Algodão, algodoeiro

Nome científico: 
Gossypium spp.
Família: 
Malvaceae
Partes usadas: 
Casca, raiz, folha, semente.
Constituintes (princípios ativos, nutrientes, etc.): 
Gossipol, furfural, acetovanilona, betaína, fitosterol, serotonina, oleína, ácidos (palmítico, esteárico, araquídico, pectínico).
Propriedade terapêutica: 
Cicatrizante, emenagoga, purgativo, vermífugo, emoliente, abortiva.
Indicação terapêutica: 
Disenterias, hemorragia uterina, falta de memória, distúrbios da menopausa, impotência sexual, micose, frieira, impingem, lombriga, piolho, edema linfático.

Nome em outros idiomas

  • Inglês: cotton, tree cotton
  • Francês: coton, cotonnier, coton arborescent, cotonnier rouge
  • Espanhol: algodonero, algodón

Origem, distribuição [2,4]
A origem é incerta. G. arboreum foi cultivado na Ásia durante vários séculos. Existem muitas espécies de Gossypium, porém apenas 4 são cultivadas: G. arboreum, G. barbadense, G. herbaceum e G. hirsutum, sendo que esta última responde por quase 90% da produção mundial. Existe uma espécie nativa de algodoeiro no Brasil denominada G. mustelinum.

Aqui vamos informar sobre três espécies: 

  • G. arboreum L., sinônimo G. arboreum var. obtusifolium (Roxb. ex G.Don) Roberty
  • G. herbaceum L., sinônimo G. chinense Fisch. & Otto ex Steud.
  • G. hirsutum L. sinônimo G. purpurascens var. punctatum (Schumach. & Thonn.) J.R.Harlan
Curiosidade
A palavra algodão (português) e algodón (espanhol) vem do árabe “al coton”, que na Antiguidade disseminaram os manufaturados de algodão e a arte da fabricação dos tecidos.

Descrição [1]
G. hirsutum é um arbusto ramificado, perene, atinge até 2 m de altura. Folhas são desenvolvidas, de nervação palmadas, sustentadas por um pecíolo regular longo. As flores são isoladas e axilares, sustentadas por um pedúnculo. As pétalas são amarelas com uma mancha purpúrea na base. Fruto cápsula ovoide, aguda de 5 a 6 cm de comprimento, com 3 cavidades contendo poucas e grandes sementes recobertas de longos pelos brancos (arilo).

Uso popular e medicinal
O chá das folhas de G. hirsutum [1] é popularmente utilizado no tratamento de disenterias e hemorragias uterinas (5 g em ½ xícara de água, beber 1 xícara ao dia). O cataplasma das folhas serve como cicatrizante. O chá da raiz faz-se com 2 pedaços médios em 1/2 litro d'água para os casos de falta de memória, emenagogo, distúrbios da menopausa e impotência sexual. O chá das flores e dos frutos verdes, friccionados localmente, é indicado em micoses, frieiras e impinges. 

Também usado na culinária, o óleo da semente é empregado como purgativo e vermífugo para lombrigas e localmente como emoliente, para combater piolhos da cabeça e do corpo.

Conforme trabalhos produzidos na China, o constituinte mais importante do algodoeiro - o gossipol - possui atividade antifertilidade masculina, reduzindo a espermatogênese. Já o b-sitosterol exibe atividade estrogênica fraca, reduz os níveis séricos de colesterol e reduz o tamanho da próstata em hiperplasia prostática benigna. E o ácido cítrico possui atividade anticoagulante discreta. As folhas em decocção ou vinho são utilizadas para combater inflamação uterina. 

O gossipol e seus derivados estão presentes nas sementes e em menor quantidade na casca da raiz, folhas e flores. Os botões florais possuem óleo essencial contendo compostos carbonílicos, hidrocarbonetos, álcoois e indol. Na casca da raiz encontram-se resinas, esteróis, triterpenoides, açúcares, ácidos graxos e aminoácidos.

G. arboreum [4] é amplamente utilizado na medicina tradicional africana. A raiz é considerada emenagoga (facilita o fluxo menstrual) e provoca contrações uterinas. Em Gana e Nigéria o extrato da raiz ou da casca da raiz é tomado como abortivo. Por outro lado, na Costa do Marfim a decocção de raiz com sal obtido das cinzas de ráquis de óleo de palma é ingerida para evitar aborto. Na Etiópia a infusão da casca da raiz em pó serve como bebida para o tratamento de edemas linfáticos.

Em Madagascar a decocção da raiz é tomada contra hemorragia. Na Costa do Marfim bebe-se um preparado de folhas jovens com suco de limão contra a constipação. Em Gana usam a infusão fria da folha com suco de limão para tratamento de disenteria. Em Gana a folha macerada serve contra vômitos, enquanto que a folha fresca é utilizada no tratamento de úlceras. 

