Plantas ornamentais são ameaças para os animais domésticos

Pesquisa conduzida por alunos da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP identifica plantas ornamentais caseiras que, se ingeridas, podem até causar a morte de cães e gatos. O levantamento foi realizado com médicos veterinários de clínicas na cidade de São Paulo e publicado no Jornal da USP (edição 28 de março a 3 de abril de 2016).

Muitas plantas ornamentais apresentam mecanismos de toxicidade, mas o trabalho focalizou as mais comuns. Elas têm folhagem bonita, são rústicas e algumas são cultivadas como medicinais, casos da avenca, maconha e violeta. Veja na tabela abaixo a relação das plantas, o nome científico e os sintomas de toxicidade em animais domésticos. 

Nome comum Nome científico Sintoma de toxicidade
Antúrio Anthurium spp Todas as partes da planta possuem oxalato de cálcio, princípio ativo que oferece riscos à saúde Os principais sintomas são queimação de mucosas, inchaço da boca, lábios e garganta, edema de glote, asfixia, náuseas, salivação, vômitos, diarreia. 
Avenca Adiantum capillus-veneris A ingestão de seus brotos pode causar câncer. 
Azaléia Azalea sp O princípio ativo é a andromedotixina, pode causar distúrbios digestivos até 6h após a ingestão e alterações do débito cardíaco, diminuindo a condutividade elétrica.
Bico-de-papagaio Euphorbia pulcherrima Possui um látex irritante, de aspecto leitoso, contendo substâncias que causam lesões cutâneas e conjuntivite. A ingestão causa náuseas, vômitos e gastroenterite.
Comigo-ninguém-pode Dieffenbachia sp Além da beleza de suas folhas, existe a crença popular de que protege o lar. Sua toxicidade é múltipla e inclui substâncias que irritam as mucosas. A intoxicação pode ocorrer por ingestão de qualquer parte da planta e por contato ocular e dermal. Os sintomas variam desde edema e irritação da mucosa até asfixia e morte, sempre causando dor intensa.
Copo-de-leite Zantedeschia aethiopica O mecanismo de toxicidade dessa planta é semelhante à comigo-ninguém-pode, causando irritação das mucosas, dor severa e edema de glote.
Coroa-de-cristo  Euphorbia milii Contém um látex irritante. Causa reação inflamatória, inchaço, dor, vermelhidão e inchaço tecidual. 
Espada-de-são-jorge Sansevieria trifasciata Planta ornamental muito comum, pois há a crença de que traz prosperidade. Contém substâncias que causam dificuldade de movimentação e de respiração, devido à irritação da mucosa e salivação intensa. 
Espirradeira Nerium oleander Em todas as partes da planta há substâncias que causam arritmias, diarreia, ataxia, dispneia, paralisia, coma e morte, sintomas que podem ser observados de 1 a 24h após sua ingestão.
Fumo-bravo Solanum mauritianum O principal composto tóxico, solasodina, está presente em toda a planta, com maior concentração nos frutos. Pode causar diarreia, duodenite erosiva, elevação das enzimas hepáticas, gastrite, náuseas, sintomas neurológicos e vômitos. 
Lírio Lilium sp Todas as partes dessa planta são tóxicas. Os sinais são irritação oral, prurido, irritação ocular, dificuldade de deglutição e até de respiração, em casos mais graves. Pode ocorrer alteração da função renal e alterações neurológicas.
Lírio-da-paz Spathiphyllum wallisii Todas as partes dessa planta são tóxicas. Os sinais são os mesmos do lírio. 
Maconha Cannabis sativa O principio ativo tóxico na maconha é o tetrahydrocannabinol (THC), que age no sistema nervoso central. Os sintomas são depressão, desorientação, ataxia e coma. Normalmente desenvolvem-se de 1 a 3h após a ingestão. Também pode ocorrer midríase, que pode resultar em fotofobia. 
Mamona  Ricinus communis Os sintomas acontecem no sistema nervoso e podem ser observados após aproximadamente 24h da ingestão. O animal pode apresentar diarreia, sensibilidade abdominal, cólicas, hipertermia e desidratação, entre outros sintomas. Geralmente a intoxicação em animais ocorre por ingestão de óleo de rícino, torta de mamona ou resíduos da planta utilizados como adubo.
Tomate-verde Solanum lycopersicum O alcaloide tomatina, altamente concentrado nas folhas e frutos verdes, transforma-se em compostos inertes nos frutos maduros. Pode causar arritmias cardíacas, dificuldade de respiração, salivação abundante e diarreia.
Violeta Viola odorata Apresenta toxicidade nos rizomas (caules) e sementes. Os sintomas observados na ingestão de altas doses são gastrites severas e depressão circulatória e respiratória, além de diarreias.
  1. Fonte: Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP
  2. Matéria publicada no Jornal da USP (edição 28 de março a 3 de abril de 2016)