Plantas fazem milagre?

Já ouvimos falar em milagres. Já ouvimos falar em plantas que fazem milagres. Existem muitos relatos de curas milagrosas e persiste um ar de mistério quando tratamos desse assunto, principalmente em virtude das suas relações com a mitologia. É muito cultuada a célebre frase atribuida a von Martius "As plantas medicinais brasileiras não curam apenas, fazem milagres".

Não gostaria de polemizar sobre esse assunto, mas colocar a minha visão. Com todo o respeito, eu não acredito que plantas fazem milagres, acredito sim que elas "fazem a sua parte", ou seja, as plantas curam. E também têm poder preventivo. Mas para que as plantas desempenhem seu papel, há um conjunto de pontos a serem considerados. 

Em primeiro lugar precisa-se determinar qual é o mal ou doença que acomete o indivíduo. Esta é a missão do profissional especializado e competente, capaz de realizar o diagnóstico médico. A partir daí, entra em cena o tratamento com plantas medicinais. Se vai resolver ou não, é outra questão.

Um segundo ponto: o indivíduo precisa ter hábitos de vida saudáveis e aqui mora um problema, pois muitas das doenças são devidas a, por exemplo, hábitos inadequados de alimentação. Existem plantas recomendadas para emagrecimento, mas se o candidato a perder peso se limitar a usá-las e não seguir uma rotina de exercícios físicos (dentre outras indicações), certamente terá pouco sucesso na empreitada. O "x" do problema é que na maioria dos casos, a pessoa terá que mudar de hábitos.

Um terceito ponto é que a recomendação da planta seja feita por um profissional capaz de aplicar os conceitos básicos da fitoterapia, dentre os quais a identificação correta da espécie (ou espécies) a ser usada no tratamento, a forma de uso, etc. Se a opção for usar um produto manipulado ou industrial, veja se o mesmo está sob a garantia de um laboratório ou profissional farmacêutico. Se a opção for pela automedicação, cuidado, seja responsável, tenha precaução e informe-se sobre as propriedades das plantas, a sua procedência, tente obter uma boa receita e procure saber sobre possíveis efeitos colaterais, interações medicamentosas. Mais ainda, evite o uso abusivo.

Quarto e último ponto a considerar: evite o uso prolongado de plantas medicinais e tenha cuidado especial com crianças e grávidas. Várias plantas são contraindicadas para esses grupos.

Plantas curam mas também podem provocar efeitos adversos. Então, cautela! Como no dito popular "canja de galinha e cautela nunca fizeram mal a ninguém".

Há um documento da ANVISA (veja Referências) alertando que plantas medicinais podem desencadear reações adversas pelos seus próprios constituintes. Segue aqui um trecho:

"Houve uma notificação de uso abusivo, após o tratamento prolongado com um medicamento fitoterápico com alto teor de etanol. Outra notificação relatou queimação na pele imediatamente após o uso tópico e dor no fígado após uma semana de administração oral de um produto sem registro, com alto teor de etanol. Por ser um ótimo solvente, o etanol é muito usado para obtenção de derivados de plantas medicinais e para manter os ingredientes ativos dissolvidos em meio líquido. Esses produtos não devem ser usados por período prolongado e deve-se ter cautela ao usá-los em crianças, gestantes, lactantes, pacientes com distúrbios hepáticos, entre outros. A bula de medicamentos fitoterápicos e dinamizados deve incluir uma frase de advertência, com informação sobre o teor de álcool do medicamento."

É isso. Espero que esse post tenha esclarecido meu ponto de vista!

 

 Referências