Em Gana folhas e sementes esmagadas são aplicadas a feridas e transformadas em emplastro para o tratamento de contusões e inchaços. Em Camarões uma decocção da folha é ingerida para o tratamento da febre tifóide. Na Nigéria a flor serve para aliviar a disenteria. Em Gana aplicam um colar de sementes moídas contra dor de cabeça. Nas Ilhas Maurício (República de Maurício) a casca e as sementes foram usadas contra tumores.

Da espécie G. herbaceum [5] coletam-se os filamentos que envolvem as sementes, vulgarmente conhecido como "algodão". Esses filamentos são compostos quase exclusivamente por celulose (cerca de 95%) com uma pequena camada de gorduras e ceras junto com ácidos graxos (palmítico, esteárico e pectínico). Nas sementes encontram-se grande quantidade de óleo e outros compostos de menor interesse.

As fibras do algodoeiro adequadamente preparadas, limpas e desengorduradas têm a virtude de absorver rapidamente grande quantidade de água. Por isso é chamado de algodão hidrófilo, amplamente usado como material de cura e cirurgia em hospitais. É aplicado topicamente sobre feridas, puro ou embebido em uma substância antisséptica.

Das sementes do algodoeiro prepara-se um extrato que aumenta a produção de leite das vacas, se entregue diariamente. Com este mesmo fim, é dado a mulheres que amamentam, em quantidades menores. 

Outro componente do óleo de algodão, diástase proteolítica, é usado como um poderoso anti-helmíntico desde que seja acompanhado de orientação específica.

 Dosagem indicada [3]

O óleo das sementes, além de alimentício, é galactagogo (aumenta a secreção de leite). As cascas e as raizes são empregadas em forma de cozimento, tintura ou extrato fluido. O chá da casca, das raizes e das folhas, em dose normal, é diurético, antiasmático, antidisentérico e hemostático uterino. Serve também para infecções renais, cravos, espinhas, herpes e bouba (doença infecciosa que atinge a pele). Aumenta a secreção glandular mamária e tem ação marcante nas inflamações e hemorragias pós-parto. O sumo das folhas é vulnerário e alivia as queimaduras. É empregado também nas desordens menstruais, dores do útero e do ovário, na retenção da placenta e para provocar contrações uterinas.

Uso geral. Chá da casca, das folhas ou das raizes em dose normal (20 g do material verde ou 10 g do material seco para cada litro de água). Adultos tomam de 4 a 5 xícaras por dia. Adolescentes entre 10 a 15 tomam 3 a 4 xícaras ao dia.

Fraqueza pulmonar. Tomar um punhado de folhas do algodoeiro, esmagar e retirar o suco. Tomar uma colher do suco em ½ copo de leite, todos os dias em jejum. 

Interações medicamentosas e associações [1]
Altera o metabolismo de diversas drogas por diminuir os níveis enzimáticos. O gossipol pode ter ação sinergética quando combinado com agentes alcalinizantes. Aumenta a perda de potássio. Diminui a quantidade de hormônio tiroidiano no sangue. 

 Contraindicação [1]
Contraindicado na gravidez, pois atua produzindo contração do útero semelhante á induzida pela ergotamina; e para homens em idade fértil por possuir atividade antifertilizante masculina. Mulheres que desejam engravidar devem evitar a carapsina (um dos princípios ativos do algodoeiro), pois pode impedir a nidação do ovo no endométrio. 

Também no trato geniturinário quando existe inflamação, pois tem efeito diurético estimulante, e na hipocalemia (baixa quantidade de potássio na corrente sanguínea).

Efeito colateral: produz descoloração capilar. 

 Toxicidade [1]
O gossipol e seus derivados são substâncias tóxicas para animais não ruminantes. Em alguns casos, o chá das folhas do algodão pode aumentar o fluxo menstrual. Caso esse efeito seja intenso ou o medicamento esteja sendo empregado para o tratamento de hipermenorreia, seu uso deve ser interrompido. O uso prolongado pode causar esterilidade masculina.

 Referências

  1. GRANDI, T. S. M. Tratado das Plantas Medicinais - Mineiras, Nativas e Cultivadas. Adaequatio Estúdio, Belo Horizonte. 2014 (G. hirsutum)
  2. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA Algodão, 2004): Algodão - Acesso em 24 de janeiro de 2016
  3. VIEIRA, L. S. Fitoterapia da Amazônia - Manual das Plantas Medicinais. Editora Agronômica Ceres, São Paulo (SP). 1992.(G. arboreum)
  4. Plant Resources of Tropical Africa (PROTA4U): Gossypium arboreum - Acesso em 24 de janeiro de 2016
  5. Enciclopedia de Plantas Medicinales: Algodonero (Gossypium herbaceum) 
  6. Imagem: Wikimedia Commons  - G. arboreum (Author: Krzysztof Ziarnek, Kenraiz) - Acesso em 24 de janeiro de 2016
  7. The Plant List: G. arboreum; G. herbaceum; G. hirsutum - Acesso em 24 de janeiro de 2016

GOOGLE IMAGES de G. arboreum, G.herbaceum; G. hirsutum - Acesso em 24 de janeiro de 2016