Ora-pro-nobis

Nome científico: 
Pereskia grandifolia Haw.
Família: 
Cactaceae
Sinonímia científica: 
Rhodocactus tampicanus (F.A.C. Weber) Backeb.
Partes usadas: 
Folha, flor.
Constituintes (princípios ativos, nutrientes, etc.): 
Mucilagem, alcaloides, tiramina, saponinas, compostos fenólicos, ß-sitosterol, 2,4-di-tert-butilfenol, a-tocoferol.
Propriedade terapêutica: 
Antioxidante, emoliente.
Indicação terapêutica: 
Câncer, hipertensão arterial, diabetes, doenças associadas ao reumatismo, inflamação, alívio de dores de estômago, úlceras, revitalização do corpo.

 Esta espécie é considerada planta alimentícia não convencional.

Origem, distribuição
Nativa no Nordeste, Sudeste e Sul do Brasil exceto Rio Grande do Sul, onde é apenas cultivada. Ocorre na floresta Atlântica e Mesófila (ou floresta estacional semidecídua, área de transição entre as florestas sempre-verdes do litoral e o cerrado).

Descrição
P. grandifolia é um arbusto ou árvore, pode atingir de 2 a 5 m de altura. Possui folhas simples, inteiras, ovaladas, glabras e levemente carnosas, com dois espinhos junto ao caule. As flores estão dispostas em cimeiras terminais com coloração rosa. Os frutos são do tipo bagas piriformes (em forma de pêra), achatados ou angulosos, que ficam verde amarelados quando maduros, liso (sem espinhos), com sementes pretas.

Nota: não confundir esta espécie com outra também conhecida por "ora-pro-nobis", cujas flores são brancas: Pereskia aculeata.  

Uso popular e medicinal
Dados etnobotânicos revelam que as folhas de P. grandifolia e P. aculeata, ambas conhecidas como "ora-pro-nobis", são empregadas topicamente como emoliente na medicina popular em razão do seu conteúdo mucilaginoso. Indústrias alimentícias a inclui em complementos alimentares, devido ao alto teor de arabinogalactana [4].

Folhas de P. grandifolia são tradicionalmente usadas para o tratamento de câncer, hipertensão arterial, diabetes, doenças associadas ao reumatismo, inflamação, como remédio para o alívio de dores de estômago, úlceras e revitalização do corpo. 

A composição química e a ação no organismo de P. grandifolia têm sido alvo de estudos de vários pesquisadores. Três alcaloides, tiramina, saponinas, compostos fenólicos, ß-sitosterol são reportados nesta planta. Foram isolados e identificados o 2,4-di-tert-butilfenol, a-tocoferol e ß-sitosterol do extrato de acetato de etila de P. grandifolia, compostos relacionados a atividades antioxidantes. 

Extratos metanólicos e hexânicos de P. grandifolia também são citados com atividade antioxidante e com efeito citotóxico em linhagens celular KB, MCF-7 (células de câncer da mama humana ER-a positivas) e HeLa (veja quadro). Diferentes extratos de P. grandifolia são reportados com atividade antimicrobiana.

HeLa é homenagem a Henrietta Lacks, mulher negra que viveu entre os anos 1920 e 1950 nos EUA. Dela foram extraídas células cancerosas que originaram a primeira linhagem imortal de células humanas [3].

 

 

 

 

​Do ponto de vista nutricional esta espécie desperta interesse da indústria alimentícia, sobretudo pelo alto teor de proteínas e mucilagens. Na composição química são encontrandos: umidade (10%), proteína (32%), lipídios (12,57%), cinzas (12,57%), fibra alimentar total (18,82%), fibra solúvel (2,2%), fibra insolúvel (16,6%), carboidratos (29,8%) [2].

 Culinária [1]
Patê verde. Selecione e lave 350 g de folhas, branqueie e pique. Em 2 colheres (sopa) de azeite refogue sal, alho, orégano, pimenta e demais temperos a gosto com cerca de 400 g de ricota. Adicione as folhas, mexa e deixe murchar bem. Triture colocando água fervente apenas para o liquidificador funcionar. Consuma quente ou frio. Guardado em geladeira tem grande durabilidade. 

Flores salteadas. Colha as flores jovens bem abertas ou os botões bem desenvolvidos, lave, retire apenas as pétalas (descarte a base para não ficar "babento") e salteie na manteiga ou azeite com alho, sal, manjericão e demais temperos a gosto. As flores salteadas podem ser consumidas como verdura ou agregadas a outros pratos (massa, arroz ou carne). 

Bolinho. Pode os ramos terminais, com uma tesoura corte 400 g de folhas. Ferva, escorra as folhas e corte-as em tirinhas finas. Em uma bacia misture bem 4 ovos, 1 colher (chá) de sal, tempero a gosto, 12 colheres (sopa) de farinha de trigo com fermento. Adicione as folhas picadas. Frite em óleo quente, seque e sirva quente.

 Referências

  1. KINUPP, V. F; LORENZI, H. Plantas alimentícias não convencionias no Brasil. Instituto Plantarum de Estudos da Flora, Nova Odessa (SP), 2014.
  2. Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2014): Aspectos fitotécnicos, bromatológicos e componentes bioativos de Pereskia aculeata, Pereskia grandifolia e Anredera cordifolia - Acesso em 9 de abril de 2017​
  3. Ciência e Cultura (2010). Vida, morte e imortalidade: desvendando a história das células HeLa - Acesso em 9 de abril de 2017
  4. Acta Farm. Bonaerense (2004): Análise morfoanatômica de folhas de Pereskia grandifolia - Acesso em 9 de abril de 2017
  5. Imagem: © Sigrist, S. R. 2017
  6. The Plant List: Pereskia grandifolia - Acesso em 9 de abril de 2017

GOOGLE IMAGES de Pereskia grandifolia - Acesso em 9 de abril de 2017