo. Quando misturada a folhas de Malva parviflora (malva-selvagem, malva-maior) e galhos de Anethum graveolens (endro, aneto) relata-se o efeito antirreumático.

Utilizada popularmente na forma de chá das folhas e talos como alternativa terapêutica para distúrbio digestivo, enfermidade estomacal e hepática, flatulência, dispepsia nervosa, inflamação uterina, renal e de bexiga, reumatismo e tratamento de distúrbio nervoso característicos da histeria.

Demonstrou-se que o extrato aquoso de P. sagittalis possui efeitos anti-inflamatório, cicatrizante e antidiarreico.

Demonstrou-se que o extrato aquoso possui acentuado efeito anti-inflamatório em diferentes formas de teste de edema de pata induzido por dextran e carragenana. 

Estudos realizados com o extrato aquoso demonstraram a atividade citotóxica em teste in vitro com linhagens de células de tumor sólido humano de adenocarcinoma de cólon HT29 e células de câncer de pulmão NCL-H460, acredita-se pela presença de princípios ativos com capacidade de inibição da proliferação das células tumorais testadas.

A aplicação do extrato etanólico de P. sagittalis em animais infectados com Listeria (bactéria causadora da listeriose, doença que afeta principalmente crianças, grávidas e idosos) demonstrou a atividade sobre o sistema hematopoiético. O extrato etanólico foi considerado um estimulador da produção de granulócitos e macrófagos.

Os componentes químicos encontrados no óleo essencial extraído das folhas e caule são 1,8-cineol-eucalipitol, copaeno, β-cariofileno, β-sileno-nafitaleno, nafitalenol, fitol.

Observou-se que a P. sagittalis é das mais ativas na inibição do crescimento de leveduras em culturas in vitro.

O extrato etanólico das partes aéreas apresentou efeitos anti-inflamatório e antinociceptivo frente a diferentes agentes químicos ou térmicos quando administrado pela via oral, confirmando a utilização empírica da população no tratamento da dor.

Um trabalho da EMBRAPA Clima Temperado destaca P. sagittalis como importante espécie devido aos seus efeitos antimicrobianos. Nesta instituição foram avaliados extratos elaborados em diferentes anos frente a 10 microrganismos causadores da mastite bovina

O extrato de P. sagittalis manteve a estabilidade de seus compostos por pelo menos um ano de armazenamento e apresentaram a mesma ação farmacológica e ação bactericida sobre S. aureus, S. intermedius, S. hyicus, S. dysgalactiae, S. uberis e S. agalactiae nas condições de teste apontadas [2].
 

 Dedicado a Gislaine Cipriano (Piracicaba, SP)

 Referências

  1. Universidade Federal de Sergipe(2007): Toxicidade aguda e efeitos analgésicos e depressor do extrato aquoso obtido das folhas de Pluchea sagittalis - Acesso em 20 de fevereiro de 2022
  2. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA, Clima Temperado 2019): Estabilidade da atividade antibacteriana do extrato de Pluchea sagittalis frente a microrganismos causadores da mastite bovina - Acesso em 20 de fevereiro de 2022
  3. Universidade Federal de Santa Catarina (Horto Didático de Plantas Medicinais do HU, 2020): Quitoco - Acesso em 20 de fevereiro de 2022
  4. Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Flora Campestre): Pluchea sagittalis - Acesso em 20 de fevereiro de 2022
  5. Image: Licensed under the Creative Commons Attribution 3.0 Unported (Author: Gabriela F. Ruellan) - Acesso em 20 de fevereiro de 2022
  6. The Plant List: Pluchea sagittalis - Acesso em 20 de fevereiro de 2022

GOOGLE IMAGES de Pluchea sagittalis - Acesso em 20 de fevereiro de 2022